• ꒰ Chapter 33 • It's a boy.꒱ ˎˊ˗ •

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Sabina Hidalgo.
• 08 de janeiro de 2020
Los Angeles, USA.
Residência do Noah Urrea.

Ontem foi um dia extremamente cansativo. Após uma viagem extremamente estressante ao lado de Noah, com nós dois sem nos falar, enfim conseguimos nos resolver. E eu achava que tudo ficaria bem… Achava. Sabemos que nada na minha vida fica realmente bem, não de um dia pro outro. Quando consigo descansar um pouco, sou surpreendida pelo meu celular, apitando com uma mensagem do meu pai pedindo que eu fosse vê-lo. Era uma péssima ideia. Noah me avisou que era uma péssima ideia. Eu sabia que era uma péssima ideia. Mas, eu sou teimosa então simplesmente decidi que ia mesmo assim, e o Urrea concordou, me acompanhando e ainda levando alguns de seus homens juntos, com medo de que fosse uma possível armadilha. 
Eu devia ter escutado meu namorado e ter ficado em casa, descansando e aproveitando as comodidades que a casa do Urrea me proporciona. Mas eu não fiz isso e acabei tendo que enfrentar uma visão horrível dentro do lugar que eu um dia chamei de lar. Durante anos, meu pai nunca deixou que ninguém entrasse em casa, apenas pessoas de confiança. Todos homens. Nunca permitiu que qualquer amigo meu fosse lá e usava a desculpa de que quando eu estava em casa era nosso momento em família. O que nunca realmente aconteceu, Fernando não ligava para "momentos em família", ele passava o final de semana distante, não trocava mais que dez palavras comigo e a maioria de suas frases eram ameaças discretas que pela minha ingenuidade da época nunca percebi.
Agora que eu conheço a verdade é mais fácil perceber todas as vezes em que sofri sem perceber em casa. As diversas mentiras que foram contadas, os amigos que meu pai dizia ser seus colegas na empresa em que trabalhava, mas que na verdade eram criminosos que viviam olhando para o meu corpo(mesmo quando eu era criança). Acho que consegui "fugir" a tempo, não duvido que meu pai acabaria me entregando para qualquer um de seus amigos e eu estaria sofrendo em uma prisão sem fim. 
Às vezes me pergunto se sempre foi assim ou se algo o mudou, como a morte da minha mãe. Mas mesmo se fosse, meu pai teve a opção de se transformar no que ele é. Afinal, ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolhas e circunstâncias. E ontem foi a conclusão de tudo para mim e eu tive certeza absoluta que durante anos chamei um monstro de pai.
A cena daquelas mulheres amarradas fica passando pela minha cabeça, ocasionando um sono extremamente turbulento. No jantar ontem eu mal consegui comer, a comida não descia e eu precisei vomitar algumas vezes. Noah me forçou a tomar algumas vitaminas e depois me colocou na cama, fechei os olhos mas não conseguia dormir. Ouvi ele ligar para a médica e para a irmã, dizendo que ia me levar para o hospital fazer exames logo pela manhã. O Urrea estava preocupado, e tenho a impressão de que não dormiu a noite toda, já que todas as vezes que um pesadelo invadia meus sonhos, eu sentia seu carinho e escutava sua voz me acalmando, permitindo que eu tivesse algumas horas de sono.

— Ei, amor… — Despertei pela manhã com sua voz suave e seu carinho em meu rosto.

— Bom dia. — Murmuro, abrindo os olhos e me mexendo na cama. Noah riu de maneira fraca, me observando sentar na cama. Olhei em sua direção, como eu temia, as marcas do cansaço estavam estampadas em seu rosto, deixando claro que ele não havia dormido nem mesmo um segundo. — Você não dormiu… — Resmunguei e ele suspirou, se aproximando e sentando em minha frente.

— Eu não consegui, Sabina. Eu sei que você ficou chocada com ontem, sei que a cena daquelas mulheres ficou na sua cabeça. — Disse, segurando a minha mão. — Você teve pesadelos a noite toda, eu não podia dormir, eu precisava cuidar de você e te acalmar. — Revelou, levando sua outra não para o meu rosto. 

— N, você precisa descansar. — Falei e ele negou.

— Liguei para a médica ontem a noite. Adiantei sua consulta, você não comeu nada no jantar e eu fiquei preocupado. — Falou e eu suspirei, assentindo. — Quer me contar com o que sonhou? — Perguntou, e eu fiquei tentada a negar, mas se eu não contasse a alguém, aquilo ia ficar me correndo. Acabando lentamente com o meu psicológico já ferrado.

» I Can't Love You ˎˊ˗ ࿐°Onde histórias criam vida. Descubra agora