#Sem revisão#
Dormi, acordei, dormi de novo, li revistas, revisei alguns documentos, falei com a filial em Londres, com minha mãe Fátima, que pelo visto está mais ansiosa que eu, para ter notícias da filha. Não que eu não esteja, afinal Amanda faz parte de meus pensamentos vinte e quatro horas por dia. Mas o que quero dizer com tudo isso é que nada disso, foi capaz de acalmar o meu coração que bate descontrolado desde que subi nesse jato, anunciando que cada hora que passa, é uma hora à menos de distância entre nós.
Fui avisado de alguns atrasos técnicos, que me farão chegar um pouco mais tarde que o esperado, o que me incomoda, estou impaciente.
Faltando pouco mais de duas horas para o pouso, recebi um e-mail do detetive, que está fazendo marcação cerrada em frente a sua casa, inclusive ele já me falou que por varias vezes ela tentou uma aproximação, coisa que o fez recuar, ou seja ela já esta desconfiada de alguma coisa, mas Amanda é imatura para algumas coisas, para o que ela deveria se atentar, ela não dá à mínima, o plano era eu estar junto com ele, mas com o meu voo atrasado e o trânsito, isso não foi possível, então ordenei que ele fosse sozinho como sempre, e após, eu e Frank nos juntamos à ele... Abro o e-mail, e caralho!
— O que esse bosta faz estacionado em frente à casa dela? — o detetive em mensagem me informa que já faz um bom tempo que o tal de Víctor está ali, mas o que o faz estar um bom tempo dentro do carro e não entrar, uma vez que, durante todo esses dias nos relatórios, há fotos deles quase sempre juntos. Pego meu celular, envio uma mensagem avisando que assim que pousar vou direto para casa dela. Já recebi esse tipo de informação, do detetive, dizendo que as vezes Victor chega cedo e fica estacionado um tempo próximo a casa. Mas hoje essa palhaçada acaba.
Mais algumas horas de todo o trâmite do desembarque, estou dentro do táxi, junto comigo está também o meu piloto, que em viagens como essas se hospeda em minha casa. Na verdade, ele, ele é muito mais que um piloto, é o meu braço direito, Frank, é um bom homem, ex combatente da reserva, se tornou meu assistente geral, para falar a verdade. Ficou viúvo cedo, e foi morar no Brasil, após conhecer eu e Felipe, quando estávamos abrindo nossa filial na Inglaterra, desde então é o meu faz tudo, quando viajo, ele sempre está comigo. Mas aqui, a caminho da casa de Amanda sua função é outra, embora ele permaneceu o trajeto todo tentando me dissuadir de meus planos, permaneço firme em meus objetivos. Estou cansado de assistir minha vida sendo manipulada por todos. O trajeto é bem longo, do aeroporto até sua casa, que até agora não entendi, por que Bristol, se trabalha em Londres? Amanda tem muito que me explicar.
Durante todo tempo que estou aqui, observo tudo, inclusive o momento em que o infeliz do tal Victor sai do carro falando ao telefone, para em frente a porta, bate, guarda o celular e a porta abre e lá está ela, linda minha Amanda, meu coração acelera, parece sair pela boca, mas em contrapartida, uma raiva insana também me cega, me dominando muito mais que o sentimento de saudades desses meses longe. Não sei o que esta acontecendo entre esses dois, mas seja o que for, não durará por muito tempo, ah não mesmo!
Amanda fala alguma coisa com ele, olha para os lados, e sem que todos esperem ela nota o carro estacionado, o motorista nos fala que muito provavelmente ela tentará um contato, ela é curiosa eu sei, eu em seu lugar talvez faria o mesmo, então, como se sentisse algo, ela fica inquieta, conheço minha menina, ela sabe que estou aqui, pode não ter certeza, mas sente, e é com essa certeza e movida pela curiosidade que ela vem em nossa direção, com passos temerosos, meio indecisa, mesmo assim ela se mantém decidida, os homens aqui fazem menção de ligar o carro e arrancar, pois esse não é o plano, falar com ela na presença dele, dou ordem para que não façam nada, ela continua se aproximando, quanta saudades e que falta essa garota me faz, a verdade, é que me sinto um garoto perdido longe dela, de repente ela para, parece pensar, faço menção de sair do carro, não é minha cara ficar como um maldito observador, enquanto tudo que mais quero é abraçar seu corpo, beijar sua boca e nunca mais deixar que essa teimosa fuja de mim. Enlouqueço com ela tão próximo. Mas sou estupidamente barrado quando aciono a abertura, do vidro da minha porta. Frank me chama pela razão. E contrariado aguçado mais ainda minha raiva, obedeço, por agora.
A cada passo que ela dá em direção ao carro, é preciso um auto controle absurdo, para me manter sentado, principalmente, no momento em que ela é interrompida por ele, esse canalha, que está com seus dias contados próximo dela. Fecho minha mão como quem está prestes a desferir um soco.
— Senhor, não faça bobagem na frente dele, não sabemos o que se passa, o quanto ela está envolvida com esse criminoso. — Frank me fala novamente.
— Você me fala isso e quer que eu permaneça calmo, enquanto Amanda... você sabe muito bem o que Amanda é para mim, tem noção do que está me pedindo?
— Sei como se sente senhor, mas isso pode se complicar ainda mais, se ela tiver algum envolvimento com ele.
— Ainda mais, olha essa você acha que precisa de alguma coisa mais? — estou extremamente nervoso.
— Sim senhor, ela pode desaparecer novamente. Imagina o tempo que levaremos para encontra-la, sem contar que pode se juntar a ele de vez, e com isso veja o perigo que pode estar correndo? — quem se intromete agora é o detetive, balanço a cabeça concordando, assistindo o casal retornar abraçados para dentro da casa. Me sinto um inútil e completo imbecil.
Após o beijo de despedida que eles trocam na porta, tomo uma decisão e essa ninguém irá impedir. Levarei Amanda embora. Ando de um lado para o outro, agora fora do carro. Os dois homens estão de certa forma assustados, pudera sempre fui um cara controlado, calmo e agora estou visivelmente fora de controle. Já passado algumas horas, com tudo já calculado, respiro fundo, sigo em direção a sua casa, entro, tudo está bem organizado é a cara dela tudo por aqui, subo as escadas, um dos quartos é uma espécie de escritório, também bem organizado, aponto para Frank, para que reúna todos os documentos que estão aqui, e os leve para o carro, tudo! A casa não é grande, na parte debaixo, uma sala aconchegante, uma meia copa ligada a uma minúscula cozinha, um lavabo, aqui em cima, um banheiro social, um quarto a suíte que entro logo em seguida, e é exatamente o que pensei, abro a porta e lá está ela, dormindo como um anjo, que agora sei que não é. Melhor assim, evitamos bate boca, enquanto arrumo suas coisas, eu não vou pedir, ou convidá-la a vir comigo, isso não está mais em questão, ela vai e pronto, quanto mais longe ela estiver desse canalha para ela e para mim será bem melhor.
Bem, depois de todo estresse que foi tira-la de casa, estamos aqui, ela trancada por aí, em algum dos quartos da casa, pois ao correr de mim ela nem mesmo me deixou lhe dizer qual é o quarto principal, simplesmente falou, falou me evitou e fugiu, Amanda está ficando ótima em fugas.
Eu podia subir atrás dela, tentar uma nova aproximação, mas estamos cansados e um novo embate não nos levará a nada. Subo para o quarto, troco de roupa e me deito. — Amanhã será um outro dia Amanda!
Rolo de um lado para outro na cama sozinho, sabendo que a mulher da minha vida agora está aqui debaixo do mesmo teto que eu, e pior não posso nem me aproximar porque ela decidiu que será assim.
Já é quase de manhã, não consegui pregar os olhos um único minuto sequer, então sem ter o que fazer resolvo me levantar e me arrumar, desço para o escritório, já que sono, não tenho mesmo, decido então trabalhar, quem sabe assim me distraio um pouco, são inúmeras Atas para dar ciência e documentos para ler, entre um documento, um contrato e outro, meu celular toca, é uma ligação da minha mãe, atendo de imediato, ela sabe as horas aqui, bem como lá, ainda é bem tarde. Então sem pensar duas vezes atendo, só pode ser alguma emergência para fazer com ela me ligue a essa hora lá no Brasil.
— Mãe!?
— Filho, desculpa sei que ainda é bem cedo aí e aqui ainda nem amanheceu, mas não consegui dormir.
— O que houve mãe, fala.
— Kadu querido, eu estou preocupada, os advogados de seu pai conseguiram um habeas corpus, e ele saiu hoje da cadeia, mas o que está me deixando aflita, é que seu pai junto com Luana, parecem ter uma ligação com desaparecimento do bebê de Marcos com Wanda, filho, estão comentando por todos os lados a discussão que os dois tiveram em um restaurante, houve até ameaças de morte. Marcos esta fora de si, saiu até de casa.
— Mamãe, por favor, escute o que eu vou te falar e faça por favor. Eu já esperava por esse tipo de atitude dele, mas você melhor que ninguém conhece o papai.
— Sim filho eu o conheço e é por isso que estou aflita, fala o que quer eu farei. É só me dizer. — ela me responde compreensiva.
— Mãe saia da mansão por alguns dias, papai pode estar descontrolado e Luana também, podem querer me procurar por aí, como sabe já estou em Londres com Amanda, não quero preocupar você, mas também não posso deixar Amanda aqui.
— Eu sei, eu sei filho, e como minha filha está?
— Linda! Não sei se são meus olhos, ou a saudade, mas ela me parece diferente, mais radiante, mais mulher, não sei explicar. Mas ela está bem.
— Você é completamente embasbacado por ela, não é? Fico muito feliz, torço muito pelos dois.
— Então torça mais mamãe, porque as coisas não estão boas para meu lado. Amanda está bem arredia comigo. Como se, o que quer que eu tenha feito seja muito grave.
— Mas o que houve filho? Ela te adora, eu não entendo?
— Eu sei disso, eu sinto isso, eu senti à pouco com ela em meus braços, mas tem alguma coisa a perturbando e eu preciso saber o que é, entende?
— Entendo. Mas logo ela verá que pode confiar em você Kadu.
— Assim espero mamãe, mas faça o que estou pedindo, saia de casa por uns dias, vá para um hotel, ou casa de campo, algum lugar onde não imaginam que você possa ir, ok?
— Filho...
— Mãe, Edgar a essa hora já sabe que estou aqui, ele tem contatos aqui em Londres e não é só por causa da empresa.
— Você acha que...
— Sim eu acho, todo cuidado é pouco.
— Está bem, farei isso. Mas e a empresa?
— Não se preocupe, tenho meus contatos e estou acompanhando tudo daqui.
Ainda estou falando com minha mãe quando olho pela janela e vejo que o dia já está bem claro. Encerramos a ligação, tenho duas reuniões hoje ajeito os papéis necessário, quando escuto o som de saltos na escada, claro que é Amanda, quem mais andaria de salto a essa hora em minha casa, se não a dona dela? Bem, ela vai em direção a mesa de café, não me movo daqui, embora seja essa minha primeira intenção, sentado a observo através dos monitores de segurança, que fica na tela do computador em minha mesa aqui no escritório, é uma extensão da central, que fica na cabine dos seguranças da casa... Ela é simpática com as serviçais, que provavelmente pergunta se deseja mais alguma coisa, come rápido, em seguida sai, levando consigo uma garrafa de água, um iogurte e uma fruta. Frank a aguarda, ela se aproxima parece um pouco relutante em entrar no carro, mas depois dele falar alguma coisa que provavelmente foi instrução minha, ela entra e os dois desaparecem no jardim. Dou um leve sorriso, me sinto bem por ela estar bem, até já Amanda.
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Segredos de Família ( Pausado)
RomanceRomance / Drama / Tema adulto 🔞 Kadu e Amanda, um amor além da amizade, seriam eles mais fortes, que todos os segredos capazes de destruir suas vidas?