Capítulo Oitenta e Seis.

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B R E N O

A gente veio curtir a despedida do Felipe na Vitrinni, gente pra caralho, fechamos um camarote e só pedimos bebida, sem pena e sem miséria.

- Bora beber que amanhã a gente perde oficialmente um dos nossos, dor, apenas dor! - Davi falou levantando uma garrafa de vodka na metade, o cara tava frenético.

- Aí, bebe demais não, porque a gente tem que chegar cedo em Arraial amanhã, pô - eu como sempre, o que tinha mais cabeça nesse meio, avisei já a eles, beber, mas com moderação.

- Giulia morre se o Felipe casar bêbado, deixa pra festa que vai ser de arromba - Vinícius encheu o copo de whisky com gelo de coco.

A gente zoava demais com a cara do Felipe, papo reto, esses caras são imorais, não fazem vista grossa com ninguém.

E hoje eles estavam impossíveis, antes mesmo de acabar uma garrafa, já pedia outra. Davi, Vinícius e Felipe já estavam bem alterados, tavam tudo dançando no passinho, tudo combinado.

- Fala sério, dão pra ser dançarino de Tik Tok, amassou aí! - falei rindo olhando pra eles - Bando de desocupado, papo reto.

- Aí, liga pras meninas aí, vamo gastar com a cara delas - Davi pegou o celular e ligou pra Giulia - Ih alá, tudo morgada, cara. Que isso...

- Camila e Mayara ficaram bêbadas, eu e Manuela somos as únicas mães direitas desse grupo. Aonde que vocês estão? Som alto da porra.

- Vicrime, garotinha. Aonde marido chora e mulher não vê - Vinícius atiçou.

- É isso mesmo? Tá achando que é largado no mundo, tô longe, mas tô no controle de tudo tá? Você que chegue bêbado amanhã que eu corto seu amiguinho fora - Manu bolou.

- Que isso, mozão. Maldade com a razão da sua felicidade e dos seus sorrisos diários. Fala aí...

- Ou, estamos aqui, beleza? Olha a safadeza que eu sou o único puro aqui - falei dando um sorriso amarelo.

Eles ficaram perturbando as meninas por uma cota, mas a internet de merda da Giulia caiu e a gente voltou a curtir a noitada sem as donas. Amanhã vai ser maior gastação nesse casamento, tô até vendo, vai juntar todo mundo, bebida, só felicidade.

- Pega leve, Felipe, não esquece de amanhã...

- Brother, eu tô ligado, tem nem como eu esquecer do meu casamento com a mulher da minha vida - vai começar o Felipe bêbado apaixonado, versão mais engraçada dele - A gente vai ter um bebê, tem noção? Vou passar natal, ano-novo, carnaval, tudo, com uma mulher só. Você me conhece, cara, era uma pra cada ocasião.

- Mas vão ser duas, pô - ele arregalou os olhos - Giulia e a Layla, aposto que vai ser uma menina.

- Fala isso não, parceiro. Chega dói imaginar minha filha nessas festas com os macho tudo colado na dela, porque não tem como a garota nascer feia, olha pro pai, gostoso pra caralho - ele disse bebendo os resto de cerveja que tinha no copo.

- Não cansa de ser convencido essa porrinha, se liga, agora a responsabilidade dobrou. Quando você sair de casa, vai lembrar que precisa voltar pela sua mulher e pela criança que tá vindo aí. Pensar sempre antes de agir, porque não vai só ferrar com você, tem mais duas pessoas na parada.

- Papo retão, mané. Pai virou homem de família, tá ligado naquela música assim ó "E quem me viu
Se visse hoje não acreditaria
Que o cachaceiro virou homem de família
Troquei a noite pelo dia" - cantou todo desafinado, é cada coisa que sou obrigado a ver e ouvir.

- Canta não, viado - Vinícius chegou perto da gente dando um tapa na nuca do Felipe.

- Bora meter o pé, quase quatro horas da manhã e temos que pegar estrada pra Arraial - Davi falou - O mais sóbrio aqui é o Breno, você quem vai dirigindo, patrão.

Mas pra falar a verdade, não lembro nem a hora que saímos de lá, mas foi bem tarde, porque passava pela rua e vi o sol já nascendo. Os meninos estavam derrotados pra caralho, pra levantar aqui só um café forte e um belo banho gelado pra repor as energias. Meu celular tava quase descarregando e cheio de mensagens da Alana, sujou.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora