Capítulo 70

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Sob a luz suave do ateliê, minhas pinceladas ganham vida na tela estendida diante de mim. Cada traço, cada matiz, é uma expressão íntima da minha visão, do meu universo particular transposto para o canvas. A exposição coletiva no SOIL se avizinha, uma expectativa ansiosa pulsando no ar. Será a estreia dos meus quadros, uma oferta franca para o julgamento do mundo.

A pintura, amadureceu ao longo de dias de dedicação. Cada detalhe, cada sombra meticulosamente trabalhada, é um fragmento do meu mundo interior que agora se revela. O pincel mergulha na tinta, como uma extensão de minha própria essência, e com precisão calculada, encontra a tela.

Enquanto minhas mãos seguem o compasso da inspiração, o professor pontua suas considerações. Suas palavras são faróis, guias no vasto oceano da criação artística. Ele circula entre nós, observando, orientando. Meus olhos, ora fixos na tela, ora voltados para o professor, absorvem suas lições com gratidão.

Chega o momento derradeiro, o ápice da jornada. A pintura se completa, uma sinfonia de cores e formas, e eu a inscrevo com minha assinatura, um selo de autenticidade. Olho para o quadro com um misto de orgulho e humildade, consciente de que ali, naquela tela, reside um pedaço do meu ser.

Um sorriso de plena satisfação ilumina meu rosto. Cada pincelada, cada instante de concentração e devoção, culminaram nessa obra que agora repousa diante de mim. É mais do que uma pintura; é uma parte de mim, um testemunho da minha jornada como artista. E amanhã, no SOIL, ela encontrará seu lugar no palco, aguardando o veredicto do mundo.

(...)

O ambiente resplandecia em um misto de expectativa e nostalgia. Cada objeto meticulosamente embalado, cada caixa selada com fita adesiva, era um passo mais próximo da nova vida que aguardava. Organizar a casa para a mudança era um ritual de transição, uma dança entre o passado e o futuro.

A campainha ecoou pelo ambiente, um acorde familiar de boas-vindas. Ergui-me e me dirigi à porta com um sorriso aguardado nos lábios. Ao abri-la, meus pais estavam ali, suas presenças acolhedoras como um abraço.

— Mãe, pai... — os abraços foram simultâneos, um encontro afetuoso entre corações conectados. — Entrem! — convido-os com alegria. Eles adentraram, trazendo consigo o calor familiar.

Minha mãe, com olhos curiosos, absorvia cada detalhe do espaço, enquanto meu pai, diligente, cuidava das malas. Com um gesto, indiquei o lugar para depositá-las.

— Pode deixar aí. — as palavras foram direcionadas ao meu pai, que posicionou a mala com cuidado no canto do sofá. Ele observou o entorno, curioso.

— Por que tantas caixas? — a pergunta foi natural, e eu a recebi com um sorriso suave.

— Bem, é que... vou morar com Alessandro, já que vamos nos casar em breve... — as palavras fluíram com uma serenidade que combinava com o momento. Meu olhar passeou pelo espaço, agora repleto de significados renovados.

Minha mãe, em um tom adocicado, quebrou o silêncio, levando em seus braços a pequena e adorável Lady.

— Oi coisinha linda! — A admiração dela por minha gata era palpável, e Lady correspondia com alegria.

— Vocês aceitam uma água, um café? — a hospitalidade era a extensão natural do amor que nos unia.

Meu pai, com um sorriso agradecido, aceitou um café que ofereci. Sentamo-nos, transformando aquele momento em uma conversa serena, onde o tempo parecia desacelerar em reverência ao nosso reencontro. Minha mãe exalava uma felicidade contagiante, e meu pai, com um brilho orgulhoso nos olhos, compartilhava a mesma alegria.

Minutos depois, minha irmã, sempre pontual, fez sua entrada, cumprimentando todos com a vivacidade que lhe era peculiar. Agora, sim, a família estava completa! Juntos, planejamos uma pequena excursão pela cidade, uma oportunidade de apresentar Seattle aos meus pais.

O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]Onde histórias criam vida. Descubra agora