• ꒰ Chapter 32 • You must be lucky꒱ ˎˊ˗ •

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Sabina Hidalgo.
• 06 de janeiro de 2020
Fernando de Noronha, Brasil.
Residência de férias.

Enfim era dia seis de janeiro e estávamos voltando para Los Angeles. Os últimos dias, desde o ano novo, não foram os melhores. Na verdade, me arrisco a dizer que foram piores do que qualquer outro dia ruim que eu havia tido na minha vida. Acontece que, logo no dia um, alguma super merda aconteceu na gangue e, adivinha em quem Noah descontou? Isso mesmo, em mim. Fui tentar conversar com ele e o acalmar, mas no final ele acabou falando um monte de merda para mim, que eu sabia que eram da boca para fora, mas mesmo assim me machucaram e acabou que eu não falo com ele desde então.
Sim, eu estava a seis ou cinco dias sem falar com o meu namorado, pai do bebê que eu ia ter. Tive que migrar para o quarto de Sina e HeYoon e as duas ficaram me socorrendo todas as noites enquanto eu chorava e/ou vomitava. Minha dor de cabeça piorou absurdamente, assim como os enjoos que ficaram mais frequentes. Noah tentou falar comigo, me ajudar, mas eu não consegui nem mesmo olhar em seus olhos, eu estava realmente decepcionada com ele. E, apesar de saber que ele não iria, eu esperava que ele se desculpasse por tudo o que falou para mim. 
Mas sempre tem como piorar, e foi quando eu descobri que os voos que Noah havia pego para nós dois voltarmos não era o mesmo do pessoal e era catorze horas mais demorado que quando chegamos. Ou seja, eu teria de passar trinta e oito horas, ou mais, com o meu namorado que no momento eu não conseguia nem olhar nos olhos. Pelo jeito, o mundo não está a meu favor.

— Saby… Estamos saindo, você vai ficar bem? — Krystian perguntou, entrando no quarto em que eu estava e se sentando na ponta da cama. Assenti.

— Vou… — Soltei um suspiro, passando a mão no rosto e afastando a mecha de cabelo que caía sobre meus olhos.

— Eu sei que está difícil, mas você e o Noah se amam… Ele está preocupado com você e nós também… — O chinês falou, segurando as minhas mãos. — Você passou os últimos dois dias trancada nesse quarto, chorando, vomitando e sem se alimentar direito… — Ele falou e eu dei de ombros, me encolhendo na cama e puxando minhas pernas de encontro ao peito.

— Eu estou bem… — Garanti e ele suspirou, assentindo. Krys se aproximou e beijou o topo da minha cabeça, acariciando meu rosto.

— Vocês vão passar muito tempo sozinhos, Saby. Converse com ele, okay? — O Wang insistiu. — Ele sabe que se exaltou e ele quer se desculpar, escute ele. — Falou e eu concordei, o observando sair do quarto. As garotas e Josh vieram em seguida, se despedindo, falando para eu ficar bem e pedindo que eu conversasse com Noah, e então foram embora, se dividindo em dois carros e deixando um para que eu e o Urrea usássemos.

Levantei da cama alguns minutos depois que o pessoal partiu, caminhando até o banheiro e começando a tirar a minha roupa para que eu pudesse tomar um banho. E, enquanto deixava a água morna cair pelo meu corpo eu comecei a pensar em tudo que aconteceu durante a viagem. Eu e Noah discutimos desde o primeiro dia, porque ele insistia que precisava voltar para Los Angeles, depois tínhamos bons momentos, mas logo brigávamos novamente. O período entre o natal e o ano novo foi o melhor… não brigamos nem mesmo uma vez, mas logo tudo desabou novamente. Talvez se tivéssemos voltado quando N falou, não estaríamos assim. De qualquer forma, a viagem que era para ser a viagem dos meus sonhos se tornou um pesadelo e eu só queria voltar para casa, acabar logo com tudo isso.
Quando percebi, lágrimas já rolavam novamente pelo meu rosto e eu fechei os olhos, tentando as conter. E quando enfim consegui, a tristeza deu lugar a raiva. Eu sabia que Noah estava assustado com tudo que estava acontecendo, mesmo que ele tentasse se fazer de forte e intocável na maior parte do tempo, todas vez que ele recebia uma ligação com alguma má notícia, seus olhos transbordavam de medo. E eu sei que eu precisava dar espaço para ele nessas horas. Mas eu não consigo, eu me preocupo com ele, e apesar de não saber do que se trata, eu também fico com medo a cada vez que seu celular toca.
Eu estou brava com Noah, e talvez nem seja pelas suas palavras idiotas, afinal elas eram da boca para fora e eu sabia que logo ele estaria se desculpando sobre isso. O problema é o simples fato de ele se achar no direito de me esconder coisas e esperar que fique tudo bem. As coisas não funcionam assim, eu tenho sentimentos, eu também sinto medo, e não é por isso que eu fico me exaltando e xingando as pessoas na tentativa de as afastar. 
Noah me vê como uma fraqueza, e eu sei que eu sou fraca. Tenho uma saúde mental que é praticamente fodida depois de ter crescido trancada em uma escola sem pai e sem mãe. Estou carregando seu filho e sei que a ideia de perder nós dois o deixa zangado e assustado, mas ele acha que eu não tenho medo de o perder? Eu morro de medo de o perder, afinal, ele é a minha família e eu o amo demais. E eu sei que o Urrea também me ama e por isso faz tudo isso, mas está na hora de ele perceber que não sou mais a garotinha que ele conheceu no começo das aulas. O Noah precisava perceber que eu não queria mais viver nas escuras sem saber o que ocorre ao meu redor. É meu direito saber e eu vou lutar por isso.
Saí do banho e me sequei com a toalha, me enrolando em um roupão em seguida. Fui para o quarto e parei diante da mala, já praticamente pronta para voltar para casa. Peguei um conjunto de moletom da Nike e me vesti, fazendo uma maquiagem leve e colocando meu tênis. Arrumei o quarto, fechando as malas e as colocando em um canto. Saí do quarto, entrando em todos os quartos, menos no do Noah, e me certificando de que todos estavam arrumados e que nenhum tonto esqueceu alguma coisa. E adivinha? Devo ter achado umas seis coisas do pessoal, Joalin e Any na verdade, largadas pelos dormitórios.. Depois que guardei tudo na minha bagagem, desci para ver se estava tudo em ordem na sala. E por incrível que pareça, estava. Eles haviam arrumado tudo, e se me recordo bem, os garotos haviam desmanchado a árvore de natal no dia anterior, guardando ela novamente em seu devido lugar.
Cheguei a conclusão que estava tudo certo e voltei para o quarto, me sentando na cama e pegando meu celular. Fiquei vendo as fotos que tiramos nesses dias e suspirei todas estavam realmente lindas e parecia realmente que havíamos tido uma viagem perfeita. Mas como todos dizem, nem tudo é o que parece e aquelas fotos não expressavam a verdade por trás das quase três semanas que passamos aqui. 

» I Can't Love You ˎˊ˗ ࿐°Onde histórias criam vida. Descubra agora