𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕯𝖔𝖟𝖊

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ca.tar.se {s.f.}: purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.

— Rayna —

Rayna nunca foi muito de lembrar dos seus sonhos. Durante um tempo, acreditou que nem os tinha — até descobrir que isso é humanamente impossível. O subconsciente projeta imagens toda vez que se dorme, uma dança silenciosa entre as sombras e as memórias.

  Mas, naquele dia, ao acordar, a lembrança do sonho se fixou em sua mente com uma clareza surpreendente.

  O chão pavimentado era firme sob seus pés calçados, e o sol da manhã envolvia sua cabeça com um calor suave, quase acolhedor. Sentia a presença de alguém ao seu lado, o braço entrelaçado com o de outra pessoa, uma conexão que pulsava como um fio elétrico.

  Eve. O nome dela se formou em sua mente assim que seus cabelos escuros apareceram em sua visão. Era curioso como as pessoas sempre supunham que eram irmãs, devido à semelhança nas feições, mas seus olhos e cabelos contavam uma história diferente. Os olhos de Eve eram como chocolate aveludado, ricos e profundos, enquanto seu cabelo liso brilhava quase azul sob a luz do sol, como uma noite clara que se tornava dia.

  Na verdade, o que lembrava era mais uma memória do que um sonho. Eve estava ali, puxando-a com determinação, levando-a em direção aos imponentes prédios gêmeos da universidade, onde uma aula de autodefesa esperava por elas.

  — Sério? Se você vai me fazer suar por uma hora, podia pelo menos ter me convidado para um café — ela reclamou, tentando esconder a frustração que borbulhava em seu interior.

  — Prometo que pagarei o que quiser assim que terminarmos — Eve respondeu, com um sorriso travesso que misturava desafio e cumplicidade.

  O cenário do sonho mudou abruptamente. Em vez do ginásio, repleto de garotas e instrutores, ela se viu em um quarto escuro, envolto em um silêncio pesado. Mas não estava sozinha.

  Eve estava diante dela, os olhos brilhando com uma intensidade que a deixava nervosa e animada ao mesmo tempo. Ela pediu que tentasse um dos golpes que haviam aprendido. Mas, de repente, tudo ao seu redor se desfez, e ele só conseguia ver quatro paredes pretas e uma luz forte o suficiente para destacar seus rostos.

  — Tudo que uma pessoa normal deseja ao voltar para casa após um longo e cansativo dia de trabalho é tomar um banho e simplesmente se deixar levar pelo sono. Você sabia disso? — disse ela, tentando quebrar a tensão com humor, mas a frustração ainda escapava de suas palavras.

  — E eu também trabalho, e adivinha? Estou perfeitamente bem — Eve deu de ombros, sua voz carregada de uma segurança que o desafiava.

  — Por isso mesmo que eu disse normal — ela sorriu, um sorriso que tentava esconder o nervosismo, mas que traía um misto de carinho e exasperação.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora