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AINDA DIAS ATRÁS...
- Boa noite Edgar, se me lembro, acho que foi avisado que não deveria vir para cá, o que aconteceu, por que veio? Falo ao descer os degraus da escada.
- Ainda me pergunta Fátima? - ele me questiona ao se virar para onde estou. - Como você pôde me expor daquela maneira, todos me viram entrando na delegacia, aquele lugar de quinta, sou seu marido, não sou homem para entrar nesse tipo de ambiente, nem mesmo quando era pobre, coloquei meus pés em um pulgueiro daqueles!
- E ser meu marido não o faz melhor que ninguém Edgar, você precisa responder por seus atos.
- Você está louca! Sou um homem de negócios, milionário e você e seu filho me fazem passar por esse vexame. Enlouqueceu?
- Se é conselho que veio buscar Edgar, então aproveita que se tornou milionário, me roubando por anos, pegue todo esse dinheiro e limpe sua imagem, não acredito que veio aqui para isso? - Passo por ele que está em pé no meio da sala e me sento na primeira poltrona.
- Eu realmente não sei que bicho te mordeu Fátima, mas saiba que sua audácia não irá muito longe. Você não devia ter se voltado contra mim, nunca lhe prejudiquei, tudo que fiz foi para te ver feliz.
- Verdade Edgar? Você acredita mesmo nisso?
- Claro que sim, veja, você é minha esposa, a conhecia muito bem, sabia que não suportaria a dor de viver sem nosso filho, você desejava aquele bebê.
- Então decidiu pensar por mim, e cometeu o crime que alterou todas as nossas vidas? - escutar suas palavras, ver que ele não expressa nenhum tipo de arrependimento me aterroriza, do que mais ele seria capaz?
- Você é dramática demais, a vida não é um livro de romances, infelizmente na vida real temos que ser práticos e decididos, acha que estaria onde estou se deixasse o coração agir por mim?
- Você é cruel Edgar.
- Júlia teve dois bebês, meus filhos, então daria na mesma, sem contar que ela era pobre, o que faria com duas crianças? O que fiz foi pensando em te ver feliz!
- Mentira! Você só pensou em tudo que conseguiria junto ao meu pai, lhe dando um neto, que era a coisa que ele mais queria.
- E daí? O que tinha mal nisso? Se nem isso você conseguiu fazer por eles, precisou que eu tomasse essa atitude.
- Covarde maldito! Eu te odeio! Vai me dizer que o que fez com Amanda também foi para me ajudar? - Não consigo permanecer sentada sentindo tamanha indignação. Edgar é um monstro, e ele nem se preocupa com isso.
- Não odeia, você não passa de uma mulher mimada, como viveria, sendo apontada pela sociedade como uma esposa infiel, e eu, um marido que aceita conviver com uma filha, fruto de um relacionamento clandestino, e minha reputação como ficaria? Somos importantes Fátima, seríamos chacota na sociedade, apontados como um casal ridículo, eu seria desacreditado nos negócios.
