cap. 29 - AMANDA

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Da sala que ocupo no vigésimo quinto andar, tenho uma vista privilegiada de toda cidade. Londres é linda, seus prédios, seus veículos, nessa época do ano o clima não é dos melhores para nós, que somos acostumados com um verão ininterrupto no nordeste, aqui estamos no Outono, e posso dizer que o clima faz jus a época, pessoas semi agasalhadas, o dia meio nublado, como vivi muito tempo aqui, aprendi a apreciar tudo isso, já me sinto bem mais Inglesa que brasileira na verdade, gosto das vestimentas das pessoas, da educação e pontualidade, não podemos dizer que são os povos mais calorosos, isso não, calor humano, descontração e alegria exacerbada, isso só no Brasil mesmo, embora não podemos dizer que são frios e arrogantes, como em outros lugares no mundo, na França por exemplo, digo isso baseado em meu ponto de vista. Mas voltando para a realidade do momento onde dei uma pausa na leitura de alguns documentos que preciso analisar, acho que devido a essa temperatura amena, o dia meio escuro, me deixou um pouco melancólica e saudosa.

"Kadu, Kadu me segura eu vou cair." Eu com oito anos ainda tentando andar de bicicleta sem rodinhas.

"Não vai cair não princesinha, eu nunca vou deixar você cair." Kadu falava segurando minha bicicleta pelo banco, para que eu realmente não caísse. De fato ele nunca soltou minha mão, mesmo quando aos doze anos cismei de andar de patins, caí vários tombos, mas caímos juntos. Sempre juntos.

"Kadu, eu gosto de você, queria ser sua namorada." Aos quatorze quando eu já começava a sentir coisas estranhas, principalmente quando o via chegando, achava lindo ele chegar com seu carro e me levar para os lugares que eu queria, eu amava vê-lo ao volante, falando inglês com outras pessoas, escolhendo o que iríamos comer, era ele quem sempre escolhia nossos pratos. Menos quando eu decidia comer lanches, e ele sempre resmungava dizendo que não era saudável, eu emburrava e sempre o convencia. Imagina aquele rapaz todo malhado porque gosta de praticar atividades físicas, comendo um food, rio olhando para a cidade através da vidraça, só eu mesmo. Naquele dia ele não me respondeu se também queria me namorar, mas desde então, ficamos cada dia mais próximos.

"Eu também gosto de você." Era o que ele sempre me dizia.

"Você quer ser meu namorado?" eu seguia insistindo, aos dezesseis eu já era mais entendida do que sentia. Inclusive já tinha o beijado varias vezes, no piscina, na colônia de férias, sim, e foi muito bom, para mim, ele já era meu namorado.

"Um dia princesa, um dia falaremos sobre isso."

"Quando?"

"Quando você puder entender muitas coisas." O que seriam essas coisas? Estava com dezessete anos, o que eu tinha que entender? Hoje sei o que eu tinha que entender, Kadu sempre soube de tudo e nunca me falou nada. Dói pensar que, não, eu não posso acreditar, como ele pode? Sou sua irmã, e ele já sabia, ou, bem, o fato é que talvez eu nunca deveria saber.

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