O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]

Capítulo 49

O último dia de trabalho chegou, e uma mistura de sentimentos preenche meu coração. Enquanto alguns celebram essa despedida, para mim é um momento estranho, uma mistura de nostalgia e incerteza. Olho para o crachá da empresa Russell em minhas mãos, sabendo que em breve não o usarei mais. É irônico pensar que foi minha decisão sair, mas agora sinto um vazio por deixar para trás tudo o que construí nesta equipe.

Entro no elevador, cercada por outras pessoas, e a realidade da situação se torna ainda mais palpável. Quem poderia imaginar que uma mulher insegura como eu, com pouca experiência, teria a oportunidade de trabalhar ao lado do renomado Alessandro Russell? Embora eu tenha uma personalidade forte, não posso deixar de reconhecer a importância dessa oportunidade em minha vida. 

Não me arrependo de ter aceitado esse cargo, mesmo quando os desafios pareciam insuperáveis. Alessandro nunca desistiu de mim, mesmo quando eu mesma cogitei desistir. Ele enxergou em mim uma capacidade que eu mesma não via, e dedicou tempo e esforço para me preparar e me transformar na melhor assistente possível.

As portas do elevador se abrem, revelando o ambiente familiar do escritório. Caminho pelos corredores, cumprimentando uma funcionária de limpeza com um sorriso afetuoso. Ao me sentar em minha cadeira, chego a incliná-la para frente, como se desejasse estar mais próxima do meu trabalho. Ligo o computador e começo a mergulhar nas tarefas do dia.

Minutos depois, meus olhos se voltam para Megan e Alessandro, que estão conversando. Observo-os com discrição, sentindo uma mistura de admiração e gratidão. Alessandro percebe minha presença e me cumprimenta com um sorriso singelo. Apenas aceno com a cabeça em saudação, sentindo uma pontada de orgulho por ter conquistado seu respeito e confiança ao longo do tempo.

Megan se senta ao meu lado, cumprimentando-me calorosamente. Volto minha atenção para as tarefas diante de mim, mas minha mente se perde nos pensamentos. A noite anterior ainda ecoa em minha memória, as palavras de minha irmã ressoando como um eco perturbador.

" Querida irmã, às vezes, o amor não se encontra nos caminhos fáceis e tranquilos. Ele pode ser encontrado nas lutas, nas adversidades, nas batalhas que travamos para nos superar. O amor não é apenas doçura e paz, mas também é força e crescimento. E, de alguma forma, você sente algo forte por ele. Você ama ele por ter se transformado por causa dele."

Minha irmã foi capaz de deduzir algo que nunca passou pela minha mente. Amar meu chefe? Essa possibilidade nunca havia sido considerada, nunca tinha parado para refletir sobre esse sentimento em relação a ele. Respiro fundo, pressionando a tecla "delete" do teclado enquanto reviso uma mensagem, buscando clareza em meio à confusão emocional que toma conta de mim.

Será que esse sentimento é o motivo pelo qual me sinto tão mal em sair? Ou é apenas um apego emocional, fruto dos anos de dedicação e trabalho árduo? As perguntas ecoam em minha mente, e as respostas parecem escapar entre meus dedos trêmulos...

Minutos se passaram e, como de costume, consulto meu relógio de pulso. Era o horário em que meu chefe costumava desfrutar de seu chá. Sendo meu último dia na empresa, fiz questão de assumir essa responsabilidade, uma última vez. Dirijo-me à cozinha do setor, mas, assim que adentro o ambiente, sou tomada por um susto repentino. Confetes são lançados em minha direção, pegando-me completamente desprevenida. Minhas pupilas se contraem e um pequeno grito escapa de meus lábios, resultado do susto inesperado.

— AHHH! — exclamo, enquanto meus olhos se movem freneticamente, tentando assimilar a situação. Com as mãos, retiro alguns confetes dos ombros, ainda sentindo a adrenalina pulsar em minhas veias.

— O que está acontecendo? — pergunto, meus olhos percorrendo a todos os rostos presentes na cozinha.

— O que você acha que é? — alguém responde, com um sorriso travesso nos lábios.