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#Cap. sem revisão#
Estava um dia sereno, daqueles que logo pela manhã já aparenta ser fim de tarde, enterramos Edgar, no dia seguinte à aquela conversa doentia em seu leito de morte, Kadu desde então é outra pessoa, calado, observador, ele não mudou comigo, eu também não mudei com ele, seria muita crueldade com uma pessoa que já sofreu tanto, recordo de uma conversa que tivemos em Londres, onde ele falou que Fátima e eu éramos as maiores vítimas dessa trama, já em meu ponto de vista, penso que estava enganado, ele sim, é a maior vítima dentre todos, nós apenas saímos lesionados de uma maneira menos cruel, enquanto Kadu irá carregar marcas irreparáveis de tudo isso. À todos nós, só nos coube a opção de conhecer a verdadeira história de nossas vidas e tomar uma postura diante tudo que foi feito, já Kadu, viveu intensamente quase tudo, não cabe a mim dizer a ele o que fazer, ou como agir diante tudo que lhe fora imposto, sei que ele fará o melhor, tanto por ele quanto para nós.
O velório foi aberto somente para os conhecidos e familiares, eu só conhecia além do morto, Frank e Júlia que ficou um longo tempo ao lado do caixão com o corpo do Edgar, nós duas nos mantivemos distante, não trocamos sequer uma palavra, sinceramente ainda não sei o que lhe dizer e ela também parecia não fazer questão de uma aproximação entre nós duas.
Frank um tempo depois me disse que ela se aproximou dele e perguntou por de Kadu, bem, não tínhamos o que dizer a ninguém, não sabíamos se Kadu e Fátima viriam ou não, então, ele apenas lhe respondeu que não sabia informar se o seu chefe enterraria o pai.
Kadu estava incomunicável e Fátima em observação após a ingestão de altas doses de medicamentos para dormir e analgésicos, foi o que ele também me informou.
As demais pessoas presente ao velório, não passavam de alguns curiosos dos outros velórios que aconteciam no mesmo horário, a agitação da impressa ali presente causava um certo frisson entre as pessoas em queriam saber de quem se tratava, os outros eram funcionários que o conhecia e o estimavam, além dos poucos amigos que Edgar tinha.
Sem contar que ele era uma figura considerada na alta sociedade, de família renomada, era claro que muitos socialites compareceriam. Coisa que contribuiria ainda mais um escândalo sobre o fato de o filho e a esposa não estarem ali presentes.
Eu e Kadu estamos longe um do outro desde ontem, quando ele saiu para dar a notícia da morte do pai para Fátima, com a promessa de que voltaria ainda no mesmo dia, só que não voltou mais para casa, hoje após sairmos daqui, fui para casa, horas mais tarde dona Fátima me ligou pedindo para que eu fosse até sua casa, essa seria a última tentativa de fazer Kadu abrir a porta do quarto em que estava trancado.
Eu fui, mas não insisti liguei mandei mensagens, acampei em frente a porta, não ouvia nenhum som sequer vindo lá de dentro, sabia que ele precisava desse tempo, após algumas tentativas de contato de Frank e de Fátima, que se encontrava agoniada com toda situação, se sentindo culpada pelo que havia feito, ele resmungou uma ou outra palavra algumas vezes e depois pediu para que o deixássemos sozinho. Coisa difícil de explicar para uma mãe desesperada, mas depois de um certo tempo consegui acalma-la com a ajuda do Médico que estava de plantão na casa, a pedido do próprio Kadu, o clima estava tenso cogitei a ideia de ir embora, pois eu mesma estava travando uma batalha enorme dentro de mim e não queria deixar transparecer, foi quando pedi para Frank me ajudar a tirar de um dos quartos de hóspedes, um colchão e me acomodei bem em frente a porta do seu quarto, passei a noite ali, estava agoniada e me trancar em algum lugar não me ajudaria, dei a ele o seu tempo, tomei um susto hoje pela manhã, quando ouvi dona Fátima novamente desesperada para saber dele, acordei com suas batidas na porta fui até ela sonolenta tentando a acalmar.
