𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕼𝖚𝖆𝖙𝖗𝖔

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ge.bor.ger.nheit {s.} do alemão: sensação de segurança e bem-estar como se nada pudesse prejudica-lo; sentimento geralmente ligado a um determinado lugar ou pessoa. 




— Rayna —

Rayna parou diante do espelho, seu reflexo a encarava de volta com olhos carregados de uma angústia silenciosa. O vento lá fora havia tingido suas bochechas de um vermelho vívido, quase como se sua própria pele tivesse sido incendiada. Ela não se importava com o cabelo bagunçado, as mechas que caíam desordenadas sobre os ombros. Nada disso parecia relevante agora. A lã quente das roupas que Azriel lhe entregara parecia uma prisão e um conforto ao mesmo tempo, aprisionando seu corpo em uma segunda pele, enquanto o frio do corredor lhe atingia o rosto.  Rayna respirou fundo antes de cruzar a porta do quarto.

  O corredor era branco, austero, com portas de madeira preta fosca pontuando o caminho. Três portas além da que ela saíra. A presença de Azriel já preenchia o espaço quando ela surgiu. Sombras espiralavam ao redor dele, cobrindo seus braços e ombros, retraindo-se rapidamente quando ela apareceu. Mas mesmo no momento em que se afastavam, Rayna ainda as via, como uma memória persistente de poder bruto e indomável. O poder sombrio de Azriel permanecia, quase sufocante, preenchendo cada canto do espaço entre eles.

  Eles se encararam em silêncio, a tensão carregada e quase palpável. Cada segundo parecia esticar o ar, tornando-o pesado, difícil de respirar. Os olhos de Azriel, dourados como um sol frio, observavam-na com uma intensidade que quase a fazia desmoronar. Ele não precisava dizer nada; era seu olhar que falava, que invadia sua mente sem permissão, fazendo-a sentir-se exposta e vulnerável.

  Rayna limpou a garganta, tentando romper a corrente invisível que os unia naquele momento. Suas mãos, trêmulas, deslizaram pelas calças em um gesto nervoso. O silêncio de Azriel era uma tortura. Ela precisava que ele falasse, que quebrasse o maldito silêncio.

  — Então? — ela arqueou uma sobrancelha, tentando soar indiferente, mas seu coração batia rápido, frenético.

  Azriel não respondeu. Seus lábios permaneciam fechados, a expressão impassível. Ele a desafiava sem precisar mover um músculo, provocando-a apenas com sua presença.

  — O gato comeu sua língua, Azriel? — A provocação escapou, uma tentativa desesperada de quebrar aquela parede emocional que ele mantinha erguida. Ela odiava como ele sempre a empurrava para o limite, sempre a fazia sentir que estava à beira de perder o controle.

Ele inclinou levemente a cabeça, como se a provocação fosse apenas uma brisa leve que mal o afetava. E então, sua voz grave e baixa, quase um sussurro, cortou o ar entre eles.

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