Capítulo Vinte e Sete.

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F E L I P E

Acordei com uma dor de cabeça fodida, ontem depois que sair do consultório com a Vitória e o Henrique, fui pro bar com o Victor. Bebemos pra caralho, puta merda. Só lembro até o primeiro gole de cachaça. Queria saber quem me deu banho, porque amanheci só de cueca. Levantei, tomei um banho gelado, me trajei no pique. Fui na cozinha, peguei uma caixinha de Nescau, a chave do carro e meu celular. Desci de elevador e vi a Giulia conversando com o carinha lá, o tal Pedro.

- Quer carona pra faculdade? - perguntei me aproximando dela.

- Não, vou com o Pedro - respondeu, abrindo um sorriso sem graça.

- Ah, beleza, pô.

Destravei o carro, entrei e dei partida. Encontrei com a Nathalie no meio do caminho, dei carona a ela e fomos conversando. Mais um vez teve briga com os pais dela. Psicológico dela estava totalmente fodido, já mandei ela ir numa psicóloga, mas é teimosa.

- É difícil, Felipe. Ontem eu só queria um lugar pra sair e não ter presenciado aquela briga, meu pai só falta bater nela. Eu sempre quis sair daquela casa com ela, mas a minha mãe parece que gosta de ser humilhada.

- Tem certeza que seu pai não ameaça ela? - perguntei e ela me olhou pensativa - Tipo, seu pai pode dizer que se ela se separar, pode fazer algo com você. É foda, Nath.

- Eu pedi a Larissa que saísse comigo, mas ela nem se mexia, apenas escutava tudo calada. Ela deve estar pior que eu, cara.

- Você está se sentindo melhor em estar conversando comigo?

- É sempre bom conversar, desabafar, essa situação da minha família é muito difícil.

- Então, se você conversar com uma psicóloga, vai se sentir melhor. Psicóloga não é pra doido não, eu não sei como te ajudar, Nathalie. Se você quiser, eu até com você em uma consulta, quando estiver melhor, você vai só.

- Vou conversar com a Larissa, ela já passou por acompanhamento - falou. A Larissa era irmã dela, tinha quinze anos, ela tem acompanhamento com psicólogo desde os dez anos. Família toda mal resolvida, aí fode a cabeça das minas.

Estacionei o carro, peguei minha mochila no banco de trás e sair. A Nath saiu logo depois, travei o carro e fomos andando. Eu não podia ficar muito tempo do lado de fora, hoje era a primeira aula era da professora chatona de Fotografia e Vídeo. Tinha um trabalho pra entregar, e iria tirar foto da Giulia mesmo, ela que lute. Mina tem jeito pra isso, além dela ter fotos pra postar, ela tem conteúdo pra postar no Instagram dela. Unir o útil ao agradável.

...

- Era só a comida da tia Lua agora... - Breno falou umedecendo os lábios.

- A mãe saiu com as velhas que ela chama de amigas - disse coçando a nuca.

- Vou pra empresa agora, dá nem tempo de almoçar. Bora, vou pegar carona com você.

- Ih alá, cadê o Davi? - perguntei.

- Macho tá cadelinho da Camila, doido pra voltar, está parecendo o Henrique no carnaval atrás da Vitória - rimos - Deu o que com a Nathalie ontem? - Breno perguntou - Ontem ela ligou desesperada pra Beatriz, são amigas né.

- Sabia que elas são amigas não, misericórdia, a união delas duas é pior que naja e sucuri se encontrando.

- Imoral, cara! - Gargalhou.

- Mas ela tá com problema na família dela de novo, Larissa voltou com acompanhamento no psicólogo.

- Aí, eu tinha merda na cabeça quando fiquei com ela, a Larissa tinha quinze anos e eu vinte, se os pais dela descobrisse, ia ser prisão na certa. Mas fazer o que, proibido é mais gostoso.

- É foda, éramos os amiguinhos que ficavam com as irmãs.

Passamos no refeitório, comprei uma coxinha de frango com catupiry, ali sim, era minha perdição. Comi rapidinho e pá, não poderia demorar, se não, era rua na certa. Deixei o Breno na empresa e piquei o pé. Hoje tinha reunião pra fechar todas as festas do ano. Pena que eu estava escalado em quase todas, só podia curtir depois da meia-noite.

Liguei o ar-condicionado da sala, sentei numa cadeira e rapidinho o Victor, Sofia, Carol e outros chegaram. Era trabalho em cima de trabalho, cansativo pra caralho. Foi a tarde toda ligando pra fornecedores e fechando negócio. Sair da agência seis horas, fui o último a sair, então fechei tudo e fui pro prédio. Assim que cheguei, senti meu celular vibrar no bolso, peguei e vi que era ligação do Davi.

📞

- Coé...

- Cola aqui em casa, geral aqui tomando uma.

- Vou tomar banho e chego aí rapidinho.

- Jaé.

📞

Tomei um banho rapidão, vestir uma bermuda branca, deixava minhas tatuagens fodas a mostra, povo baba. Uma blusa grande branca e tinha listras lilás, minhas blusas favoritas a Giulia roubou. Botei meu perfume, pai é cheiroso. Calcei uma sandália da Fila, peguei a chave do carro e dei fuga. Não tinham nada pra fazer, aí ficam arrumando festa. Nem gosto?!

Já cheguei pegando uma Budweiser, dei um golão pra molhar a garganta. Estavam falando sobre o jogo do Flamengo que iria ter, estavam querendo assistir todos juntos. Mas nem ia, no dia era chá de fralda da Vitória e da Luísa, só eu sabia. Eles que lutem pra saber, já estava organizando tudo, deixando tudo no pique.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora