— Tudo bem? Estou aqui. — Falo me colocando a sua frente.
— Sim, está, e não sabe como estou feliz com isso. Parece até que minha vida voltou a fazer sentido.
— Para com isso, por que isso agora kadu? Olha vamos manter o respeito, afinal por mais que sejamos conhecidos, esse tipo de conversa parece um tanto inadequada. — Olho em seu rosto, e, parece que instantaneamente o seu sol desapareceu. — O que está havendo kadu? Por que essa necessidade de falarmos a essa hora? — Ele se afasta do carro e com uma mão em meu ombros, aponta a direção da porta do passageiro do carro.
— Venha, vamos sair daqui, é madrugada, e as coisas mudaram muito por aqui, é perigoso ficar na rua. Ele dá a volta no carro me conduzindo, abre a porta do passageiro para que eu entre, então segue para seu lugar ao volante, liga o carro e sai, minutos depois, após uma viagem silenciosa, chegamos em frente de um prédio, alto, alto padrão, ele aperta o controle do portão, o mesmo começa se abrir.O carro entra, ele estaciona, ao lado vejo o Mustang azul de mais cedo, saímos, ele aponta para o elevador, percebo que é de uso exclusivo da cobertura, kadu mora em uma cobertura? E... espera... sua esposa não está em casa? Mas, o que esse homem está pensando?
— Eu não vou subir. — Empaco na porta da caixa brilhante de inox e vidro. — Ficou louco?
— Nós só vamos conversar Amanda.
— Tanto faz, eu não vou entrar em sua casa com você a essa hora Kadu, vou voltar para minha casa! — Falo há um pouco irritada com sua ousadia.
— Amanda...
— Você só pode estar maluco, aliás o que aconteceu com todos por aqui? Perderam a razão? O que sua mulher vai dizer? E eu não quero saber de problemas. Não se preocupe, vou chamar um táxi. — Termino de falar, já me movendo rumo a portaria.
— Ei, calma! — Ele me segura pelo braço, me obrigando a parar e olhá-lo. — Não tem ninguém aqui, somente eu venho aqui.
— Como é? Como? Mora aqui sozinho?
— É uma longa história. Vamos?
Então me permito novamente, ser conduzida para dentro do elevador, e quando o mesmo se abre já dentro da cobertura eu fico boquiaberta, que lugar lindo, enorme, dois andares, minha nossa estou encantada.
— Gostou? Ele me lembra muito você, quando eu o comprei só pensava no dia em que a traria aqui, faz dois anos, ele estava fechado, mas quando seu irmão comentou, que você estava voltando, eu fiquei desesperado, levei três meses para decora-lo. Procurei deixá-lo do seu gosto.
— Kadu... olha eu não sei o que está havendo aqui, mas preciso deixar algumas coisas bem claras, não estraga tudo que sempre tivemos, não seja um cafajeste comigo, eu não vou ajudar você a trair sua esposa, ou seja lá o que tenha em mente.
— Luana não é minha esposa. Bem, não como você está pensando. — Ele fala e em seguida titubeia ao notar meu espanto.— Também quero falar sobre isso.
— Acredite, eu não estou pensando. — Mentira, estou sim, e estou também xingando meu coração tonto que insiste em dar cambalhotas, imbecil, lógico que ele é casado, todos os homens dizem isso, mas quem sou eu pra saber, nunca tive um homem. E muito menos casado. — Se tivesse talvez não estaria aqui, me explica isso?
— Antes eu posso fazer uma coisa? Depois prometo esclarecer tudo que estiver ao meu alcance.
— Fazer o quê? — Ainda dá tempo de apagar a pergunta?
Não sei porque eu pergunto essas coisas, ele se aproxima de mim, e me abraça dando uma respirada funda em meu pescoço.
— Eu amo seu cheiro, lembro de quando passou a usar esse perfume, estou contente que não tenha mudado, você se tornou uma mulher linda, eu realmente não me perdoo por não ter contrariado meus pais, a todos. — Muito bem, parece que enfim, saberei o porquê desse matrimônio inoportuno, que me atormenta durante todos esses anos.
— Eu até hoje não entendo, porque se deixou ser forçado a esse casamento, era evidente que não a amava, embora acho que depois de cinco anos, isso pode ter mudado, é tempo suficiente para ter se apaixonado pela esposa.
— Eu nunca senti nada por Luana, e a repulsa só aumentou, não vou dizer que após ter nos casado, nós não tentamos ser um casal, mas era impossível, pensei assim como você, que seria fácil ceder, afinal Luana é bonita, me conhecia, e... enfim, que meu calvário não seria tão insuportável, mas Luana, é uma mulher fútil demais, vive somente do dinheiro dos pais, nunca pensou em fazer nada, adora aparecer em festas da alta sociedade, só pensa em roupas, sapatos, bolsas, essas coisas. Sem contar o quanto é mimada. Tudo recorre ao chantagista do pai.
— Mas você se casou mesmo assim. — Saio de seus braços, e ando pela sala de dois ambientes. Realmente ele não poupou gastos com a decoração, tudo é impecavelmente muito bonito e de muito bom gosto. Palmas para o decorador, ou a decoradora.
— Pois é, eu me casei, naquele momento era só o que eu podia fazer. Estava salvando minha família, mas podei minha própria liberdade, e temo que seja tarde.
— Olha Kadu, imagino que me trouxe aqui para se abrir, não sei, mas juro que não sei em que essa conversa pode nos ser útil.
— Eu... eu preciso te fazer um pedido. E antes de me dizer a resposta, prometa que vai pensar a respeito.
— Faça!
— Quero pedir que me espere.
— Esperar? Como assim esperar Kadu. Esperar o quê?
— Eu amo você Amanda. Você não era a única a ter sentimentos em nossa amizade, seu amor sempre foi correspondido. — Minhas pernas novamente me traem, ouvir isso de sua boca tão sério, sinto que não é uma brincadeira. Está sendo sincero, conheço Kadu, embora...
— Kadu, o que você espera que eu faça com essa declaração, hoje? Você tem noção do quanto eu sofri?
— Só peço que espere, eu resolver minha vida, eu já estou quase conseguindo.
— Você é um homem de trinta anos, e está me dizendo que não consegue pedir um divórcio? É fácil de ser resolvida sua vida.
— Infelizmente não é, ainda não. É só o que posso lhe dizer.
— Meu Deus, olha para mim? — Ele olha. — Chega! Eu esperei você no aeroporto, em Londres, não teve um só dia, que não imaginei você na porta do meu apartamento, eu ligava todos os dias para saber de todos e de você principalmente, para ser mais sincera, o dia do seu casamento, foi o pior dia de minha vida, eu fiquei de luto sabia, por uns três meses eu tive uma depressão horrível, quase abandonei tudo, não culpo você, culpo a mim pela minha fraqueza, por insistir em amar uma pessoa que não me amava, que escolheu se casar com outra, eu te amei Kadu, eu amei com todas as minhas forças. Todas, eu só respirava, porque você estava respirando em algum lugar nesse mundo. E agora você me diz que me ama, mas não pode ser meu, tudo de novo?! Você está sendo cruel comigo, de novo. Que amor é esse? Que amor machuca tanto assim?
— Me perdoa Amanda, mas por agora, eu preciso que me entenda. E, eu sou seu, acho que sempre fui, eu só tinha medo da sua família, seu irmão sempre no meu pé, me aborrecendo, me dizendo que se eu tocasse em você, seus pais me matariam, que era velho demais para você, tudo começou quando você fez dezesseis anos, começou a se transformar em uma mocinha, eu nunca quis admitir o que sentia, só queria estar perto de você, não conseguia te tirar da minha cabeça. Aí você fez dezessete, dezoito anos, e não agia mais comigo como uma criança. E me abri com seu irmão. Foi aí, que além de sócio eu arrumei um inimigo nesse quesito.
— Talvez porque eu não era mais uma criança. Eu também tinha desejos por você, eu também queria estar com você o tempo todo. Mas você sempre estava com suas garotas. Poderia ter se aberto comigo.
—Elas de certa forma protegiam você de mim, sei que te doía mas era melhor assim, imagina se Felipe cismasse de alguma coisa? Você era de menor em idade. Eu seria preso, seus pais não me perdoariam nunca!
— Acho que o tempo passou para nós, você mesmo está dizendo isso, é muita crueldade de sua parte dizer que para estar comigo, tenho que esperar mais. Venho te esperando desde que nasci digamos assim.
— Eu sei, eu sei, estou sendo egoísta com você, mas me ajuda Amanda? Não se afaste de mim, pelo menos isso? — ele está novamente muito próximo a mim, e dessa vez eu não resisto, e sou eu que pulo em seus braços, beijo sua boca, aliso seu corpo como eu sempre desejei fazer.
— Kadu...
— Isso Amanda, assim me toque, sou todo seu, como eu quis fazer isso todos os dias e noites, eu amo você princesinha, não se esqueça disso. — Ele cala e nós dois continuamos a nos tocar, nos fundir um no outro, com nossos beijos cheio de desejo, pressa, estamos tão preso um corpo no outro que já não sei mais de quem são tantas mãos. Nossas respirações estão ofegantes, nós estamos no nosso limite. Isso no nosso limite, e ele acaba aqui.
— Kadu, não! É melhor não prosseguirmos com isso. Por mais que eu deteste a Luana, eu não quero dar motivos para ela me atacar. E nem quero ser a outra em sua vida.
— Amanda, ela não significa nada para mim.
— Pois para mim ela significa e muito, é sua esposa, é ela quem sai de mãos dadas com você, é ela que aparece em suas entrevistas, sim, eu vi todas, as fotos, é ela quem dorme e acorda com você, enfim, ela é tudo que eu deveria ser, se você realmente me amasse. E eu não vou mais ficar aqui me martirizando com isso.
— Me perdoa, sei que está magoada com tudo isso, mas na hora certa, você vai entender. Só te peço um tempo, uma chance.
— O que você me pede sim, pode me magoar Kadu, porque as outras coisas já estão bem claras para mim.
Ele volta a me abraçar, e eu quero me dar uma surra por não consegui fugir de seus braços. Mas eu preciso mesmo que me doa me afastar dele, pois essa situação pode e cai sair de controle. Se pelo menos ele me falasse porque o tempo. Me solto.
— Acho que devemos voltar para casa. Minha mãe pode se preocupar, e sua esposa... — Não termino a frase pois ele coloca um dedo em meus lábios me calando.
— Por que se machucar com isso Amanda? Luana é Minha preocupação, ou tormenta como quiser pensar, esqueça ela.
— Um pouco difícil não acha?!
— Fique aqui, logo irá amanhecer, então eu a levo.
— Kadu, se chegar alguém aqui, vão pensar o quê?
— Não existe a menor possibilidade de chegar alguém, e Amanda fique? Por favor fique?
Eu ainda não sei o que faço, só sei que perto dele me sinto desprevenida acuada, me recrimino muito por isso, me sento no sofá, ele faz o mesmo numa outra poltrona de frente para mim, nos olhamos por um longo tempo. Tento de alguma forma decifrar suas intenções e emoções através de seu semblante, mas a única coisa que consigo é me perder nessa imensidão azul que são seus olhos. Então me pergunto como podemos gostar tanto assim?
— O que há por trás de tudo isso Kadu? O que te aprisiona dessa maneira capaz de mudar tanto uma vida inteira? — Ele baixa a cabeça, e instantes depois se levanta passando as mãos nos cabelos. — Você me pede um tempo de minha vida, mas não é capaz de confiar a mim o motivo.
— Sinto sua falta.
— Cinco anos, cinco infernais anos da minha vida, e você sentiu minha falta? Kadu você viaja o mundo todo, você passou por Londres várias vezes, aliás tem negócios em uma das cidades da Inglaterra, e não foi capaz de pegar um voo e me visitar.
— Me entenda, eu não podia, não podia atrapalhar seus estudos, era seu sonho, aliás, eu não podia impedir você de ir, foi melhor acredite.
— Para quem? Me diz Kadu, para quem! Para você e Luana? Que eu não estivesse aqui ,olhando para você te cobrando os porquês?
— Sim, de certa forma para todos, e para que você se realizasse, pelo menos isso eu queria te garantir. Então te amei aqui, todos os dias, sozinho, doeu, mas eu não podia te destruir, sem dar nada em troca. Amanda, entenda foi o melhor que eu podia fazer, eu não tinha mais tempo para pensar, então aceitei o que meu pai me pediu, e desde então tento uma maneira de me libertar dessa união, agora sei que se você tivesse ficado eu não teria conseguido, como agora com você aqui, só me faz eu me desesperar para me separar.
— Fala! Fala de uma vez! — Ele me angustia, me irrita e eu grito.
— Pelo bem de todos, eu não posso! — Ele também se exalta, nunca vi Kadu tão abalado. — Eu... não posso Amanda, me perdoa?!
— Tudo bem! Só me sirva um copo de água por favor.
Ele sai da sala em direção a cozinha, e eu pisco várias vezes me abanando, para que ele não veja, que estou prestes a chorar. O homem que sempre sonhei, amo, tão perto e tão longe, ao mesmo tempo. Me sinto cansada, me recosto no sofá esperando pela água.
Quando Kadu volta, me estende o copo d’água, percebo que não é somente eu que luto com as emoções. Ele também trava uma luta interna, solitária, porque por mais que tenta falar, ele não me falou nada, e só nos deixou mais uma vez em espera. Essa maldita espera, esse tempo que nos consome. Kadu não me deve nada, e eu não entendo no que seu segredo nos prejudicaria, a todos. Ele e mamãe ainda tem muito contato, além de Felipe, será que ela sabe alguma coisa sobre esse casamento, por que seus pais o obrigou a se casar sem amor?E Felipe, ele sabe de alguma coisa? Será que é por isso que me odeia?
De repente tudo aqui fica sufocante, sinto raiva, me sinto enganada, esse apartamento enorme vai me engolindo, a presença imponente dele, e toda sua carga me esgota. O que é tudo isso?
— Kadu!
— Sim?
— O que aconteceu com a gente? Com a amizade? Será que ainda existe alguma chance, de um dia, nós dois dar certo?
— Eu desejo isso todos os dias Amanda.CONTINUA...
Olá meninas, sei que devem estar achando que nosso Kadu não terá seu 'pov', mas calma já já ele chega, e vocês conhecerão o nosso vilão- herói, melhor kkk... acho.
Bem gatinhas, amo ver os comentários, sou muito agradecida pelas estrelinhas.
Se puderem também indiquem, convidem as amigas de leituras. Já já o cerco vai começar a se fechar para todos, a história é interessante. E não é muito longa não... 🙄🤭
Obrigado minhas lindas.
Desculpem os erros.... 🥰🥰❤
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Segredos de Família ( Pausado)
Lãng mạnRomance / Drama / Tema adulto 🔞 Kadu e Amanda, um amor além da amizade, seriam eles mais fortes, que todos os segredos capazes de destruir suas vidas?