Quando o sol chegar

Capítulo Vinte e Três.

G I U L I A

Acordei com o barulho do despertador, levantei na força do ódio, mau humor que fala né?! Cabeça doendo, tontinha e morrendo de fome. Fui direto pro banheiro, tomei um banho e escovei meus dentes. Optei por vestir uma calça jeans de lavagem clara com um body de renda branco, tinha um pequeno decote nos seios. Calcei um vans branco e organizei minha mochila. Arrumei meu quarto e piquei o pé pra comer. Só estava a Manu na cozinha.

- Bom dia, Manuzinha - falei assim que cheguei na cozinha. Deixei minha mochila no sofá e botei café em uma xícara que já estava na mesa. Fiz um misto e sentei pra comer com ela. Conversamos sobre algumas coisas, ela me disse que estava ficando com um carinha, só em ver ela falar, já sabia que estava gostando dele. Mas ela tinha medo, porque ele era muito festeiro. Mas quem gosta de verdade, abandona tudo né...

Terminamos de comer, peguei minha bolsa e a gente saiu. Descemos de elevador e nem vimos o Felipe. Que ódio, queria uma carona. Fomos de pé mesmo, no caminho, parei numa farmácia e comprei um engov. Na porta da faculdade já estava todo mundo, Breno, Davi, Felipe e a Camila.

- Bom dia, desocupados! - falei e abracei o Breno de lado.

Fiquei um tempo conversando com eles, mas depois chamei a Camila e fomos pra sala. Ninguém merece aula de Anatomia em plena oito horas da manhã. Ô Deus, não foi essa vida que eu te pedi.

...

Graças ao meu bom Deus as aulas tinham terminado, só queria um açaí com bastante leite condensado, morango, granola. Chega deu até água na boca. Vontade não vou passar. Avistei a Manu saindo também, acelerei o passo, não ia gritar com a faculdade cheia, passo vergonha sempre, mas aí é foda.

- Manu, pelo amor de Deus. Vamos tomar açaí comigo? - ela olhou pra mim assustada e eu ri.

- Que susto, filha da puta! - falou - Vamos, tô com vontade também. Vamos chamar a Camila e botamos ela pra pagar.

Foi dito e certo, cinco minutos depois a Camila apareceu com a cara mais lavada do mundo, toda feliz que tinha caído dinheiro na conta. Nem gostei né. Ia exagerar no açaí, bateu certinho.

Quando estávamos saindo da faculdade, senti meu celular vibrar no bolso, peguei e vi que era da clínica da amiga da Manu. Rezei pra ter conseguido o emprego, contei até mil e olhei a mensagem.

✉

Consultório: Boa tarde, Giulia. Tudo bem?
- Checamos o seu currículo e gostamos bastante. Tem interesse na vaga de recepcionista?

Eu: Boa tarde, tudo bem. Ah, tenho sim.

Consultório: Pode vim aqui amanhã de tarde?

Eu: Claro, estarei aí, sem falta!

Consultório: Tá bom, beijos. Até amanhã!

Eu: Até!

✉

- ADIVINHA QUEM CONSEGUIU UM EMPREGO DE RECEPCIONISTA? - gritei super eufórica. Sorte que estávamos na saída.

- Agora você é oficialmente a amiga que paga comida pra gente - ela sorriu e eu fiz cara de deboche olhando pra ela.

Pegamos um uber e fomos pra Avenida Olegário Maciel, mesmo lugar que tomei açaí com o Felipe. Assim que chegamos, fui logo entrando e fazendo meu pedido. Mandei caprichar, pedi com leite condensado, morango, granola, leite ninho e tudo que tinha direito.

- Queria ir no shopping depois, vamos? - Manu perguntou.

- Fiquem cientes que se for, eu vou passar pra comer um MC - falei e a Camila revirou os olhos.

- Se o Felipe não fosse trabalhar, a gente chamava ele - Manu falou fazendo cara triste - Ele paga tudo, tadinho.

- Pena - Ri - Chama o Vinícius aí, Manuela.

- Eu ligo e você fala - ela falou e eu concordei com a cabeça. Ela pegou o celular, botou pra discar e me deu. Com uns dois toques, ele atendeu. Hum, bem cachorrinho dela.

📞

- Oi, Vini - falei - Lembra de mim? Giulia, a garota que divide apartamento com a Manu.

- Claro que lembro, pô. E aí, parceirinha, tá bem?

- Estou bem, meu amor e você?

- Tô indo, aconteceu alguma coisa?

- Então, quer vim levar eu, Manu e Camila no shopping não?

- Tenho opção?

- Não!

- Sabia, tão aonde?

- Olegário Maciel, tomando açaí.

- Tô chegando, burguesas.

- Amo que amo, estamos te esperando, beijos.

📞

Desliguei antes que ele me xingasse todinha. Os pedidos chegaram, antes de atacar, tirei foto e publiquei no story, nem deu pra postar os das meninas, já foram logo comendo. Depois falam que sou faminta.

Deu nem quinze minutos e o Vinícius chegou, já tínhamos tomado o açaí e estávamos conservando. Pagamos a conta e entramos no carro. Fomos pro shopping da barra, ia falir meu mais novo amiguinho. Estava tão fofinho ele e a Manu. Ela estava com a mão no pescoço dele, fazendo cafuné. Minha meta de relacionamento, oi Deus, sou de novo.

Ele estacionou o carro e descemos. Ia deixar pra comer por último, porque não estava morrendo de fome. Primeiro lugar que ganhou minha prioridade foi na Renner, ai meu guarda-roupa deve estar dando glória a Deus, porque tem tempos que não renovo. Era bem difícil eu usar calça jeans, mas hoje eu decidi comprar duas, uma de lavagem clara e a outra escura.

Ficamos mó tempão rodando o shopping, estava com pena do Vini, entrava e saía de loja sem reclamar. Errado não estava, esse tinha amor a vida. Se fosse o Breno ou Felipe, ô meu Deus, já tinha me estressado.

Quando deu umas duas horas, fui no MC e comi tudo que tinha direito, amiguinho pagando, estava só dando prejuízo. Depois voltamos pro apartamento, foi chegando, tomando banho e caindo na cama, morta de sono.