Capítulo Trinta e Três.

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G I U L I A

- Se você me levar naquele restaurante em Niterói que vende aquelas tortinhas doces, eu faço o que você quiser. Mas claro, sem envolver meu cu, hein. - disse quando entramos no carro e ele já revirou os olhos.

- Nem fodendo que vou atravessar a cidade pra comprar tortinhas, pelo amor de Deus.

- Ô, Felipe, por favor cara... - olhei pra ele fazendo bico - Aquela de leite condensado é gostosa pra caralho.

- Esquece, vou lá nada, começa não, pô.

- Essa é sua resposta final? - perguntei e ele concordou - Vou fazer greve, hein. Um mês sem nada! Antes de você começar a falar, eu juro pela sua priminha, a Amanda.

- Caralho, vai me fazer ficar mais de um hora dirigindo. Que ódio, garota! - sorri vitoriosa.

Fazia dias que estava morrendo de vontade de comer aquelas tortinhas, tipo empadinhas, mas com recheio doce. Claro que quando fosse comprar, ia fazer um mix de doces e salgadas. Mas ele não precisa ficar sabendo disso agora.

Liguei logo o som, porque conhecendo o Felipe, ele iria reclamando o caminho inteiro. E não estava com vontade de ficar escutando as merdas que ele iria falar.

A festa da Vitória semana passada, foi maravilhosa. Nunca bebi tanto na minha vida quanto naquela noite. Sobrou pra Manuela e o Felipe pra cuidar de mim. Mas também no outro dia, estava com uma ressaca que passei o dia inteiro dormindo.

Nós estávamos quase chegando, na metade do caminho, o Felipe tirou a cara emburrada e ficou cantando comigo. Viciei ele com sucesso nas músicas do Cazuza, Legião Urbana e Nando Reis. Mas ele também me viciou no Orochi, Filipe Ret, Xamã e não parava por aí.

Passava o dia todo cantando rap, tudo que eu fazia. E não enjoava por nada nesse mundo, as músicas são extremamentes viciantes.

Paralisa com seu olhar
Monalisa
Seu quase rir ilumina
Tudo ao redor, minha vida
Ai de mim, me conduza
Junto a você ou me usa
Pro seu prazer, me fascina
Deusa com ar de menina

Jorge Vercillo não tem um defeito, as músicas dele são tudo na minha vida. As dele com Péricles me fazia bem horrores.

- Viu como valeu a pena, olha que delícia, cara. Com certeza essas são as melhores do Errejota e nem adianta negar - disse mordendo um pedaço da tortinha de leite condensado.

- Porra, papo reto, essa de frango é gostosa pra caralho - respondeu e eu sorri - Mas nem acostuma que eu não vou ficar atravessando a cidade pra comer.

- Ih, vai achando. É um pecado a gente morar tão longe dessa gostosura. - disse - Vou levar umas pra Manuela, ela deve gostar, mas tomara que não, que aí eu mesma como.

- Vou lembrar de dizer isso a ela, mas se ela não quiser, a gente divide, pô.

Eu concordei, mas comigo não rola divisão certo. Ou tudo ou nada. Orgulhosa? Egoísta? Talvez! Mas é comida, cara. Não se divide. Ainda pedir pra mulher colocar umas pra viagem pra eu comer quando chegar no apartamento.

A gente voltou pra Barra bem de noitinha, um clima bem fresco, na estava dando pra ver a lua que por sinal, estava maravilhosa.

O trânsito que estava um pouco ruim por conta do horário, mas nem estava me importando muito. O Felipe que foi me xingando o caminho inteiro por ter feito ele demorar. Até parece que não tinha gostado do motivo de ter vindo até Niterói.

Assim que chegamos, o imundo do Felipe fez questão de entrar comigo pra conferir que eu iria dar as tortinhas pra Manuela. Nossa, que ódio!

- Aí, Manu. A Giulia me fez ir em Niterói pra comprar essas tortinhas, cê gosta também? - ele entregou na mão dela.

- Porra, gosto sim. Mas pra você ter vindo me entregar, já até imagino o motivo. - sorriu.

- O bobo veio ver se eu iria te dar mesmo. - falei e ela concordou a cabeça. - Cadê o Vini? Achei que vocês estariam juntos?

- Ih, parceira. Ele saiu daqui agorinha, não sei como vocês não encontraram ele.

- Deve ter se perdido por outro apartamento - Felipe falou e ela jogou um par de sandália na direção dele - Brincadeira, cara. Agressiva!

- Você que é um ridículo!

- Vou embora que ninguém aqui me valoriza - me deu um selinho e foi saindo - Mas olha, Manu. Fica ligada, pô!

Eu só ria das implicâncias deles e sentei no sofá pra assistir "Verdades Secretas" na GloboPlay com a Manu.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora