𝐂𝐡. 𝟑𝟗

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ec.ce.den.te.si.as.ta {s.}: alguém que finge um sorriso, quando tudo que quer fazer é chorar, desaparecer, e/ou morrer.

— Rayna —

Havia me esquecido de como adorava a banheira da Casa do Vento. O quão boa era a sensação de me banhar olhando para o horizonte, a borda infinita dando a sensação que não teria nada entre você e a liberdade – os céus de Velaris ou a morte certeira.

  Como de costume, a água está impecavelmemte na temperatura certa, nem muito quente a ponto de queimar minha pele e nem fria. Realmente queria saber quem inventou o mito de que um banho de água gelada era a solução perfeita para os problemas, pois agora, mergulhada até o pescoço na água encantada da banheira-piscina, consigo pensar mais claramente do que jamais fui capaz.

  Não é minha culpa que setecentos anos atrás um mal tenha chego na Corte do Alvorecer. Não é minha culpa que eu tenha sido jogada no meio disso tudo. As mortes não são minha culpa. Não carrego esse fardo. Porém, é meu dever fazer tudo em meu poder para terminar de uma vez por todas  com a dor que os outros carregam, mesmo que eu tivesse que esconder minha própria dor no processo. Já estou acostumada mesmo.

  Se não for pelo sangue que carrego em minhas veias, então será pelas razões que me mantém viva; por Rhys, Loren, Aeryn. Por Azriel. E todos que considero importantes. Pelas minhas estrelas particulares que nunca deixaram de brilhar e me motivaram a continuar brilhando.

  Não é engraçado como carregamos a bagagem de nossa família mesmo quando tudo está caindo aos pedaços?

  Tudo se resumia a família no final. Sangue ou não.

  Encaro as minha mãos, a névoa sibilando e espiralado entre os meus dedos. Eu ainda não contara a ninguém sobre elas. Sobre o poder que adquiri assim que me tornei grã-feérica. Suspeitava que Aeryn tivesse as visto, apesar do momento antes de eu desmaiar ser um borrão em minha memória — eu achava estar alucinando. Mas a fumaça branca como uma nuvem parecia bem real agora.

  São bem semelhantes á névoa que invadiu meu quarto antes de eu entrar nesse mundo. Cortesia do meu pai. Mas não são geladas, são o extremo oposto disso. Elas aparentam que poderiam congelar qualquer coisa, como a fumaça de um gelo seco, mas são quentes em minha mão. Não faço ideia do que podem fazer.

  Mas não era isso que eu queria dizer quando mencionei que uma das minhas armas era a minha mão. Aprender a usar o meu poder seria o menor sacrifício que eu teria que fazer.

  Um pedaço de papel aparece na borda da banheira, mergulho e nado até lá.

  Ele está aqui.

  É só o que diz. Mas é o bastante.

  Estou nervosa. Caminho pelos corredores da Casa do Vento, limpando as mãos na barra do vestido lilás e desejando ter comido algo. Mas se eu tivesse estaria enjoada. Não sei se prefiro desmaiar ou vomitar. Nenhum dos dois, na verdade. Eu não faço ideia do que estou falando mais.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora