M A Y A R A
Literalmente, eu tinha acabado de chegar no Rio e me sentia em casa. As pessoas, comidas, vibes, tudo muito gostoso. Fora que do nada brotaram uns amigos do Felipe que eu estava só de olho em um moreno, os olhos dele me deixavam perdidinha, juro.
Mas claro, como todo carioca, tinha aquela pose de marrento. De quem não prestava, como eu não era nada tóxica, é desses que eu gosto.
- Tá de olho naquele lindinho, né? - Giulia me olhou e eu sorri - Qual o nome dele, Lipe?
- É o Joca, pô. Joaquim, parceirão nosso - respondeu.
- Eu só lembro dele de vista, alguns rolês pelo Rio, enfim, fala com ele, garota. Não perde tempo!
Perguntei a tia Lua aonde era o banheiro e entrei na casa. Já me sentia da família, chamava de tia, brincava, adorando tudo. Depois aproveitei e passei na cozinha pra pegar uma cerveja e ele estava lá. Ai minha nossa senhora das calcinhas molhadas, acode a mamãe aqui.
- Era você mesmo quem eu estava procurando - ele falou assim que me viu e que voz...
- É? Tava me procurando, por que?
- Pô, uma loirona dessas, toda bonita. O pai não aguenta! - ele me prendeu na parede me dando um cheiro no pescoço - Cheirosa ainda por cima.
Aquela famosa trocas de olhares, umideci meus lábios e ele veio até mim. Nossas testas ficaram se encostando, Joaquim levou sua boca até o meu ouvido e falou: Maldade você...
Ai gente, fiquei fraquíssima, ele apertou minha cintura, ficou instigando na hora de puxar o beijo. Sua língua acariciou meu lábio e pediu passagem, sentia suas mãos fazendo carinho no meu cabelo, nas costas. Sem mais delongas, agarrei ele com um beijo lento, mas bem gostoso.
Conctetizando o que a Giulia havia me dito, o beijo dos cariocas é diferenciado.
Terminamos com alguns selinhos e com direito a mais um no meu pescoço. Defeitos? Esse macho não tinha, nossa senhora, socorro!
- Mas aí, quero te conhecer melhor. Tá afim de dar um perdido? - tinha como recusar? Não né?! Fora que tem tanto tempo que eu não flerto, não me divirto com homens, tava super enferrujada.
- Vamos, vou só avisar a Giulia pra ela não ficar preocupada, tá? Me espera perto do seu carro.
Ele me deu um selinho e eu fui falar com a Giu, o Joca me disse que sabia aonde o Felipe mora, então não fica difícil a volta pra casa. Assim que bati o olho na Giulia, ela já sorriu, até o Felipe sorriu de canto. Que ódio! Será que ficou tão na cara assim?
- Parem com esses sorrisos e olhares maliciosos - disse pegando minha bolsa - Joaquim me chamou pra nos conhecermos melhor e como eu não perco tempo, vou lá. Tem certeza que ele não é perigoso, Felipe?
Gargalhou - Tá maluca? Só recomendo os crias que prestam, pô. Pode ir, confia no pai.
- Arregaça, amiga, arregaça! - Giulia bateu na minha bunda e eu sair dando risada.
O boy estava lá apoiado no carro mexendo no celular, meu Deus, quase babei.
- Partiu?
- Achei que tinha desistido - falou quando entrou no carro.
- Ih, tá tão interessado assim é? - perguntei quando ele deu partida.
- Não posso deixar essa loira escapar... Mas fala aí, cê é do Rio? Nunca te vi com o Felipe e nem com a mina dele.
- Queria eu, mas não, sou de São Paulo, Guarujá - respondi.
- Ah, tá de passeio ou veio pra ficar?
- Vim fazer faculdade de administração na UFRJ.
Ele realmente levou o papo de conhecer melhor a sério, porque ficou fazendo várias perguntas sobre mim e até sobre São Paulo. Não vou mentir, eu gostei dele, da companhia, energia. Não ficou parecendo aqueles emocionados insistindo e as perguntas não parecia que ia fazer um cartão meu. Odiava conhecer aqueles machos na balada e ficaram perguntando até meu cpf.
O Joaquim levava bem a conversa, papo bom real. Demorou uns vinte minutos e ele parou em um quiosque, dizendo ele que era na Barra da Tijuca, eu particularmente, amei. Já queria morar em um desses apartamentos de frente pra praia.
- Quer comer alguma coisa ou só beber? - perguntou quando sentamos em uma mesa mais de frente pra praia. A última vez que tinha comido foi quando fomos almoçar no restaurante, depois fiquei só bebendo.
- Hm, aceito se você for pedir esses queijos coalho crocante. Sou a louca dos queijos, juro, sou apaixonada.
Ele sorriu e chamou o garçom pra pedir o queijo e uma garrafa de cerveja.
- Você deve gostar bastante de exatas pra fazer administração, né? Eu corro de tudo que envolve exatas - ele falou e eu rir.
- Eu sempre gostei de física, matemática. Sabe aquela aluna super exemplar?
- A tal da nerd, sei...
- Isso mesmo, era assim que meus colegas me chamavam. Aí sempre cresci com o sonho de fazer arquitetura, mas a vida me levou a administração e já estou louca pra começar. E você? Faz o que? - perguntei.
- Eu sou formado em direito, trabalho com meu pai no escritório da nossa família.
- Bem legado, né? Mas é isso que você gosta realmente ou foi pressão pela família?
- Pode parece loucura, mas eu realmente quis fazer. Filho de peixe, peixinho é. Cresci vendo meu pai naquele meio, já fui naquela intenção.
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Quando o sol chegar
RomanceGiulia, uma jovem determinada e recém-chegada do agitado São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar Nutrição na universidade local, buscando uma nova vida longe dos conflitos familiares. Sua rotina acadêmica ganha um inesperado revés quan...