F E L I P E
Acordei com o despertador, a Giulia desgraçada, botou o toque do berrante. Também eu fui atazanar ela, não podia deixar ela sair ilesa, me fez acordar com essa porra no ouvido.
Levantei da cama e arrumei logo. Tomei um banho e fiquei no quilo. Caralho, eu sou muito gostoso. Não dá, sem condições pra minha beleza.
Peguei meu celular, minha carteira e a chave do carro. A Giulia já estava saindo do dela e eu dei graças a Deus, essa mulher demora pra caralho se arrumando.
A gente desceu de elevador, falamos com o porteiro e entramos no carro. Como sempre, a Giulia já botava as músicas dela, estava virando costume essa porra. Era trinta minutos de onde a gente morava pra Urca. Foram minutos entediantes com aquelas músicas.
A gente mal tinha andado e a Giulia já estava morrendo. Logo ela que gosta de andar, vou fazer o que ela faz comigo toda manhã.
- Aí, desculpas nossas descidas pela escada, mas eu tô morrendo, Felipe - Botou uma mão no peito, outra no meu ombro e respirou fundo.
- Se exercitar, nutri - falei - Aqui é escada, o que cê faz na academia, faz aqui.
- São quantos minutos?
- Trinta.
- Felipe, vou ter que sair daqui na cadeira de rodas.
Sorri malicioso - É?
- Ridículo! Fica quieto.
Até chegar lá em cima, foi um sacrifício. A Giulia toda hora mudava a forma de subir. Subiu nas minhas costas, fez zig zag até chegar. Tadinha, a outra vez que quero ver ela soando assim é na cama, sendo fodida, da melhor forma.
Ela me fez ficar quase vinte minutos admirando o mirante que tinha vista pra praia da Urca. A Giulia tirou foto de milhares de bicho que via no caminho, tinha uns micos que ela fazia questão de parar, tirar foto e ficar brincando. Toda boba!
Era um lugar realmente muito bonito, tinha uma vista surreal. A Giulia como boa nutricionista que é, já foi direto comer. Mas foi coisa saudável, comprou salada de frutas e um mate. Achei um milagre, ela não ter comprado porcaria, só isso que ela comia.
A gente foi no museu também. Depois a gente foi pra estação do bondinho e fomos pro Pão de Açúcar. Fomos nos museus que tinha lá também. A Giulia tirava foto em todos os lugares e o sorriso dela era bonitinho. Ela sempre me falava que não saía muito em São Paulo, era difícil conhecer algum ponto turístico de lá. Então, eu ia mostrar tudo a ela do Rio. Eu sou um ótimo huia de turista quando quero. Basta ela me estressar que eu levo ela pro valão.
Ficamos mó cota lá em cima e depois descemos. Ela quis ir no clube Círculo Militar, não sei pra que porra. Só sei que ela ficou que nem lerda tentando decifrar as horas em um relógio de sol que tinha. Tadinha, quanto mais tentava, mas se embolava.
- Oh Giulia, esquece isso cara, eu tô com fome.
- Ainda vou consegui decifrar outro dia, só vou porque também tô com fome, me leva pra em um restaurante, não quero ir pra casa.
- Vou levar, porque eu tô bom hoje.
- Vai me levar, porque eu quero, eu hein!
Garota tá toda convencida, puta merda. Isso é o que acontece, quando você dar intimidade. Tá me fazendo de motorista de uber. A gente voltou pro carro e ia levar ela pra almoçar em um restaurante na Barra. Era só oito minutos pra lá, bem pertinho. Quando chegamos lá eu fui fazer os pedidos e a Giulia sentou na mesa.
Ela pediu logo uma garrafa de água e bebeu toda sem intervalo. Estava morta, logo ela que me bota pra andar toda manhã e ainda fala que vai pra academia. Pilantra demais.
Depois que a gente terminou de comer, a gente foi pra casa, estávamos mortos. Ela foi pro apartamento dela, mas disse que voltava porque eu fiz ela ir na trilha e os pés estavam doendo. Eu botei ela pra fazer o que gostava e ainda achou ruim.
Tomei um banho, fiquei mais gostoso do que já sou né, ninguém mexe com o pai aqui não. O pai tá nojento...
Fui pra cozinha, peguei o sorvete do congelador e botei um pouco pra mim, escondi antes que a Giulia chegasse, mas foi tentativa falha. Assim que eu pisei os pés na sala, ela chegou.
- Também quero sorvete, não adianta esconder, Felipe.
- Porra, você tem um buraco negro - falei e ela riu. A Giulia foi pra cozinha e voltou com uma taça cheia de sorvete. Fui pro quarto, liguei o ar e liguei a televisão. Depois de um tempo, ela voltou e sentou na cama.
- Vai botar o que pra assistir?
Não deu nem tempo de responder e ela já tomou o controle da minha mão. A Giulia colocou uma série de patricinha, chata pra caralho, até deu tempo de tirar um cochilo.
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Quando o sol chegar
RomanceGiulia, uma jovem determinada e recém-chegada do agitado São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar Nutrição na universidade local, buscando uma nova vida longe dos conflitos familiares. Sua rotina acadêmica ganha um inesperado revés quan...