G I U L I A
Acordei cedinho e por uma milagre, antes do despertador tocar. Levantei, tomei um banho, vestir uma calça jeans cintura alta, uma regata e meu tênis vans, meu xodó. Fiz um rabo de cavalo, zero vontade de ir com cabelo solto, calor dos infernos fazia na faculdade.
Organizei minha mochila e fui pra cozinha, a mesa estava toda arrumadinha o que me fez pensar que a Manu já tinha acordado. Passei creme de ricota no pão e sentei pra comer com suco de laranja. Não demorou muito e a Manu sentou pra comer junto comigo. Terminamos de comer e fomos pra faculdade. Não sei era felizmente ou infelizmente, eu não tinha visto o Felipe. Uma manhã calma, amém.
Assim que chegamos na faculdade, eu já vi a Camila conversando com o Davi. Fui até eles, porque eu ainda não tinha me acostumado com a imensidão dessa faculdade.
- Bom dia, amizades. - falei e abracei a Camila de lado.
- Bom dia, Giu - Davi sorriu de canto.
Fiquei conversando com eles por um tempinho, mas depois chamei a Camila e fomos pra sala. Ela era mais fácil de lembrar caminho, minha mente era pior que a da minha avó. Não lembro nem do que eu comi ontem, imagina lembrar o caminho das salas dessa faculdade.
- Estou pensando em começar a malhar, Cami - falei sentando na cadeira.
- No seu prédio tem academia né?
- Tem, descobrir hoje. - respondi.
- Eu sou sedentária, não sei como eu sou magra, é uma ilusão eu fazer nutri e comer o que eu como.
- Eu sou a mesma coisa, ontem eu fui com o Felipe no MC, só comi besteira.
- Hm, Felipe é?
- Fora de cogitação rolar algo, vim pro Rio justamente pra colocar minha vida nos trilhos, ter a minha tão sonhada independência. Homem não passa nem perto dos meus planos.
- Tá certa, amiga. Primeiro vem você!
Professor entrou na sala e paramos de conversar. Glória ao senhor era aula de matéria de humanas. Pena que o professor era um arrogante, já chegou passando um trabalho, não sei como ia aguentar até o final do curso, mas logo, logo, eu me acostumo a lidar com essas diferenças.
Assim que terminou a aula dele, deu nem tempo de respirar e já entramos em outra sala. Aula no laboratório era bem legal, tinha uma professora bem maneirinha, só queria ver como era os testes dela.
...
Passei a manhã toda tendo aula e um pouquinho da tarde. Sai da faculdade e parece que foi Deus que botou o Felps na minha frente. Quando ele me viu já deu a porra daquele sorriso de canto, que já era um charme dele.
- Vai pra casa agora? - perguntou e eu concordei - Entra aí, pô.
Quando ia entrar no carro, escutamos uma garota chamar ele. Quando olhei era uma mulher muito bonita, bem arrumada, com cabelos preto longos. Com algumas tatuagens no braço perfeitas.
- Quem é ela, Lipinho? - ela perguntou e o Felipe bufou. Pronto, mais um apelido pra eu zoar ele.
- Nathalie...
- Prazer, Giulia. Vizinha do Felps e colega de empreendedorismo dele.
- Hm, sou a Nathalie, amiga do Felps - falou com desdém o "Felps".
- Tchau, Nath. Adianta aí, Giulia - Felipe falou e eu fechei a porta do carro.
- Climão hein, Lipinho. - dei risada.
- Você não cansa né - falou e deu partida.
- Cara, todo dia aparece um novo apelido pra eu te zoar, não posso perder oportunidade.
- Pilantra!
Fomos o caminho inteiro discutindo, porque o safado nunca tinha assistindo Pretty Little Liars. Como assim gente? Nem que eu precisasse amarrar ele na cama, mas ele iria assistir. Só não sei se iria me controlar a não dizer quem era A.
Ele estacionou o carro na garagem, falamos com o porteiro e fomos pro elevador. Apertei o botão do nosso andar e chegou bem rapidinho.
- Aí, bora tomar açaí mais tarde? - ele perguntou na frente do apartamento dele.
- Você sabe que eu não nego comida. Que horas?
- Duas horas, se eu bater aí e você ainda tiver calçando sandália, você fica.
- Ih garoto, vai se foder. - mandei o dedo do meio.
- Olha o respeito, menina, já te falei que sou de Deus.
- Vou nem te responder, Lipinho.
Entrei no apartamento, deixei minha sandália na porta, fui pro quarto. Tomei um banho, vestir um vestido bem soltinho e fui fazer uma comidinha.
Fritei uns bifes de carne, cozinhei arroz e já tinha feijão, só fiz esquentar. Fiz suco de Maracujá. Se tem uma coisa que eu nunca me submetia a comer, era arroz integral. Poderia estar morrendo, mas não desce.
A Manu chegou uns minutinhos depois e almoçou comigo. Depois ela disse que lavaria as louças, olhei no celular e vi que ainda era nem uma hora da tarde, então dava tempo de arrumar meu quarto. Separei as roupas sujas e botei na máquina pra bater. Arrumei o guarda-roupa, estava parecendo que um boi passou por ali e fez a merda. Organizei minhas bijouterias na caixinha, minhas maquiagens e meus cremes. Troquei os lençóis da cama, peguei a vassoura pra varrer o quarto e passei pano. Deitei na cama mais morta que um defunto.
Exatamente na hora que eu deitei, chegou mensagem de um número desconhecido no Whatsapp
✉
Xxxx: Tá pronta?
Eu: Quem é?
Xxxx: Felipe, futuro amor da sua vida.
Eu: Como tu descobriu meu número, inferno? Trabalha pro fbi?
Felps: Queria, mas eu pedi as meninas, elas nunca me desapontam.
— 🙄🙄 você tá pronta, Giulinha?
Eu: Estou quase, calma...✉
Quando eu estava entrando no banheiro, meu celular tocou, peguei e vi que era minha mãe. Boa hora pra ela me ligar. Já atendi pedindo a Deus pra não me chatear.
📞
- Oi, mãe - falei assim que atendi.
- Tá bem, filha?
- Eu estou mãe e a senhora?
- Senhora tá no céu - riu - Estou bem. Como tá indo a faculdade, os garotos...
- Estou cansada com a faculdade, mas tá indo tudo bem. E sobre os boys, tem nenhum. Como a senhora diz, quando alguém namorar comigo, eu que paguei.
- Você também não ajuda - riu - Estou com saudades de você - falou bem baixinho, era difícil minha mãe falar essas coisas, ela sempre foi bem fria.
- Também estou, mãe. Logo, logo, eu vou visitar a senhora.
- Vou ficar esperando, minha filha. - disse - Agora eu vou desligar, porque você deve tá ocupada.
- Vou só sair pra tomar um açaí. Mas tá bom, beijo mãe. Te amo!
- Também te amo, filha!
📞
Confesso que aquela ligação, mexeu bastante comigo. A gente nunca foi muito próximas, sempre fui mais da minha avó. Mas não anula o fato de que eu amo ela e sinto saudade dela pra caralho.
Sequei uma lágrima que caiu, respirei fundo e fui tomar banho. Vestir um short jeans cintura alta rasgadinho e um biquíni que eu usava de top.
Penteei meu cabelo o deixando solto mesmo. Calcei uma rasteirinha, botei dinheiro na capinha do celular, peguei a chave que eu tinha do apartamento e fui encontrar o Felipe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando o sol chegar
RomanceGiulia, uma jovem determinada e recém-chegada do agitado São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar Nutrição na universidade local, buscando uma nova vida longe dos conflitos familiares. Sua rotina acadêmica ganha um inesperado revés quan...