Capítulo 52

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Beijar outro homem foi uma experiência intensa e radical para mim. Apesar de ser solteira, sinto uma mistura de culpa e desconforto, como se tivesse traído meus próprios princípios. Na verdade, fiz isso mais para agradar minhas amigas do que por minha própria vontade. Entendo o motivo delas estarem preocupadas, afinal, nos últimos meses elas mal me viram saindo com homens. Elas desejam que eu me solte, me divirta, mas não têm conhecimento da minha relação com Alessandro. Se soubessem, com certeza eu não estaria aqui, neste momento, envolvida com outra pessoa.

Enquanto nossas línguas se entrelaçavam e nossas cabeças se moviam em perfeita sintonia, eu sentia uma mistura de prazer e desorientação. O beijo foi intenso, mas assim que paramos, abro os olhos e o encaro, ofegante, com nossas bocas sujas de batom. Ele parece satisfeito com o momento compartilhado, mas eu, por outro lado...

— E-Eu preciso ir ao banheiro.

Levanto-me abruptamente, pegando minha bolsa, e caminho rapidamente em direção ao banheiro. Ao entrar, apoio as duas mãos trêmulas na pia, encarando um ponto invisível na cuba, enquanto tento controlar minha respiração acelerada. Ok, Helena.... respire fundo!

Umedeço os lábios, engolindo em seco, e finalmente encontro coragem para encarar meu reflexo através do espelho. Por que estou sentindo tudo isso? Essa avalanche de culpa e confusão por ter feito algo que vai contra o que eu realmente desejo? Além disso, percebo que não senti absolutamente nada quando beijei aquele rapaz. Não é que ele beije mal, mas pela primeira vez em meses, não experimentei o menor vestígio de desejo ou conexão com outro homem, exceto com Alessandro.

Meus pensamentos se embaralham, e meu coração está dividido entre as expectativas das minhas amigas e a fidelidade aos meus próprios sentimentos. Estou fugindo da minha verdade? Estou tentando me distrair com a emoção do momento em vez de encarar a realidade do que realmente importa para mim? A imagem de Alessandro surge em minha mente, seu sorriso amoroso e seu olhar cheio de compreensão. Ele é a pessoa que realmente me conhece, que me apoia incondicionalmente, e estar aqui, envolvida com outra pessoa, é como uma traição silenciosa.

Respiro fundo mais uma vez, tentando acalmar minha mente agitada. A água da torneira escorre suavemente pelas minhas mãos, trazendo um leve conforto em meio à turbulência emocional. Sinto a necessidade de ser honesta, não apenas com as pessoas ao meu redor, mas, acima de tudo, comigo mesma. É hora de enfrentar meus medos, de encarar a verdade e buscar a felicidade genuína que mereço.

(...)

Após sair do banheiro e deitar-me na cama, vestindo meu pijama, envolvo-me com a coberta até o peito, deixando os braços para fora e encarando o teto. Desde que saí do trabalho, tenho sentido coisas estranhas, sentimentos confusos que tento desesperadamente compreender. Minha irmã tentou me ajudar, mas suas teorias parecem estar fora de cogitação. Viro-me de lado, alcanço meu celular na mesinha e abro as mensagens, acessando a caixa de entrada. Não havia nada desde a nossa última conversa. Abro nossa conversa e fico em dúvida se devo ou não enviar uma mensagem.

Eu: |...|...|...| — A barra de texto pisca. Devo ou não devo enviar a mensagem? Fico com a borda do celular na boca, pensativa. Em seguida, volto a encarar a tela. — |...|...|...| — A barra de texto continua piscando. Após alguns segundos, decido enviar uma mensagem. — Boa noite, senhor Russell. — Fico olhando para essa mensagem por alguns instantes. Passam-se alguns minutos e ele não responde. Provavelmente está dormindo. Quando decido colocar meu celular para carregar, recebo uma mensagem.

Alessandro: Boa noite, senhorita Grace. — Digitando... — Ainda acordada?

Eu: Faço a mesma pergunta para você.

O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]Onde histórias criam vida. Descubra agora