𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕯𝖊𝖟𝖊𝖘𝖘𝖊𝖙𝖊

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nic.to.fi.li.a {s.f.} : afinidade pelas trevas ou pela noite; qualidade daquele que encontra conforto na escuridão. 



 — Rayna —

Ela estava há cerca de meia hora perdida em seus pensamentos, observando o pingente de prata que descansava na palma da mão, como se fosse um relicário guardando segredos inconfessáveis. O fecho a lembrava de um amuleto de coração, com molduras delicadas para fotos que nunca tirara. Mas, por mais que desejasse, não conseguia abri-lo, como se o colar estivesse resistindo à sua curiosidade, guardando o peso da história de sua mãe, uma história que nunca ousara explorar.

  O som de uma batida na porta a trouxe de volta à realidade. Ela respondeu que estava aberta, mas manteve o olhar fixo no colar, como se sua concentração pudesse forçá-lo a se abrir magicamente, revelando o que estava escondido.

  A pessoa que entrou limpou a garganta, e ela ergueu a cabeça lentamente. Azriel estava ali, com as mãos atrás das costas, envolto em sombras que dançavam sobre seus ombros e pescoço — algumas pareciam se contorcer em direção a ela, uma dança de escuridão que, de forma surpreendente, não lhe trazia medo, mas uma estranha sensação de segurança.

  — Aprendeu a bater? — perguntou, arqueando as sobrancelhas, desafiando-o a entrar na brincadeira.

  Ele deu de ombros, como se aquilo não fosse um grande feito.

  — Tem algumas coisas que nem a morte pode ensinar — disse ele, com um sorriso meio brincalhão, mas havia um subtexto sério em sua voz. Seus olhos brilhavam com uma faísca de diversão, mas ela podia ver a profundidade do que estava por trás desse comentário.

  Ela desafiou Azriel com seu olhar, fazendo com que suas sobrancelhas subissem ainda mais, em um convite silencioso para que ele dissesse o que estava pensando. Mas, em um gesto que lhe era familiar, ele ignorou o desafio.

  — Nada? — insistiu ele, inclinando-se ligeiramente para frente.

  — Nadinha — respondeu, a voz dela carregada de uma determinação mais forte do que realmente se sentia.

  — Rhysand disse para levar para ele, caso você não tivesse sorte.

  — Ah, Rhysand pode trazer ele mesmo até esse colar — retrucou, com um sorriso desafiador, o tom leve, mas por trás da bravata, havia uma determinação férrea. — Não vou sair de perto dele.

  Ela se lembrava de ter contado que o colar pertencera à sua mãe, mas nunca revelou o que realmente significava para ela. Que, em algum momento, a mãe o preferira a ela. Aqueles pensamentos a assombravam como fantasmas, e o peso desse segredo era mais pesado que qualquer jóia. Nunca ousaria compartilhar isso com ninguém. Assim como Marjorie havia feito com o colar, ela o levaria para o túmulo. Porque admitir para outra pessoa significava aceitar de uma vez por todas que sua mãe não se importava com ela.

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