𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕼𝖚𝖎𝖓𝖟𝖊

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Queima quengaraaaaal! Mais um porque hoje eu estou boazinha demais (e pq fiquei triste por ter deixado vocês sem capítulo por muito tempo) hahaha

Queima quengaraaaaal! Mais um porque hoje eu estou boazinha demais (e pq fiquei triste por ter deixado vocês sem capítulo por muito tempo) hahaha

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miz.pá {sf.} : vínculo emocional entre pessoas que estão separadas fisicamente ou pela morte. 

— Loren —

Loren sempre havia ouvido histórias sobre um lugar perfeito, um sonho que se tornava realidade nas palavras de sua mãe. Desde pequena, cresceu ouvindo sobre o esplendor da Corte do Alvorecer, onde os entardeceres eram mais do que simples transições de luz; eram espetáculos divinos, como se cada raio de sol carregasse promessas de esperanças e renascimentos. O pai dela havia sacrificado sua vida servindo essa corte, e sua mãe, com lágrimas nos olhos e nostalgia na voz, descrevia esses momentos como se eles fossem parte de um passado glorioso que nunca poderia ser esquecido.

  — Duskit — sussurrou ela, como se pronunciar a palavra fosse trazer à tona uma essência mágica que pairava no ar. Para muitos, essa palavra poderia ser insignificante, um nome que apenas evocava a imagem de uma flor delicada, que se erguia apenas em solo sagrado. Mas para Loren, era o símbolo de algo muito maior, uma ligação entre os sonhos de sua mãe e as sombras de sua própria dúvida.

  A flor era a insignia de uma legião de guerreiras e guardiãs, seres que protegiam a existência da corte com ferocidade. Loren, em sua mente inquieta, se via rodeada por histórias de heroísmo e sacrifício, mas havia uma pergunta que a atormentava: Por que ninguém se lembrava delas? Como poderiam as Duskit, poderosas e valentes, terem sido extintas se eram tão reverenciadas nas lendas? O que havia se espreitado na Corte do Alvorecer, a ponto de engoli-la nas brumas da história? Sua mãe sempre respondia com uma tristeza que quase poderia ser tocada, dizendo que a Corte do Alvorecer existia além das fronteiras da Corte Noturna, que era maior, mais linda, mas nunca tão viva quanto em suas memórias.

  Loren se viu duvidando, não apenas das palavras de sua mãe, mas de toda a narrativa que a cercava. E se tudo aquilo não passasse de uma fábula, uma construção de esperanças destruídas? Mas, em meio a essa tempestade de incertezas, uma faísca de determinação acendeu em seu coração. Havia uma garota, uma humana, cujo destino agora se entrelaçava com o dela. Se havia uma chance, mesmo que pequena, de salvá-la, Loren estava disposta a correr o risco.

  — Como? — perguntou Azriel, o mestre espião da corte noturna, sua voz um eco de desconfiança.

  — Vou unir minha alma à da garota humana — respondeu Loren, seus olhos se fixando em Mor, em busca de qualquer sinal de dúvida que ela pudesse dissipar com um toque suave, um gesto de carinho.

  — Por quê? — indagou Azriel novamente, a preocupação quase palpável em suas palavras.

  Os motivos fervilhavam dentro dela como um mar de emoções. A culpa a consumia, um peso insuportável que quase a fazia desmoronar. Havia uma chama crescente, uma sensação de estar finalmente cumprindo um propósito que ela mal compreendia. E, ao mesmo tempo, a ideia de ligar a vida da humana ao de um macho Illyriano era algo que Loren não poderia suportar.

  — As Duskit e os Illyrianos têm uma história de rivalidade. Os machos de Illyria nunca aceitaram as fêmeas como iguais, se negando a lutar ao lado delas por conta de seus egos feridos. Se eu fizer isso, não poderei desonrar a memória das minhas antepassadas — a verdade saía de seus lábios com a certeza de um juramento.

  — Não tenho certeza se isso vai funcionar — desviou-se Azriel, o receio evidente na sua voz. — Essa é uma prática antiga que requer um grande ritual, abençoado pela própria Mãe.

  — Como você sabe disso? — A voz de Mor soou fina, quase quebrando. Nos meses que passaram juntas, Loren nunca havia visto a pele dela tão pálida, uma sombra do que costumava ser, nem mesmo quando tivera que descer à Cidade Escavada.

  Um olhar de compreensão passou entre elas, e Loren se viu tomada pela urgência de uma conversa que precisaria ocorrer após aquele momento.

  — A ligação não vai curá-la milagrosamente — continuou Loren, sua voz agora mais firme. — O veneno se dividirá entre nós. Se tudo correr bem, nós duas vamos dormir por um tempo antes de acordarmos curadas.

  — Loren... — Mor protestou, mas a grã-feérica já se voltava em busca de algo cortante, sua mente focada, suas emoções em um turbilhão, até que encontrou a adaga negra, um presente do encantador de sombras.

  A lâmina pesava em seus dedos longos, cada movimento carregando o peso de sua decisão. As mãos tremiam, e ela respirou fundo, buscando um pouco de coragem antes de fazer o primeiro corte em seu pulso. Pequeninos pontos de sangue surgiram em sua pele dourada, manchando o espaço ao seu redor com a promessa de sacrifício.

  Levou o pulso até os lábios de Rayna, cada gota de sangue escorrendo com a esperança de que essa união pudesse, de algum modo, salvá-la. A conexão que estabeleceu com a garota era tão intensa que fazia seu coração disparar. Silenciosamente, pediu permissão a Cassian antes de repetir o gesto no pulso de Rayna, cada movimento carregado de significado.

  Loren desejou, com todo o seu ser, que aquele sangue não estivesse manchado com veneno. Era como se estivesse roubando os últimos minutos de vida de Rayna, como se cada gota fosse uma fração de sua própria essência, cada uma mais preciosa que a anterior.

  Entrelaçando os dedos com os da humana, Loren fechou os olhos, sua alma vibrando enquanto buscava um espaço em seu ser que pudesse se conectar com a Mãe. Era um clamor silencioso, um apelo para que as histórias de sua mãe fossem verdadeiras, pelo menos naquele instante.

  Os minutos se arrastaram, e o desespero tomou conta quando ela sentiu os batimentos cardíacos de Rayna se tornarem quase inaudíveis. Ao seu redor, as vozes pareciam distantes, envoltas em uma névoa que a isolava do mundo. O que estava acontecendo? O que havia se rompido?

  Então, como um relâmpago rasgando o céu escuro, uma onda de poder a atingiu. Era um poder bruto, agridoce, que fazia sua língua formigar e preenchia sua boca com o gosto metálico da luta. Ela sentiu como se uma videira se enrolasse em seus pulsos e no de Rayna, conectando-as em um nível que transcendia a carne, unindo-as em um laço mais profundo do que qualquer um poderia imaginar.

  Loren não se atreveu a abrir os olhos. O medo do desconhecido a paralisava, mas a conexão que sentia era inegável. A ferida de Rayna pulsava em um ritmo frenético, quase como se sua vida estivesse dançando em um fio tênue entre a vida e a morte.

  Humana, sim, mas havia algo a mais. Algo que a fascinava e a apavorava ao mesmo tempo. Um rastro brilhante, doce e perigoso como o destino, a cercava. Desde que ouvira os sussurros sobre a humana que havia descido do céu em chamas, e os relatos de Morrigan sobre como Rayna não pertencia a esse mundo, a curiosidade de Loren se transformou em uma insônia ardente.

  Seria possível que o Grão-Senhor da Corte do Alvorecer, aquele que tinha o poder de viajar entre mundos, ainda estivesse vivo? O pensamento a consumia. Talvez, ele mesmo tivesse trazido Rayna até Prythian, um ato de magia que cruzava as fronteiras do que era conhecido.

  Mas o mundo era repleto de "talvez", e Loren sabia que não poderia desvendar todos os mistérios que a cercavam. E isso a deixava frustrada. Porém, ela se fez uma promessa, um juramento silencioso enquanto a mente começava a flutuar na terra dos sonhos. Amanhã, haveria um amanhã, e isso era suficiente para alimentá-la.

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