Capítulo Sessenta e Dois.

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G I U L I A

Sentei no colo do Felipe olhando pra mesa toda montada e minha família sentada conversando. Há um tempo atrás, eu implorava pela atenção deles, me importava com o que pensavam, falavam... Mas eu amo a evolução do ser humano e hoje, eu pouco me importo pro que pensam sobre mim.

Me julgaram a beça quando anunciei que iria fazer faculdade no Rio, falaram de mil faculdades de São Paulo e que não precisava tanto, e aquele mimimi todo. Mas as únicas opiniões que sempre me importaram foram a da minha avó e a da minha mãe. Meu pai é um caso a parte, apesar de tudo, sempre me apoiou.

- Mano do Céu, que macho lindo é esse Giulia Assis? - May perguntou quando entrei na cozinha pra beber água.

- Ele é perfeito, juro. Em todos os sentidos... - mordi os lábios e ela gargalhou.

- O Rio te fez muito bem, garota. Quando vai me convidar pra passar uma temporada?

- Nós vamos voltar depois de amanhã, topa largar tudo e ir? - perguntei e ela arregalou os olhos - Quando você ver os cariocas vai ser surto atrás de surto.

- Claro que eu topo, cê sabe que eu não nego uma farra. Ainda mais no Errejota.

- Ainda quer fazer faculdade lá?

- Chegou aonde eu queria - arqueei as sombrancelhas e bebi um gole da água - Passei em Adm na UFRJ, nosso sonho de morar no Rio vai se tornar realidade.

- CARALHO! JURA? - gritei e ela tampou minha boca.

- Fala baixo, você é a primeira a saber. Estava doida pra te contar, mas você sentou no colo do macho e eu não queria atrapalhar. Tava tão lindinhos!

Ela ficou me zoando, eu e a May sempre fomos porra louca, uma vez a vó foi buscar a gente na porta da boate, bêbadas pra caralho. Nós somos iguaizinhas, em personalidade, sonhos, expectativas e afins. Sabe aquelas primas da família que sempre estão na boca do povo? Somos nós duas.

- Aí, amor, a May vai morar no Rio - falei quando ele entrou na cozinha e me abraçou por trás.

- Papo reto? - ela concordou - Aí sim, parceira. Só colar comigo que você vai conhecer o verdadeiro Rj.

- Concordo, viu? Esse aqui me levou pra cada festa, pra cada cantinho do paraíso. Vou amar mostrar tudo pra você! - mandei um beijo no ar pra ela - Mas aí, como vai dizer pra família que vai embora?

- Oi, meus amores. Papo tá bom, né? Vamos comer... - minha vó chamou a gente.

- Parece que a senhora vai ver mais uma neta indo embora.

- Segura a emoção, coroa. Preciso de você na minha formatura no Rio! - cara, minha vó quase teve um infarto. Arregalhou maior olhão pra Mayara, eu e Felipe só ria do desespero dela.

Ela fazia esse drama básico sempre que uma de nós decidia voar sozinha, como ela mesmo fala. Confesso que estou vivendo a melhor época da minha vida, me sinto completa. De família, de amor, amigos. Só gratidão por todas essas conquistas.

Eu trilhei meu caminho até o Felipe e nele encontrei minha felicidade, já era, papo futuro. E agora é a vez da May viver tudo ou até mais que eu vivi. Passar tudo, suportar e trilhar seu caminho, seja com homem ou não nele. Todo mundo merece um dia encontrar a felicidade.

- Aquela sua prima não para de ficar me encarando. Por isso fui atrás de você na cozinha - Felipe falou e eu ri.

- É a Lídia, de todas as netas, ela é a mais sapeca. Minha tia sofre com ela, eu dou conselhos, mas cada um sabe o que faz da vida. Até porque como eu sempre te falo, os conselhos que eu dou são de acordo com o que vivi e passei, então é do meu ponto de vista. Mas pra ela pode ser diferente, a Lidi pode entender de outro ponto de vista - falei olhando pra ele - Mas é só ignorar, agora que você é da família, precisa lidar com esse tipo de situação.

- Linda! - me deu um beijo - Mil vezes linda!

- São seus olhos, meu amor! - sorri pra ele - Te amo, coisa!

Nós fomos comer a comida by dona Naná que eu só faltava lamber os beiços de tão gostosa que estava. Felipe foi só mil elogios, esse aí é maior baba ovo pras mulheres da minha vida.

Por incrível que pareça, o almoço foi ótimo, tudo certo, sem confusão. Pensei que a May ia revelar logo pra família toda que iria embora, mas pelo visto ela deixou pra conversar depois e com calma. Entendo, seria maior alvoroço se falasse com todo mundo junto.

Quando o sol chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora