Capítulo 23

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Assim que a campainha toca, meu coração dispara em um misto de alívio e frustração. Abro os olhos amplamente e mordo meu lábio inferior, buscando recuperar minha compostura. Rapidamente, me afasto do Sr. Russell, desviando meu olhar para a porta de entrada.

— Você precisa sair daqui — começo a empurrar seu peito.

— O quê? Por quê? — ele empaca no caminho, olhando-me interrogativamente.

— Porque sim! — empurro-o mais uma vez.

— Acaso é algum ficante?

— O quê? — o encaro confusa. A campainha toca novamente.

— Helena! Abre aqui — a voz da minha irmã ecoa do lado de fora. Olho em direção à porta.

— Eu... já estou indo! — digo alto, enquanto volto a olhar para Alessandro. — Vem.

Seguro sua mão e o puxo para o meu quarto. Assim que chegamos, olho ao redor, pensando em uma forma de escondê-lo. O som da campainha toca novamente. Pisco algumas vezes, saindo do transe.

— EU JÁ VOU! — grito e o puxo na direção do meu armário. Abro as portas, afasto os cabides e puxo o braço dele.

— O que você está fazendo? — ele me pergunta confuso, enquanto o empurro para dentro do armário.

— Preciso que fique aqui! — ele apoia as mãos nas portas, impedindo que eu o empurre.

— O quê? — ele me encara completamente estupefato. Empurro seu peito mais uma vez, forçando-o a entrar de vez.

— Prometo que não demoro.

Fecho as portas, encostando-me na porta, e então caminho para a sala, ajeitando os cabelos. Passo pela minha gata que está deitada, observando sua dona ficar louca com toda essa situação. Seguro a maçaneta, respirando fundo. Forço um sorriso, abrindo a porta, tentando parecer o mais natural possível.

— Ahh, até que enfim! — Jenny entra, revirando os olhos. — Por que demorou para abrir? — ela caminha pela casa.

— Eu estava... no banheiro — fecho a porta. Ela deixa uma sacolinha em cima da mesa de centro da sala. E então volta a olhar para mim.

— Trouxe um pavê de chocolate para você. Do jeitinho que gosta! — ela tira de dentro da sacolinha e pousa em cima da mesa de centro. Meus olhos brilham.

— Ahh, muito obrigada! — guardo a sobremesa na geladeira. — Será ótimo para depois do jantar. — comento, voltando até a sala.

— Ahh, sobre isso... desculpa, mas hoje não vou poder ficar — ela comenta.

— O quê? Por quê? — pergunto confusa.

— Bom, eu tenho um encontro hoje. Por isso vim. Preciso que você me empreste algumas de suas roupas e um sapato.

A encaro surpresa. Jenny não é o tipo de mulher que sai em encontros ou tem relacionamentos. No momento, ela está focada no trabalho e no seu futuro, portanto, não quer um relacionamento sério com ninguém. Mas, algumas vezes no mês, ela sai com alguns caras apenas para se divertir. Essa notícia é ótima, assim não preciso inventar alguma desculpa para que ela possa ir embora mais cedo.

— Uau... e quem é dessa vez? — pergunto, arqueando uma sobrancelha, divertida.

— O nome dele é Marcelo, tem 29 anos e trabalha como professor de física!

— Jenny tem um encontro, lá, lá, lá, lá, lááá... — começo a cantarolar, brincando com ela, enquanto a faço cócegas.

— Deixa de besteiras! — ela revira os olhos de forma divertida, protegendo-se dos meus dedos. 

O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]Onde histórias criam vida. Descubra agora