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Domingo, este para mim é o pior dia da semana, tudo fechado, na maior parte da cidade de Bristol, passear nos parques, torna mais difícil ainda minha solidão, em todos os lados que olhamos, vemos grupinhos de casais, famílias rodeadas de crianças correndo por todos os lados, gritando, pulando sem parar, quase todos são gritos de alegria. Alegria essa que já senti um dia, e que já não sinto mais, adolescentes paquerando, enfim tudo normal, menos para mim, que me sinto apavorada e sem saber o que fazer.
Desde a quarta-feira da semana que passou, não consigo fazer mais nada, sinto que estou perdida, sozinha, mesmo quando estou em companhia de Víctor, que insiste em se fazer presente quase a todo momento.
Me sinto só. Não posso falar mal dele, pois ao longo desses últimos dias, ele tem se mostrado um cara atencioso, preocupado, digo isso levando se em conta todo o cuidado e a atenção que vem me prestando, desde o dia que foi me buscar na clínica, mesmo que, em outras horas, ele chega a ser um pouco sufocante. Isso devido ao fato de que, agora ele se acha no dever de ser meu cuidador, após eu ter recorrido a ele, no episódio da clínica, o que me intriga, é que, não sei ele sabe o motivo pelo qual me seguraram lá em observação, eu também não quis perguntar, para não dar a ele a intimidade de falar sobre minha vida, ou a gravidez, ele assinou o papel da minha alta e viemos embora, não nos falamos nada um para o outro, durante todo o trajeto até em casa, naquele dia não fui para Londres, não estava em condições, preferi ficar em casa, precisava desse momento para entender o que estava acontecendo. Só que, de lá para cá, Víctor assumiu um papel de cuidador, para não dizer, de responsável por mim. Às vezes, até me arrependo de ter lhe pedido ajuda. Devia ter ficado em observação, até receber alta conforme a vontade do médico. Agora a verdade, é que não sei o que fazer para ele se afastar, sem parecer ingrata ou mal educada.
Mas querem saber mesmo?
A verdade é que eu não sei o que fazer em relação a tudo, não consigo formar nenhum raciocínio lógico, a respeito da minha vida, e para não entrar em parafuso, me enterrei no trabalho, inclusive, encerrei toda a análise do documento da empresa brasileira que tem sede aqui, realmente existe uma grande fraude, ou seja umas negociações suspeitas, onde há um giro muito alto nos valores, que são direcionados à contas sem ligações alguma com a companhia, sem contar dinheiro que devem com certeza, oriundos de propinas e outras negociações ilícitas, coisas que, se vierem à tona o escândalo seria geral, pois alguns nomes são bem influentes no mercado empresarial e governamental, estamos aguardando o representante legal, para uma reunião, quando desvendei isso, reavaliei toda documentação e muito provavelmente, é como estou pensado, entrei em contato com o escritório central aqui de Londres, para marcar uma audiencia com a diretoria, quando eles me informaram que virá do Brasil, um dos ceos da empresa para tratar desse assunto pessoalmente, desde então se formou um burburinho, um agito geral entre os chefões aqui do escritório, inclusive uma das sócias, até chegou a questionar minha falta de habidade em lidar com esse tipo de situação, cogitando a hipótese de assumir minha conta. O que foi firmemente vetado pelos demais, que, segundo eles, o cliente já se pronunciou e faz questão de trabalhar sobre esse assunto diretamente com a consultora que descobriu as fraudes. Com isso, a conta da multinacional continua aos meus cuidados, não nego que a diretora estava um pouco com razão, só de pensar em me reportar ao engravatado com anos luz de experiência nisso, sinto minhas pernas bambear e meu estômago embrulhar. Por outro lado vejo a importância dessa conta, que me fora tão bem recomendada pelo chefão, e dependendo do sucesso que obtiver com esse trabalho, isso só vem a me favorecer. Então, só me resta aguardar por essa reunião com o ceo.
