Quando o sol chegar

Capítulo Setenta e Um.

F E L I P E

- Coe, mané. Fala aí, tô querendo sua opinião... - falei chamando a atenção do Breno.

- Qual foi, pô.

- Tô querendo fazer uma parada boiolinha pra Giulia, parceiro.

- Pedido de casamento? - perguntou com os olhos arregalados.

- É, pô. Você acha precipitado?

- Que nada, irmão. Tá vivo, tem que se arriscar mesmo, viver enquanto pode, porque a vida é um sopro. Você mais do que ninguém sabe disso - fizemos um aperto de mão.

- Tô aceitando ideia, se ligou? Vou falar com as meninas pra ajudar a montar tudo.

- Mas cê já sabe o lugar que quer ou não? - falou baixo, porque as meninas estavam próximas.

- Praia, Giulia gosta bastante, se pudesse virava sereia.

- Papo reto, fala com as meninas e a gente arruma tudo e pá.

Deixei ele conversando com o Davi e fui atrás da Giulia que tava comendo doce na cozinha, foi aniversário da irmã do Vinícius, aí ele trouxe vários doces diversos pra Giu que não pode ir porque estava trabalhando. Desde quando cheguei ela tá comendo esses bagulho.

- Porra, que fome é essa, garota? - disse entrando na cozinha e ela colocou a mão no peito e fez cara de assustada.

- Que isso, amor. Quer me matar? Que susto! - sorriu - Muito gostoso esses docinhos, não quer nenhum? - fez bico com a boca toda melada de brigadeiro.

- Tô cheio, baby cat. E com esses seus olhos é capaz de cair se eu pegar um desse - falei e ela mandou o dedo do meio pra mim.

- Ridículo! Não cansa de ficar falando essas baboseiras.

Fiquei conversando com ela, até comi uns docinhos, mas eu prefiro salgado, doce demais, enjoa. E foi isso que aconteceu com a Giulia, comeu pra caralho e no final vomitou.

- Eu avisei, você come pra caralho. Modera, filha da puta!

- Namorado carinhoso e afins. Também te amo, Dias! - mandou beijo no ar.

- Vou dormir aqui hoje você querendo ou não. Aliás, você já marcou consulta pra ver suas dores de cabeças? - perguntei deitando na cama.

- Para que, garoto? Foi só uma dorzinha de leves, suave.

- Ah tá, dor de cabeça, vômito... Isso tá me cheirando é a bebê - disse e na mesma hora a garota arregalou os olhos.

- Não inventa, você quem fica fazendo simpatia.

Ela terminou de tomar banho, foi beber água e veio deitar do meu lado. Liguei a televisão e ela colocou uma novela na GloboPlay, tá toda viciada em assistir novela, eu agradeci que não é aqueles filme de clichê na Netflix. Chato pra caralho, só alimenta a mente de uma pessoa que pensa que relacionamento é cinco estrelas.

As novelas que ela assistia eram de épocas, gostava até. E a garota é frenética, acabou uma, ela já tá com uma nova na cabeça e coloca. Surta, grita, eu fico de boa jogando meu bom e velho Free Fire.

- O Joca fala alguma coisa pra você sobre a May? - me perguntou, fifi pra caralho essa garota.

- Fofoqueira! Ele me conta as parada deles, pô. Cria tá envolvidão, apaixonou e tudo. Cê acha que vai pra frente?

- É... A May veio com o mesmo intuito que eu vim, me privei, mas olha como tô agora. Vai saber, eu gosto deles, se gostam - respondeu - As vezes eu tenho a impressão de que ele é meio que duas caras, sabe?

- Como assim, maluca? - arqueei as sobrancelhas.

- Tipo, ele é misterioso. Não sei explicar, só sinto. Como se a gente não soubesse de um lado dele, entende? Você conhece ele a muito tempo?

- Pô, baby cat, eu conheço o Joaquim desde quando entrei na faculdade. Tava começando o curso e ele saindo de direito, trabalhava com o pai já, todo direito. Nunca soube nada demais... - respondi.

- Namorava? Pegador? Pica de mel? Ou aqueles de quem come quieto, almoça e janta?

- Cê é maluca, cara! - dei risada - Você me conheceu como? Ele era igualzinho, aquelas coisas mais pra frente...

- Promíscuos! Eca! - fez cara de nojo.

- Ih, garota. Abre o olho, seu namorado também teve uma vida antes dessa. Você me mudou, otária. Chegou toda cheia de si, mas não aguentou a pressão do pai. E olha hoje, não consegue nem dormir longe de mim - rimos e eu baguncei o cabelo dela.