Capítulo Cinquenta e Um.

9.3K 682 371
                                    

5 meses depois...

G I U L I A

- AFASTA, PARADA CARDÍACA. RECARREGA 300...

Mais um dia tendo que encarar aquela nova realidade pra mim. O Felipe não dava indícios nenhum de que voltaria pra nós. A cada dia que passava minha esperança dimuía, já se passaram cinco meses e nada dele acordar.

As paradas cárdiacas começou dois meses após o coma, vocês já imaginam como a tia Lua ficou, né?! Na primeira vez até ela precisou ser internada do susto que tomou, fora que ela não estava comendo direito aí a situação só piorava.

O Breno que vem sendo um anjinho pra nós duas, o Davi e a Camila também ajudava bastante a gente. Nós intercalavamos com os horários pra ficar no hospital. Tava difícil conciliar faculdade, trabalho e ainda a minha nova "vida" de vim pro hospital todos dos dias. Vinha na esperança de ter uma nova notícia do Felipe, mas era inútil.

- Ele vai sair dessa... - abracei a tia Lua. Ela tava tão magrinha, minhas forças vinha delas, todos os dias ela fazia questão de lembrar que ele é forte e que vai voltar pra gente.

- Breno, eu vou confessar algo só pra você aqui, eu tô com muito medo dele ir embora, todos os dias eu penso nisso insistentemente e me vem na cabeça como a tia Lua vai ficar. Essa angústia vai mr matar... - me afaste da tia Lua e segurei nas mãos dele.

- Eu falei com um dos médicos do caso do Felipe e ele falou que se ele não apresentar melhoras na revisão de amanhã, vão desligar os aparelhos. Eu não tive coragem nem de dizer a ela, Giu.

- Todos os dias eu fico mais de uma hora conversando com ele, orando na capela que tem aqui pra melhora dele. Mas nesses cinco meses, quase seis, não tivemos NENHUMA melhora, amigo! - eu falava assim, mas por dentro meu coração se despedaçava todo. Só em imaginar isso já machuca a beça.

- Vamos confiar, com fé em Deus, amanhã nosso menino volta...

Eu fui pra casa, mas só porque insistiram pra caralho. Mas eu nem conseguia dormir, tentei fazer uns trabalhos acumulados da faculdade, já estava chegando o fim do período. Teriam férias de um mês, queria poder passar esse mês todo com o Felipe, ao lado dele. Mas tava tudo tão difícil...

Fui pro meu apartamento e agradeci aos céus por a Manu ter feito comida. Hoje eu estava com fome absurda, aos poucos minha apetite ia voltando. Mas era tanto susto atrás do outro que nem era sempre.

Sentei no sofá, liguei a televisão e fiquei assistindo um programa qualquer que passava na tv. Eu estava tão alheia que não conseguia passar nem dois minutos prestando atenção.

Acabei pegando no sono e acordei com a Manu me sacudindo de leve, abrir os olhos e vi ela com o Vinícius. Ai, meu casalzinho estavam namorando, o Vini fez um pedido perfeito e minha amiga não tinha nem como recusar. Eram lindos demais juntos, eu que lute pra aguentar o barulhinho do amor de madrugada.

- Milagre encontrar você dormindo, sempre tá acordada, parece uma fantasma... - ela disse e eu fiz cara de ofendida.

- Aou, obrigada pela parte que me toca. Acabei dormindo assistindo esses programas chantinhos que passa esse horário.

- E aí, como tá o Felipe?

- Hoje teve mais uma parada cardíaca, os médicos falaram que se ele não acordar na revisão de amanhã, vão desligar os aparelhos - respondi.

- Já imagino como deve tá seu coraçãozinho... - sentou do meu lado e o Vini foi pra cozinha.

- Apertadinho, né amiga?! Medo enorme de perder ele, não sei nem o que vai ser, tô tão nervosa que é capaz de passar a noite em claros.

- Tenta dormir, pra tá descansada. Ele vai acordar e aí haja pique pra aguentar a saudade. Confia na mãe, pô!

Nem prolonguei aquela conversa e fui tomar um banho quentinho pra ver se relaxava um pouco meu corpo. Eu estava me sentindo muito pesada, odiava me sentir assim, com uma energia ruim. Fazia tempo que não saía nem pra beber um suco com alguém, tinha nem cabeça pra curti, sabia que minha cabeça ficaria no hospital.

Fora que meu coração só tem espaço pra ele, seria um porre ir pra um rolê e ficar que nem uma tonta sentada na cadeira. Minha rotina era: faculdade, trabalho e hospital. As vezes passava pra almoçar com a Manu ou a Mila, mas era bem raro.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora