G I U L I A
Já tinha passado uma semana desde a perda do bebê da Vita, ontem foi enterro do Lucas. Imaginem só o quão mal o Felipe ficou, me cortou o coração ver ele abraçado com a Vitória chorando a beça.
Eu ficava sempre com ele, dormia no apartamento dele, sempre influenciava ele a comer. Mas eu também sabia que ele precisava do seu momento só, de reflexão, de pensar em tudo que aconteceu.
Hoje, eu fui no shopping com a Manuela e a sogra dela comprar algumas coisas pro aniversário da irmã do Vinícius, vulgo, peguete da Manu. E a parada tava séria, hein irmãs. A garota tava apaixonada real oficial, olha as voltas que mundo dá.
A Rafinha irmã do Vini, ia fazer seis anos e queria tudo da Frozen. A Manuela não aguentava mais assistir aquele filme por causa dela, já tinha decorado os nomes dos personagens tudo, sabia tudo que tinha que comprar.
Eu como sou consumista, meus olhos foram direto na Renner, comprei uns shorts que estavam na promoção e não podia perder nadinha.
Foi bem a tarde das garotas, compramos tudo e mais um pouco pro aniversário, ela já tinha falado com o buffet sobre o bolo, salgadinhos e afins. Estava super animada pra comer tudo, festa de criança é comida pra caralho e é o que eu mais gosto.
Mesmo com aquele monte de criança gritando, correndo e pulando pra lá e pra cá. A comida compensava aquele alvoroço todo.
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Eu: Ei, cê já acordou? Comeu?
Felps: Acordei agora, pô. Aonde que cê tá?
Eu: Eu vim no shopping com a Manu e a sogra dela, mas estou indo pra casa daqui a pouco.
Felps: Passa aqui pra eu te dar um cheirinho...
Eu: Ih, mas olha como ele tá. 🥶😳✉
Eu me fazia de difícil, mas a primeira coisa que eu iria fazer quando chegasse no prédio, era ir direto pro apartamento dele. É família, a mãe caiu no golpe. Foi mais forte que eu, aquele macho é a perdição, sem condições.
O Vinícius veio buscar a gente, me deixou no prédio com a Manu e foi embora com a tia Laura. Eu estava morta de cansada, doida pra deitar e descansar minhas pernas que pedia por um lugar confortável.
A Manu já sabia que iria ver o Felipe, só piscou pra mim e entrou no nosso apartamento. Preguiça de tocar campainha, fui logo entrando mesmo. Ouvi o barulho da televisão do quarto dele e fui logo pra lá.
- Oi, grudezinho! - ele olhou pra mim sorrindo e eu deitei do lado dele - Se sua mãe visse você assim, ia te xingar todo. Tá todo magrinho...
- Não sinto fome, pô - disse beijando meu pescoço.
- Come sem fome, uai. O importante é comer, garoto!
- Ih, tá bom, dona. Vou comer aquele bagulho que cê fez, tava com cheiro bom pra caralho - o "bagulho" que ele fala, é fricassê. Minhas especialidade na cozinha, fala aí, mil e uma utilidades by Giulia.
Fomos pra cozinha e até eu peguei um prato pra comer também. Saí tão apressada com a Manuela que não deu tempo nem de comer.
- Fala a verdade aí hein, tá bom sim ou claro? - me gabei e ele revirou os olhos se servindo novamente, o Felipe estava repetindo o terceiro prato. Isso que dá ficar sem comer por muito tempo.
- Eu tô morrendo de fome, qualquer bagulho passa fome - ele falou e joguei uma colher em sua direção, mas o idiota pegou na mira - Caô, caô... Tá bom pra caralho, pô.
- Você é um pela saco, chato! - mandei o dedo do meio pra ele.
Felipe levantou e veio me abraçando por trás beijando meu pescoço, falso toda vida, cara.
- Fala mal da minha comida e vem de falsidade.
- Caô puro, gatinha... - agarrou forte nos meus cabelos e me virou pra me beijar. Jesus, chega arrepiei com aquela puxada, segura!
- Que bicho te mordeu pra tá assim, hein? Ficar sem comer te deixou carinhoso?
- Ê mulher que reclama, se eu sou carinhoso tá ruim, se não sou sou, tá péssimo - dei risada com a cara de serinho que ele fez.
- E você é um dramático gostosão - beijei a bochecha dele - E lindo - dei outro beijo - E também é um grude que só... - outro beijo.
Ele agarrou na minhas cintura me predendo ainda mais na parede e eu levei meus braços até seu pescoço. Deitei minha cabeça ali, sentindo seu cheirinho singular, que só ele tinha.
Se eu pudesse não saía dali nunca, é como se quando eu deitasse no peitoral dele, tudo mudava. Como se não existisse nenhum problema fora daquele cômodo, fora da gente.
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Quando o sol chegar
RomanceGiulia, uma jovem determinada e recém-chegada do agitado São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar Nutrição na universidade local, buscando uma nova vida longe dos conflitos familiares. Sua rotina acadêmica ganha um inesperado revés quan...