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Depois de um dia agitado no escritório com minha mãe, encontro-me com Kadu já em casa, ele está parado em frente à enorme vidraça da nossa sala de estar, sinto seu olhar distante, entre estar aqui e não, é como se admirasse tudo a sua frente sem enxergar absolutamente nada, ainda de paletó, mãos no bolso, mantendo sua postura altiva provocando em mim uma certa curiosidade, daria tudo para saber por onde anda seus pensamentos, porque ja faz alguns segundos que o observo e ele nem mesmo notou a minha presença. E olha que não entrei silenciosamente isso faz com que eu me recorde, que Kadu sempre nota minha presença a distância. Assim como eu a dele, sempre fomos assim.
É evidente que alguma coisa o perturba muito.
Aproximo-me e o abraço por trás, somente nesse momento ele nota que não está mais sozinho, sinto seu corpo todo enrijecer, mesmo assim ele não muda sua postura, como ainda permanece calado. Decido eu quebrar o silêncio.
— Algum problema meu amor? — Ele respira profundamente tirando suas mãos dos bolsos, passando a acariciar as minhas, ao redor do seu corpo. — Kadu meu amor, está me ouvindo?
— Sim querida, estou. — responde com sua tensa e contida, a voz dele não é grossa, nunca foi, mas sempre teve uma entonação firme, segura, e não é o que acontece agora. Ela falha ao me responder.
— E!? — questiono aguardando sua resposta.
— Desculpa meu amor, o que foi que perguntou?
— Amor o que há? Você parece meio disperso, isso já à alguns dias, é por causa do casamento?
— Não meu bem, claro que não! — responde com a voz mais agradável e o corpo mais aliviado. — eu estou normal, só um pouco tenso, a correria para deixar tudo em ordem para poder me dedicar a mimha linda esposa.
— É só isso mesmo que está deixando meu amorzinho tão calado? — colo ainda mais meu corpo contra o seu.
— Eu, bem, também tenho pensado sobre tudo. Tudo que vivemos até hoje. Quantas coisas aconteceram e quantas ainda estão por vir.
— Entendo, meu futuro esposo está fazendo uma retrospectiva intima é isso? — brinco. — não quer compartilhar?
— Mais ou menos. Hoje por exemplo, Luana...
— Por favor Kadu, não quero ouvir esse nome por um bom tempo, não quero saber nada dela, e agradeceria muito se me poupassem dos detalhes sobre sua vida. — me exalto, fico irritada de uma maneira, que nem eu mesma sei explicar o motivo. — não gosto nem de imaginar que não vamos nos casar na igreja, porque já se casou numa antes com ela. Sinto ódio só de ter que aceitar esse fato. Sem contar tudo que ja me fez e por ter envolvido você em sua vida mais uma vez.
