Capítulo Sessenta e Sete.

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G I U L I A

- Só te digo uma coisa: Tá fodida! - Mayara falou me deixando mais nervosa ainda.

- E eu te digo outra melhor: Parabéns, você está grávida!

As lágrimas começaram a surgir, descia compulsivamente, sentei no braço do sofá e elas me abraçaram. Eu não sabia nem como eu ainda estava em sã consciência. Em êxtase, essa é a palavras pra definir como eu estava.

- O Felipe termina a faculdade no final de ano, ele vai te ajudar. E você já tem o seu trabalho, lembro que uma vez você me disse que a sua chefe gosta de você, te apoia. Não vai ser agora que ela vai sair do seu lado - Manu beijou a minha cabeça - Fica tranquila, respira fundo, pode fazer mal pro bebê.

- O bebê aqui sou eu, vai ser uma criança cuidando de um bebê. Meu Deus do céu, socorro!

A Mayara trouxe água com açúcar, não adiantou nada, porque eu continuava tremendo pra caralho e o medo me dominava. Eu sentia medo de não ser uma boa mãe, apesar de gostar de criança, mas eu sou nova, tenho uma faculdade toda pela frente.

Com medo da reação da minha avó e da mãe, fico com medo de julgarem, da família eu já sabia que seria só julgamentos, apesar de ser um serzinho tão novinho que tão tem culpa de nada.

Minha inresponsabilidade com o Felipe não faz o meu bebê ter culpa alguma. "Meu bebê", nossa senhora, achei que só falaria isso em um futuro bem distante. Mas olha como o mundo gira, meu deus!

- Eu preciso ficar um tempo sozinha, podem ir tranquilas, juro que vou ficar bem! - dei um sorriso falso e fui pro meu quarto, tranquei a porta e deitei na cama olhando pro teto.

Todo mundo sempre ia me dar o mesmo conselho "Vai ficar tudo bem" "Você vai ser uma boa, mãe", mas quem estava sentindo na pele o peso dessa notícia sou eu. Peguei meu celular, disquei o número do Breno e como sempre, ele me atendeu rapidinho.

📞 Ligação.

- Breninho? Tá aonde? - perguntei assim que ele atendeu.

- Fala, minha gata. Tô saindo da faculdade, professor faltou a última aula...

- Tem como vim aqui no meu apê?

- Seu pedido é uma ordem, já estou indo, bebê.

📞

Ele desligou e eu fui na sala pra ver se ainda tinha alguma menina, mas todas tinham saído. Sentei no sofá e fiquei olhando pro nada pensando na bagunça que minha vida virou, que ódio! Logo eu que sempre tive tudo planejado, só foi vim pro Rio que tudo mudou.

Depois de uns quinze minutos o Breno chegou com alguns donuts, eu adorei, comi a beça. Nem recusei, até porque eu estou com dor de cabeça, mas a fome continua. Fomos direto pro meu quarto, ele já foi deitando na cama, todo folgado.

- De quem é aquele teste positivo de gravidez no banheiro? - perguntou e eu fiz cara de paisagem - É seu? Por isso que você tá com essa cara de quem comeu e não gostou?

- Ai amigo, tô tão fodida...

- Tá nada, pô. Felipe vai ficar doidinho quando descobrir, já disse a ele? - neguei.

- "Tá nada, pô" Claro, não vai ser você quem vai ter essa responsabilidade.

- A gente tá aqui, Giu. Vamos te ajudar, garota. Felipe tá terminando a faculdade, tem emprego. Você ainda estuda, mas vamos te ajudar a conciliar tudo - deitei no colo dele que ficou fazendo carinho no meu cabelo - Lembra quando o Felipe tava internado? Você consiliou faculdade. emprego e hospital. Vai conseguir, cara.

- Eu tenho tanto medo... - limpei as lágrimas que caíam.

- Medo de que? Quem te julgar só é me falar que eu quebro na porrada.

- São tantas coisas que me prendem a aceitar essa nova realidade - respirei fundo lembrando de tudo que já aconteceu comigo antes de vim pro Rio.

O Breno ligou pra clínica aonde uma amiga dele trabalha e marcou meu exame de sangue pra confirmar. Quando o resultado sair, já começo a marcar os pré-natal. Responsabilidade tá batendo na porta sem parar, agora é levantar a cabeça e encarar a vida de mãe.

Peguei de novo os testes de gravidez, olhei todos com positivo e um com "+1". Engravidei em Trancoso, quando minha menstruação atrasou e logo depois desceu, lembro como se fosse hoje, o sangramento era rosado e só durou dois dias.

- É, meu bebê, você já é muito amado por aqui... - sorri - Tomara que você seja uma menina, seu papai vai surtar, garota. Mas se for menino, vou amar muito também, vou vestir todo trajado de Flamengo. Izi mãe!

- Alá, já aviso logo que eu sou o padrinho, hein - Breno passou a mão na minha barriga.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora