G I U L I A
- Olha só, gente, o casal 20. Resolveram assumir? - escutei a Nathalie falar e eu já senti o Felipe segurou a minha mão.
Primeiro, eu não queria brigar na faculdade, ainda mais por causa de macho, zero condições. E segundo, eu sabia bem o meu valor, ao contrário dela, eu não iria gastar minha paciência, que já é pouca, com esse projeto de emoção.
- Antes de tudo, você quer passar sua vergonha no crédito ou no débito? - Manuela falou e ela encarou a gente com mais força no olhar. Ela acha que eu tenho medo dela.
- Ele pode te assumir, Giulia, mas no final, quem ele procura sou eu.
Olha só as provas que Deus me faz passar, respirei fundo e olhei pra ela contando até mil.
- Ô, meu amor. Eu não vou perder meu tempo precioso brigando com alguém que não sabe o seu valor e o seu local de fala. Pior, não tenho tempo pra tá se humilhando por macho, eu não vou atrás, eles quem vem atrás de mim - disse e dei as costas. Ainda tinha uma tarde inteira pela frente de trabalho pra caralho, ouvir a voz insuportável da Nathalie agora não ia me ajudar em nada.
- Ou, me espera, filha da puta - ouvi a voz do Felipe e me virei.
- Você deve se achar o pica de mel em ver duas mulheres brigando por você, não é? - perguntei e ele fez cara de quem não estava entendendo - Se você acha que eu vou aguentar essa situação por muito tempo, tá muito enganado.
- Tá maluca, cara?
- Não, eu não tô! É só a verdade. Eu vim morar no Rio por conta da minha faculdade e não pra tá batendo boca por causa de homem - joguei tudo que eu estava querendo falar de uma vez só - Você é lindo, mas como você, há vários por aí.
- Ih, coé, garota! Fica de boa, pô. Eu tenho culpa que ela está agindo como uma garotinha de quinze anos que parece que aprendeu a beijar hoje.
- Você também deu esperança, tem uma parcela de culpa sim! - ele veio se aproximando e puxou minha cintura, eita porra, chega deu calor.
- Tem vários por aí que te beije assim? - me deu um beijo - Tem vários por aí que te deixe mole assim? - me puxou com mais força pela cintura que eu até me assustei - Tem vários por aí que te faz gozar só com o olhar? - me encarou.
Eu já tinha percebido que eu tinha me apegado ao Felipe, infelizmente ou felizmente, eu sinto falta quando não encontro ele de manhã. Sinto falta dos beijos dele. Pouco a pouco, nós ficávamos cada vez mais sério. E eu tinha medo, muito medo de tudo isso. Mas o controle já não estava mais nas minhas mãos, eu deixei a vida levar e ela me trouxe até aqui.
- Felipe, para de brincar. Já está ficando tarde e eu preciso ir trabalhar - tentei me afastar e ele me prendeu.
- Me responde, eu quero que você me responda quando eu perguntar alguma coisa pra você - beijou meu pescoço e voltou a me olhar - Tem vários por aí?
- Você quer ouvir o que pra elevar seu ego? - até dessas nossas provocações, eu sentia falta quando não existia - Ok, não existe nenhum como você, era isso que você queria escutar?
- Você não tem mais noção do quanto isso tá se elevando, Giulia. O destino não erra, gatinha.
Tá vendo? Quando mais eu tentava fugir, mais as coisas nos unia. Eu tentei, família, me afastar de tudo que me lembrava o Felipe, mas a única que eu conseguir foi deixar a gente mais próximo e com mais força, mais desejo e com muita sede de nós dois. E sim, eu tinha noção da proporção de tudo. E em uma parte, eu gostava desse sentimento que eu nutria por ele, pode até não ser recíproco, mas eu sentia. E não podia esquecer ou tentar arrancar de dentro de mim, já estava crescendo e ficando mais forte do que nunca.
Quando eu saí da sua vida
Eu nem pensei em olhar pra trás
Sabe que eu sou decidida
E pra sorrir já chorei demais
Mas o destino convida
E a gente não pensa e só vai, só vai
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Quando o sol chegar
RomanceGiulia, uma jovem determinada e recém-chegada do agitado São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar Nutrição na universidade local, buscando uma nova vida longe dos conflitos familiares. Sua rotina acadêmica ganha um inesperado revés quan...