Capítulo Quarenta e Oito.

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Me diz amor como é que vai ficar
Meu coração, sem teu amor, sem teu calor
Sem teu carinho, na solidão

G I U L I A

Ver ele naquela maca, todo cheio de equipamentos, foi a pior cena da minha vida. Eu sempre acostumada a ver aquele macho sorridente, egocêntrico e que me tratava feito uma rainha. Era horrível abrir os olhos e não acordar de um pesadelo.

"Aí, você não vai se livrar nunca de mim, atura ou surta, bebê"

As palavras dele rondavam na minha mente, era como se tudo aquilo fosse um delírio da minha mente. Ver meu Felipe respirando com ajuda de aparelhos, eu não sei como seria pelos próximos dias, meses ou até anos sem ele por aqui. Eu não sabia se iria aguentar.

Só de pensar me da um arrepio
Tudo é tao vazio sem você amor
Não imagino nem por um segundo
Viver pelo mundo sem o teu calor

Em tão pouco tempo o Felipe virou minha morada, o meu lugarzinho pra desabafar, pra rir e até pra chorar. Não sei como seria deitar na cama sem sentir seu cheiro. Sem aquele beijo de boa noite que me fazia dormir com borboletas na barriga

Eu amo esse homem e não consigo viver mais sem ele. Com quem eu vou pra faculdade? Ou quem vai ser a melhor parte dos meus dias? Sempre era ele, é tão ruim essa sensação de que você tá perdendo alguém que ama tanto. Era como se eu estivesse segurado a mão dele e o Felipe soltasse aos poucos. Doía muito...

Quando me deito quando me levanto
Procuro num canto e você não está
Não faça isso nem de brincadeira
Que a saudade é traiçoeira
E vai matando devagar

- Volta pra mim, tá?! Eu vou ficar sempre te esperando, nenhum nunca vai ser igual a você, amor...

"Deita aqui comigo, gatinha"

Assim que eu entrei no apartamento dele, aquele cheiro dele já me tomou toda e meus olhos já se encheram de lágrimas novamente.

Fui direto pro quarto e vi uma caixa em cima da cama, eu como uma bela curiosa, sentei na cama enxugando minhas lágrimas e fui abrindo a caixa. Tinha um colar de sol e uma carta com meu nome atrás.

Me diz amor como é que vai ficar
Meu coração, sem teu amor, sem teu calor
Sem teu carinho, na solidão

"Eu sei que você tá bolada comigo, meu solzinho. Mas eu tô aqui sempre pra você, tá?! Fui resolver logo esse bagulho com a Nathalie, porque eu não queria deixar você ir. Não posso e nem quero perder você."

Eu já estava como, me derretendo em lágrimas. E pensando no quanto eu fui filha da puta em não ter deixado ele se explicar, se ele tivesse ficado, nada disso tinha acontecido. Ele estaria aqui comigo, me beijando e brigando por bobeira, como sempre.

Senti meu celular vibrando e já sabia que era as mensagens que tinha chegado enquanto estava no hospital. Estava bem sem saco pra responder as pessoas agora, mas meu mundo parou quando vi áudios do Felipe da hora em que ele foi embora.

Por um lado, eu não queria escutar, iria me machucar mais ainda. Mas pelo outro lado, eu queria saber o que era, o Felipe só me mandava áudio bêbado. Até disso vou sentir saudades...

Mensagem (1).

Felipe: Aí, filha da puta. Tô dizendo isso com o coração apertado, mas eu te amo pra caralho. Senti a necessidade de te falar isso, tô sentindo uma sensação ruim. Mas aí, se acontecer alguma coisa, me esquece não, falou? (áudio)

Eu fui muito idiota de ter deixado ele ir e isso não iria sair da minha cabeça nunca. O sentimento de culpa eu carregaria pra sempre e seria pior se eu perder ele pra sempre. Eu não sei se conseguiria continuar.

Coloquei a caixa e o celular no chão, peguei uma blusa dele e fiquei deitada na cama cheirando sua blusa. Fechei meus olhos tentando imagonar de que ele estava ali do meu lado.

"Cheirosa pra caralho você, hein. Toda bonita, porte máximo pro homem essa mulher, meu Deus"

Me diz, Felipe, como vai ficar minha vida sem você?

Eu fazia e refazia essa pergunta, obviamente, sem respostas.

Eu não quero ficar bem, não quero ficar em paz sabendo que a pessoa que eu amo tá deitado em uma cama de hospital respirando por uma porra de aparelho e não deitado no meu lado.

A única coisa que me faria bem naquele momento era escutar a voz dele, mas eu tinha que ser forte. Por mim e pela tia Lua. O Felipe é forte, ele vai ficar bem, ele tem que ficar.

Ele tá tentando lutar, eu sei que tá. Ele não para e nem vai parar. Tinha duas mulheres aqui fora que estavam super nervosas e ansiosas pra volta dele.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora