𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕮𝖎𝖓𝖈𝖔

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es.te.ta {sub.} : pessoa com grande sensibilidade para arte ou natureza.




— Rayna —

A água morna envolvia Rayna, derretendo a tensão de seus músculos até que ela se sentisse completamente flutuando, como se a banheira fosse o único refúgio em um mundo que de repente havia se tornado perigoso e desconhecido. O calor líquido a envolvia como um abraço, tão reconfortante quanto morder um pedaço de bolo de chocolate ainda quente, e o aroma suave do óleo de flores a embalava em uma tranquilidade há muito esquecida.

  A banheira, grande o suficiente para seis pessoas, era esculpida em pedra, encantada para nunca perder o calor. Fazia mais de quarenta minutos que Rayna estava ali, com os olhos perdidos na vista das montanhas imponentes de Velaris e no céu azul sem fim. A única coisa que separava aquele banheiro do mundo lá fora era um portal, sem vidros ou portas, que se abria para a paisagem. Ela sentia a pele de seus dedos já enrugada, mas se recusava a sair. Ali, ao menos, o mundo parecia simples — água quente e uma vista bonita. Mas sabia que assim que deixasse o conforto daquela banheira, teria que encarar a estranheza de estar em Prythian, de ter sido salva por um homem com asas e sombras que dançavam ao seu redor como guardiãs.

  A lembrança de Azriel fez seu estômago se revirar. Ela não o havia agradecido. Ele a tinha arrancado das garras da morte, e ela nem sequer dissera uma palavra de gratidão. Mas havia tanta coisa em sua mente — primeiro, acreditara que estava sonhando; depois, que aquilo era real demais para ser um sonho. E antes que pudesse se dar conta, estava na Casa do Vento, frente a frente com Rhysand e Feyre.

  Rayna mergulhou novamente, deixando a água cobrir seu rosto enquanto tentava organizar seus pensamentos. Uma hora de fuga era suficiente. Ela precisava lidar com a realidade. Não podia continuar se escondendo ali, por mais tentador que fosse. Precisava descobrir como voltar para casa. Porque, por mais que esse lugar ressoasse com uma estranha familiaridade em seu coração, ela sabia que não pertencia a Prythian. Havia uma vida esperando por ela. Uma vida que, por mais comum que fosse, ainda era a sua.

  A universidade... as aulas de música, que eram sua única alegria real. Esse era o seu mundo. Ela não tinha irmãos, suas amizades eram superficiais e limitadas à rotina acadêmica. Eve, sua colega de classe mais próxima, só falava com ela quando necessário. E sua mãe... havia morrido há um ano. Rayna amava sua mãe, apesar de tudo, apesar da relação difícil e distante que tiveram. Como não amaria?

  Mas, mesmo com tudo isso, não podia ficar ali. Não quando sentia que sua presença desequilibrava alguma coisa fundamental naquele lugar. Algo a trouxera a Prythian, e ela precisava descobrir o porquê.

𝕬 𝕮𝖔𝖚𝖗𝖙 𝖔𝖋 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖍𝖆𝖉𝖔𝖜𝖘 | acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora