Em edição.
𝘢𝘤𝘰𝘵𝘢𝘳 / 𝘢𝘻𝘳𝘪𝘦𝘭 𝘧𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤
"A mais grande forma de amor se esconde entre sombras e é preciso luz para penetra-las"
Em Prythian, a mágica se entrelaça com lendas, mas uma Corte permanece envolta em mistério: a Corte do Alv...
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naz.lan.mak {v.}: fingir relutância ou indiferência quando na verdade está disposta; dizer não e significar sim.
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— Rayna —
Não preciso afastar Azriel, porque ele mesmo faz isso.
Olhando na direção de Killian e depois para mim novamente, sua voz falha:
— Noiva? — pergunta como se implorasse que eu desmentisse o rei, como se de alguma forma ele tivesse distorcido o que tinha sido dito.
— Eu ia te contar, eu...
— Uau. — é tudo que diz, antes de me deixar ver aquela feição machucada e se fechar novamente. — Vou deixar os pombinhos as sós, então. Parabéns pelo noivado. — ele abaixa a cabeça numa reverência silenciosa.
Então, ele sai caminhando sem olhar para trás e apesar de tudo em mim me dizer para segui-lo, existe outra coisa a qual preciso lidar no momento.
— Killian, — engulo em seco, pensando no que posso falar, mas nada seria bom o suficiente para se desculpar pelo o que acabou de ver.
— Caminhe comigo. Não gosto das sombras. — ele gesticula para saírmos do corredor e assinto.
Enquanto caminhamos, um ao lado do outro, penso em diversas formas de explicar o que aconteceu. Penso na sensação de estar nos braços de Azriel e no que falou para mim — apesar de agora parecer que suas palavras foram perdidas. Penso, principalmente, se valeria a pena perder um exército para estar com ele. Sacrificar o bem de todos pelo o meu próprio.
E mesmo quando sei ser errado, estou inclinada a convencer a mim mesma que essa é a escolha certa a se fazer. Não estou pensando direito. Isso que sinto por ele atrapalha o meu julgamento.
Entramos na primeira sacada que aparece. O ar fresco adentra os meus pulmões e é como se uma fumaça tivesse deixado a minha mente. Estou arrependida, não pelo o beijo, mas pelas consequências que ele poderia causar. E me odeio por isso.
Abro a boca para dizer algo, mas Killian se vira para mim, passando a mão pelos cabelos castanho-avermelhados.
— Talvez tenha a entendido errado. — ele diz, num suspiro, como se também estivesse pensando a coisa certa a se dizer. — Quando disse que estava apaixonada por outra pessoa, achei que estava apenas sendo honesta comigo, e não que haveria um terceiro cônjuge em nosso casamento. — há certa armagura em sua voz.
— Não entendeu errado. — é a primeira frase completa que consigo formular. — Eu nunca pediria isso a você. — não quando sabia o quanto aquilo o machucaria. Mas havia o machucado de qualquer maneira. — Sinto muito que tenha visto aquilo.
Ele inclina a cabeça, parecendo entender o meu uso de palavras. Sinto muito que tenha visto aquilo e, não, sinto muito por ter feito aquilo.
— Posso compreender os efeitos da paixão, e o poder que tem até nas mais fortes das criaturas. — mas não olha para mim, como se me olhar o levasse de volta para aquele momento no corredor. De repente me sinto suja, uma pessoa horrível. — Mas aquilo foi uma despedida, não foi?
Nem de perto. Mas já não importava agora.
— Sim. — respondo. — É exatamente o que foi.
Ele se vira para Velaris novamente, respirando fundo. Apreciando a cidade.
— As coisas teriam sido diferentes se não fossem pela circunstâncias. — ele diz, mas ainda olha para as pequenas construções, o rio brilhando no sol.
Franzo o cenho.
— Seriam?
Killian assente, um sorriso triste aperece nos lábios, uma covinha na bochecha direita.
— Eu teria te conhecido em uma das viagens diplomáticas para a sua corte. — então entendo quais circunstâncias ele está se referindo. Caso eu tivesse sido criada na Corte do Alvorecer. Fecho os olhos, me permitindo imaginar como teria sido ser criada pelos meus pais, mas não consigo pensar em nada. — Eu te notaria imediatamente, assim como aconteceu quando a vi na Cidade Escavada. Quando voltasse para Dosnia, daria um baile como pretexto para te ver novamente.
"Iria te cortejar, convida-la para uma dança só para ter a oportunidade de tocar em você. Você não iria de tão longe por apenas uma noite, então no dia seguinte te mostraria o meu lugar favorito em Dosnia, um morro tão alto que se você ficar na ponta dos pés é capaz de tocar as nuvens."
Penso na adrenalina de estar tão alto e como passei a amar a sensação de estar flutuando.
— Eu gostaria disso, — admito. — ainda pode me levar.
— Eu posso. — diz e o sorriso desaparece dos lábios. Ele não termina a história hipotética. — Por favor, não faça mais isso. Até meu coração tem um limite.
— Não farei. — digo rápido.
Ele abre a palma da minha mão e coloca algo dentro dela. Apenas quando ele me deixa sozinha tomo coragem para olhar.
Uma caixa de veludo vermelha. Dentro um anel de ouro com uma pedra de rubi envolta por pequenas fios dourados como se tivesse sendo abraçada pelo ouro do anel. É lindo.
Respiro fundo antes de desliza-lo no meu dedo anelar. Parece estranhamente como a chave de uma prisão. Mas não posso voltar atrás.
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Quando entro no meu quarto, o baú está no pé da cama exatamente como Rhysand disse que estaria. Minhas roupas devem estar no ármario também. Ele achou que seria mais seguro se todos fícassemos na Casa do Vento — tirando Cass e Nestha que voltariam mais tarde para Illyria.
Tiro o traje e o coloco em cima da cama, ele desaparece e volta segundos depois. Limpo, passado e dobrado.
— Obrigada? — digo, e percebo o quão boba pareço falando com uma casa.
Tiro o colar para abrir o baú e ele é o oposto do anel em minha mão. Prata e azul, enquanto o anel é dourado e vermelho.
Passo os dedos pelo topo dos ovos adormecidos, pego o Livro das Oito Cortes de Prythian e guardo o uniforme antes de fecha-lo.
Semanas antes de eu encontrar o Espelho de Érebo ele havia mudado porque de algum jeito sabia que eu o encontraria, e eu esperava que acontecesse o mesmo. Que me desse uma pista de por onde começar.
Coloquei meu dedo na fechadura e quando ele picou para tirar um pouco de sangue, doía o mesmo tanto de quando eu era humana.
— Desgraçado, — praguejo, levando o dedo até a boca para estancar o pequeno ponto de sangue. Depois me lembro que quero algo dele e talvez ele fique ofendido. — Não foi isso que eu quis dizer. — tento consertar.
Eu realmente deveria parar de fala com objetos inanimados.
Abro a capa pesada do livro e me surpreendo quando vejo o conteúdo das páginas.
Todas elas estavam preenchidas. O livro estava completo.