Cap. 36 - AMANDA

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(Sem revisão)

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      Que irônico, estar dentro desse carro, que por alguns dias me  intrigou, me despertou todos os  tipos de curiosidades e suspeitas, agora me pergunto se, em todas às vezes que me deparei com esse veículo parado em frente à minha casa, Kadu estava ali? Tão perto, me vigiando tão sorrateiramente? Será que ele seria capaz de? Não!   Ele não poderia estar ali, todos aqueles dias, Kadu é um empresário ocupado, sua agenda deve extravasar com os inúmeros compromissos, e, bem à pouco tempo, ele estava dando uma coletiva para imprensa, logo após assumir o conglomerado da família, em Recife, então nunca foi Kadu aqui. Mas agora, sei que poderia muito bem ser um desses homens que estão aqui, com certeza era um deles, ai sim, quem sabe, à  mando de Kadu.

      O carro desliza rápido, pelas ruas da cidade já adormecida, é quase madrugada, no mais absoluto silêncio, por algumas vezes, tentei puxar assunto com ele, sem obter respostas, Kadu está irredutível, se mantendo no mais absoluto silêncio, coisa que me irrita de tal maneira, que tenho vontade de gritar, chacoalhar sua cabeça até fazer com que ele emita algum sinal de qualquer coisa, de que esteja vivo pelo menos, bem, isso dá para saber sem grande dificuldade, pois pelo menos sua respiração eu ouço, ruidosa e pesada.


      A raiva maior que senti, foi nos primeiros minutos em que fui retirada da cama, no meio da noite à força, agora posso até dizer que entrei em seu joguinho, de brincar de mudinhos, todos caladinhos, aproveitando a viagem, me distraio olhando as ruas, o movimento escasso por onde passamos através da janela do carro, se não estou me confundindo, acredito que estamos trafegando pelo famoso bairro de Grenwich em Londres, amo esse lugar, penso em tirar dúvidas com ele, mas desisto, Kadu se mantém em um silêncio sepulcral, por isso tenho certeza de que, qualquer coisa que eu queira saber, não obterei respostas, engraçado, pois quem deveria estar esperneando gritando ou até mesmo o ignorando de tanta raiva sou eu.

      Após passarmos pela famosa praça, inconfundível, de Greenwich, constato que, sim, estamos no famoso bairro Londrino, é impossível eu não saber onde estou, afinal, seria o cúmulo morar por cinco anos em Londres e não visitar o bairro considerado Marco zero, e sua famosa praça por onde passa a linha meridional, e suas peculiaridades de grande importância mundial, conhecido como meridiano de Greenwich, uma linha imaginária que divide a terra em dois hemisférios no sentido vertical, cujo a partir daqui origina-se o hemisfério leste e o hemisfério oeste, ou como queira hemisfério oriental e o ocidental, tudo por aqui tem muitas descobertas  históricas e contribuições geológicas para o mundo, uma bairro que, ao se visitar Londres, não deve ficar fora de nenhum roteiro turístico, principalmente dos viajantes curiosos ou historiadores. Aqui também se encontra o famoso observatório Real, um dos cartões postais do país.  O parque em si, como todos na Inglaterra são, é bem lindo, cuidado repleto de verde por todo lado, estive por aqui em algumas oportunidades com Lívia e outras vezes em passeios com a turma, a fim de realizarmos estudos e trabalhos científicos para a faculdade. Por isso é  impossível eu não saber onde estou.

      Penso que, é bem provável que nos hospedaremos em algum hotel por aqui, pode ser isso, Kadu deve ter vindo à  negócios para Londres, e infelizmente me descobriu por aqui, me vigiou e agora pensa em me arrastar com ele. Ledo engano.

      Não penso em compactuar com suas insanidades, se pensa que irá continuar me enredando em suas mentiras, seus segredos sujos, está muito enganado, mesmo que, eu ainda não consigo entender  qual o propósito de Kadu em manter essa aparência de ogro dominador comigo, que sou sua irmã. Toda vez que pensamentos como esse me vem a mente, sinto uma angústia uma fúria sem precedentes.

      Quero morrer juro. Principalmente porque não estava preparada para me deparar com ele tão já, queria ter tido mais tempo, queria ter podido me organizar quanto ao bebê, saber o que fazer. Mas ele aparece assim, tão... tão  lindo, tão, com toda essa força, se  disser que não senti nada ao me deparar com ele, me olhando de maneira tão felina dentro daquele  quarto, estarei mentindo, o simples olhar dele me desperta as  sensações mais lascivas, meu corpo, reage ao seu menor toque, descaradamente, sem ser preciso nada demais, para que eu me derreta, até mesmo o simples fato de estar aqui ao seu lado, nesse banco, é motivo para eu sentir esse turbilhão de emoções aflorarem, principalmente em minha intimidade. Percebo que ele me encara, chego até a pensar que ele deve ter ouvido meus pensamentos. Olho para ele, que ainda está me olhando, não sei precisar por quanto tempo ficamos assim, eu o observo, na esperança de que ele baixe a guarda e possamos conversar, ou que, ele faça alguma coisa e me permita transpor essa barreira criada desde que entramos nesse carro.

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