𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotar

𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖘𝖊𝖘𝖘𝖊𝖓𝖙𝖆 𝖊 𝖈𝖎𝖓𝖈𝖔

sau.da.de {s.f}; sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas

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— Rayna —

A mesa de reuniões parecia um campo de batalha.

  Todos os nobres de Dosnia estavam reunidos ali, suas expressões oscilando entre curiosidade e suspeita. Era um espetáculo — uma rainha viúva, recém-ungida, já tramando sua próxima jogada enquanto o corpo de seu marido ainda esfriava. Claro, eles não sabiam que eu mesma havia arquitetado a morte de Killian. Que cada passo meu até aquele trono fora calculado, cada sacrifício pesado.

  Os olhos curiosos me perfuravam, mas eu os enfrentei com uma calma ensaiada. Era isso que eles esperavam, não era? Uma rainha atormentada pela perda de seu marido cruel. Eu estava mais do que disposta a desempenhar esse papel, contanto que mantivesse o controle.

  — Killian e eu... —minha voz vacilou na medida certa. Suspirei, os dedos brincando com o anel em minha mão, como se o peso de sua ausência fosse insuportável. — Estávamos planejando um ataque contra o Sombrio. Queríamos... ao menos aproveitar nossa lua de mel antes de avançar." Outro suspiro, mais profundo. — Me desculpem... ainda é difícil falar sobre isso.

  A sala ficou em silêncio, desconfortável e cheia de tensão. Eu podia sentir os olhares presos em mim, analisando cada detalhe da minha atuação.

  O duque Harrington foi o primeiro a se pronunciar, como eu sabia que faria. 

  — É compreensível que Vossa Majestade esteja abalada. — Ele inclinou a cabeça de maneira educada, mas havia frieza em seu tom. — No entanto, acredito que agir agora seria... precipitado. Decisões tomadas no calor do momento raramente são sábias.

  Outros assentiram discretamente. Claro que Harrington lideraria a oposição. Sua lealdade a Killian não era segredo, e a ideia de me ver tomar o controle o incomodava profundamente.

  Minha paciência era como vidro fino, mas mantive minha voz firme, controlada. 

  — Dosnia não ficará vulnerável. O príncipe Adrien governará em minha ausência. Ele é mais do que capaz, e acredito que todos aqui concordam com isso.

  Fiz uma pausa, deixando que minhas palavras pairassem sobre a mesa. 

  — Minha partida não é apenas uma busca por vingança. O Sombrio invadiu este palácio, matou nosso rei e saiu ileso. Isso não acontecerá novamente. Não enquanto eu for rainha.

  Harrington apertou os lábios, mas não respondeu. Olhei para os outros — o barão, a viscondessa. Eles evitaram meu olhar. Adrien, sentado ao meu lado, assentiu levemente. Um gesto sutil, mas suficiente.

  Cruzei as mãos sobre a mesa, inclinando-me levemente para frente. 

  — De qualquer forma, não estou aqui para pedir permissão, apenas para ouvir seus conselhos. A morte de Killian foi um ato de guerra, e eu pretendo respondê-lo como tal. Vou enviar mensagens para minha família em Prythian. Eles estarão aqui em breve.

  As palavras saíram afiadas, cada sílaba um golpe cuidadosamente medido. 

  — Adrien informou que levará semanas para preparar o exército e transportá-lo até Prythian. Até lá, já terei retornado para recebê-los. Meu dever é terminar essa guerra antes que ela consuma todos nós.