𝐂𝐡. 𝟔𝟏

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  ph

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  ph.thar.tic {adj.}: mortal; destrutivo.



— Rayna —

Não consegui dormir. Nem mesmo depois de dois guardas entrarem no quarto e arrastarem o corpo de Kolly para fora do quarto. Nem mesmo depois de duas criadas entrarem e limparem o piso de mármore até não restar nem um resquício do que havia acontecido naquela noite. 

  E mesmo que em algum mundo muito estranho eu conseguisse descansar depois do que aconteceu esta noite, eu não iria querer. Estava com medo que depois que eu acordasse, eu descobrisse que a sensação do laço, a sensação de Azriel, fosse uma invenção da minha imaginação criada pelo trauma. 

  Fiquei com os olhos grudados na sacada, esperando que ele fosse magicamente aparecer lá. 

  Sentei na cama, encostando minhas costas nos travesseiros empilhados. Com a mão por cima da onde os frascos descansavam em meu bolso. Em algum momento da noite, meus olhos pesaram e começaram a fechar e todos os meus pensamentos ficaram lentos e turvos. Não sei em que momento me deixei levar pelo sono ou se realmente dormir, mas abri meus olhos quando senti minha pele ficar morna. 

  Eu reconhecia aquela sensação como a palma da minha mão. Talvez até mais. Coloquei a mão no peito quando me sentei, nem havia percebido que havia deitado, preparando o meu coração para a decepção. 

  A luz do quarto ainda estava acesa então não havia nenhuma dúvida do que meus olhos estavam vendo. E mesmo assim achei que minha mente estava me traindo, porque não podia ser real. 

  Não podia ser minimamente real que a Mãe me abençoasse depois de eu ter deixado Kolly morrer. 

  Ainda não acreditei quando ele desencostou do parapeito da sacada, curvando suas asas e pulou para dentro do quarto, avançando até a cama. Azriel segurou meu rosto entre suas mãos. 

  — Você está bem? — ele perguntou, desespero em cada ondulação de sua voz. 

  Eu não conseguia responder. Não conseguia ter nenhuma reação enquanto encarava seus olhos âmbar. Eu sentia seu toque, a sensação dele em minha pele. Ouvia sua voz. Mas meu cérebro não conseguia associar que aquilo fosse real. 

  E eu estaria feliz mesmo que não fosse. Estaria feliz mesmo que fosse uma desilusão ou um sonho, porque eu poderia ter o gosto de tê-lo ao meu lado. Só isso me deixaria mais forte para prosseguir.

  — Rayna, eu consigo sentir cheiro de sangue. Preciso saber que não está machucada. — e então me atingiu que ele poderia realmente estar ali. 

  Era tolo da minha parte pensar que Azriel esperaria que eu retornasse pra ele. Que ele ficasse em agonia sem saber o que estava acontecendo comigo. Levei minhas mãos até as deles e o toque familiar de suas cicatrizes contra a sensibilidade da minha pele era real demais para ser mentira. 

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora