Capítulo Quarenta e Cinco.

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G I U L I A

Acordei super atrasada, a culpa é unicamente do Felipe que me fez ficar até às três da manhã assistindo série. Esse garoto só pode me achar desocupada e pior que eu tinha uma consulta com minha gine.

Desde pequena, minha mãe me levava à ginecologista, sempre, sempre. Peguei essa mania dela, mesmo depois dos 18, ela me levava, mas depois que vim morar no Rio, eu ia só. Fazia falta a presença da minha mãe, mesmo nos falando por ligação, chamada de vídeo. Mas faz falta. Essa foi a escolha que eu fiz, hora de arcar com as consequências.

O apartamento do Felipe, já era praticamente meu, já tinha uma parte do guarda-roupa dele que já era toda minha. Tinha tudo meu aqui gente, aconteceu tudo muito rápido, foda era que eu gostava, e muito!

Lavei meu cabelo com meus produtinhos super cheirosos, vestir uma calça jeans com uma blusa que amarrava atrás, tinha comprado ela na Shein e já era meu xodó. Usava pra todo canto que ia, juro!

Depois que me arrumei, fui acordar o marrentinho, acordar esse macho é pior que acordar uma criança, uó.

- Acorda, coisa. Quem ganha dinheiro na cama é puta... - duas partes do corpo que era extremamente sensível que eu já percebi no Felipe, o pescoço e claro, o pau. Eu comecei a encher o pescoço dele de beijos e logo, o princeso foi acordando - Bom dia!

- Hm, tá cheirosa! Não vai pra faculdade? - cheirou meu pescoço e eu me arrepiei, por conta da barba - Bom dia, bebê...

- Vou na gine, consulta do mês, nem queria faltar faculdade - ele sorriu de canto e me deu um beijo na bochecha.

Pro Felipe levantar foi uó, demorou pra caralho, mas por fim ele foi tomar banho. Nem entrei no banheiro, porque era capaz dele me nolhar e eu ter que me arrumar toda de novo.

- Pô, aquela minha blusa preta tá nas suas coisas né? - tirei os olhos do celular e olhei pra ele.

- Tá, eu vou falar com a Manu e a gente pega.

A maioria das blusas do Felipe, eu roubava. Sem vergonha, já tinhas umas dez no meu apartamento, eu amava. Botava com um short ou calça e pronto, arrumada. Fora que tinha o cheiro fixo dele, não sei explicar o cheiro do Felipe, mas é muito bom. E só ele tinha, único e lindo. Sou toda love, love...

Manuela já estava acordada tomando café, o Felipe sentou pra tomar café com ela, enquanto eu fui pegar minhas apostilas referente as aulas de hoje.

- Coloca meu celular pra carregar aí, gatinha - peguei na mão do mesmo e coloquei. Mas como sempre, quando coloca pra carregar a tela de bloqueio acende. E tinha umas mensagens da Nathalie no instagram e eu, por mais que estivesse errado em estar invadindo de certa forma, a privacidade dele. Entrei na conversa por pura curiosidade e insegurança.

Meu arrependimento bateu quando vi vários nudes dela, todos abertos, mesmo não respondidos, estavam abertos.

Foi automaticamente que bateu a insegurança e junto dela, meu trauma com relacionamento. De sempre ser trocada, de sempre eu, nunca ser suficiente pra uma pessoa.

- O que cê tá vendo aí? - ele perguntou e eu olhei pra ele com meus olhos já enchendo de lágrimas. Eu poderia estar sendo dramática, imatura? Talvez, mas com insegurança, é muito difícil de lidar. Não são todas as pessoas que conseguem seguir a vida com esse trauma. Ainda mais porque foi meu primeiro relacionamento, tudo me levava a ele. Por isso o motivo de eu sempre querer me afastar das pessoas que eu sinto que vão me magoar.

- Por que dessas fotos da Nathalie? Não, melhor, o por que delas estarem sendo visualizadas e permanece aqui.

- Isso não é importante, tá vendo eu nem respondi nada? As atitudes da Nathalie me fizeram perder o encanto que tinha por ela. Só você, você tem esse poder - disse tentando se explicar, mas gaguejando e aparentemente, nervoso - Me deixa te explicar...

- Não, eu não quero saber de nada. Nem de você, nem do seu passado e muito menos. Eu já aguentei muita coisa dessa garota e essa eu não vou aturar!

- Giulia...

- Eu estou DESGASTADA, Felipe. Com tudo isso, entende? TODO DIA a porra de uma coisa que ela faz contra a gente. E quem sempre sai magoada? Eu! - nessa hora, eu já tinha perdido totalmente o controle das minhas lágrimas, elas desciam sem parar. E eu estava tremendo, andando de um lado para o outro.

- Cara, não é pra ser assim!

- Felipe, vai embora. É sério! Me deixa pensar, amanhã ou mais tarde, a gente conversa.

- Não, Giu. Eu não vou embora e deixar você assim, eu não gosto de ver você chorando.

- Só vai embora...

- Eu fico na sala, esperando você se acalmar, só vamos conversar.

- Vai embora, por favor. Eu tô pedindo pra você ir embora e me deixar sozinha.

Ele manteve o olhar fixado no meu, negou com a cabeça mas continuou me olhando. Não tinha mais forças, só deitei na cama e tentei realmente imaginar que aquilo era um pesadelo, que daqui a pouco eu iria acordar e estaria tudo bem novamente.

Mas infelizmente, não era! A Nathalie continuava presente em nossas vidas. Se não era mandando nudes, era provocando na faculdade, sempre chegando nos lugares aonde nós estávamos e dando em cima do Felipe toda vez.

Poderia ser ciúmes? Sim. Mas estava tudo muito recente, não conseguia lidar com aquele sentimento novo.

- Eu vou, mas eu volto... - essas foram as últimas palavras que escutei antes dele ir embora.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora