• ꒰ Chapter 40 • You do not know.꒱ ˎˊ˗ •

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Sabina Hidalgo.
• 16 de fevereiro de 2020
Los Angeles, USA.
Residência do Noah Urrea. 

Eu estava exausta. Fisicamente exausta e mentalmente exausta. Esses dias foram horríveis, minha cabeça estava o tempo todo trazendo as piores lembranças da minha vida. Meus pesadelos da infância, cada coisa que meu pai aprontou nos últimos meses, cada vez que os homens do meu pai tentavam algo comigo e por último, o hospital com a notícia de que perdi o bebê. Tudo isso estava me fazendo piorar cada vez mais.
Não queria mais sair do quarto de Maven, e eu ficava apenas lá, lamentando a perda do bebê. Não queria comer, não queria tomar remédios, principalmente calmantes, já que eles iam me fazer dormir e eu acabaria tendo pesadelos sobre tudo. Eu não queria mais viver. Não queria viver com toda aquela dor no meu coração que a cada dia se intensificava mais.
Ontem havia sido um dos únicos dias que eu deixei que me medicassem. Eu estava tão cansada de tudo, que dormir pareceu ser o melhor jeito de fugir. Fugir… era só isso que eu vinha fazendo. Fugindo das perguntas, fugindo de tudo. Acabei tomando um calmante forte e isso me derrubou, e também fez com que eu não tivesse nenhum pesadelo e pudesse curtir um pouco do meu sono calmo. 
Quando despertei, ainda era cedo e eu estava no quarto que eu dividia com Noah. Levemente confusa, me sentei na cama, olhando a porta aberta e Noah conversando com Lamar. Meu namorado logo entrou e se sentou em minha frente, o abracei, sentindo ele me apertar em seus braços. Eu precisava tanto dele… Mas logo a pergunta que mais odeio saiu da sua boca e eu senti novamente a necessidade de fugir. E foi basicamente isso que eu fiz. Tomei um banho quente e me troquei, o ignorando enquanto fazia meu caminho até o quarto do bebê. 
Mesmo que eu tivesse certeza de que eu estava desidratada demais para ter lágrimas, elas logo se formavam em meus olhos, ameaçando me derrubar mais uma vez. As lembranças invalidam minha cabeça enquanto eu olhava fixamente para o nome de Maven pintado na parede. Dor me consumiu e eu desabei novamente em um choro sofrido, lembrando que tudo poderia ter sido diferente se tivesse mudado algumas ações. Que tudo poderia ser diferente.

— Saby… — Any se aproximou, tentando tocar meu braço. Me encolhi, olhando brevemente em seus olhos. Sentada na poltrona, puxei meus joelhos em direção ao peito e abracei as pernas. 

— Vá embora, Any… Não era nem para você estar aqui. — Resmunguei, sem me dar o trabalho de secar minhas lágrimas. 

— Saby, você não pode ficar assim. Por favor… Nós precisamos de você. — Ela suspirou. — Eu sei que dói… — A interrompi.

— Não, Any. Você não sabe. — Esbravejei, a olhando. — Você nunca passou ou vai passar por metade do que eu passei. Você não foi sequestrada, você não apanhou até ficar à beira da morte. Você nunca perdeu um filho. Você nunca teve um pai tão filho da puta a ponto de vender sua própria filha para ser torturada e estuprada. Não diga que sabe que dói, não diga que entende minha dor quando claramente nenhum de vocês entendem. — Falei alto, praticamente gritando, olhando tanto para ela quanto para Linsey, que estava na porta. 

— Sabina… — Minha cunhada tentou falar comigo, mas fechei os olhos e neguei. 

— Eu quero ficar sozinha. Eu preciso ficar sozinha. — Suspirei. — Apenas… Apenas saiam daqui e me deixem em paz. — Pedi, mais calma. Elas suspiraram e saíram, fechando a porta e me deixando ali, sozinha. 

Não sei quantos minutos se passaram, mas de repente eu me sentia sufocada ali. Aquele quarto era o lugar para onde eu ia para fugir dos outros, mas também era o lugar responsável por trazer todos os meus pesadelos. Levantei correndo, e quando me dei conta já estava subindo o último lance de escada para chegar no terraço. Era uma área menos frequentada da casa, e era o lugar perfeito para eu tomar um ar. 
Me aproximei aos poucos do parapeito, me sentando um pouco distante, com o corpo inteiro trêmulo. Deixei as lágrimas caírem, minha cabeça doía, meu coração doía… E após minutos eu apenas queria acabar com aquela dor. Me levantei e me aproximei do parapeito, meu coração martelava contra o meu peito, e quando enfim decidi dar meu passo final. Braços fortes agarraram minha cintura e puxaram para trás. 

» I Can't Love You ˎˊ˗ ࿐°Onde histórias criam vida. Descubra agora