𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕯𝖔𝖎𝖘

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o.nism {p} de origem dinamarquesa: consciência do quão pouco você experimenta do mundo.




— Rayna —

A cabeça de Rayna latejava intensamente, como se cada batida de seu coração reverberasse por todo o crânio, acompanhada por uma dor surda que fazia suas articulações implorarem por alívio. O peso dos lençóis parecia insuportável, comprimindo seus músculos já exaustos. "Deve ser porque dormi no sofá ontem à noite", pensou, forçando-se a abrir os olhos com um esforço que parecia monumental. Mas, uma dúvida a atingiu como um raio: como foi parar na cama?

  A imagem do sonho da noite anterior voltou com uma clareza brutal, cada detalhe vívido como se estivesse acontecendo naquele exato momento. Ela ainda podia sentir a vertigem devastadora da queda, como se sua alma tivesse despencado junto com seu corpo. Não era a primeira vez que sonhava com aquilo, e sabia bem o que significava. A metáfora de estar caindo ressoava fundo, refletindo sua luta interna, a sensação de perder o controle sobre sua própria vida. E, que ironia amarga, sentia-se cada vez mais impotente.

  Ela suspirou profundamente, com o peito se comprimindo como se carregasse o peso do mundo, e então um pensamento insidioso e invasivo a atingiu como uma faca afiada: Acho que preciso de terapia.

  Azriel. Ele fora o responsável por impedir sua queda no sonho. Curioso como sua mente o escolheu, considerando que ele não era, nem de longe, seu personagem favorito. Era Cassian que ela sempre imaginava, com aquele humor áspero que escondia um abismo de dor, tão semelhante ao modo como ela também escondia suas feridas. Havia algo reconfortante em Cassian, uma identificação amarga, enquanto Azriel era um mistério, um enigma sombrio que ela nunca se sentiu pronta para desvendar.

  Rayna abriu os olhos, esperando encontrar o teto familiar de seu quarto, mas foi recebida por uma explosão de luz branca, ofuscante. Por vários segundos, ela não conseguiu enxergar nada além daquela claridade incômoda. Meu quarto não é assim tão claro. Onde estou?

  As paredes ao redor eram de um branco impecável, mas as pilastras que se elevavam até o teto eram de uma pedra negra e reluzente — uma mistura entre mármore e ônix. À frente da cama, no entanto, a parede não era de pedra. Duas portas de vidro, que iam do chão ao teto de madeira, revelavam uma vista de tirar o fôlego.

  Montanhas. Nuvens brancas flutuando em um céu alaranjado.

  Onde diabos eu estou...?

  Os músculos protestaram enquanto ela se levantava da cama, ainda doloridos. Cada passo parecia um desafio, mas a necessidade de entender sua situação a impulsionava. Caminhou até as portas, a mão hesitante tocando a maçaneta de metal gelado. O toque era estranhamente reconfortante em meio ao caos de suas emoções. Ela considerou abrir as portas, deixar aquele ar gélido inundar seus pulmões. Mas então olhou para baixo e viu o abismo que a aguardava. Não havia salvação lá fora, apenas a queda inevitável e esmagadora.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora