Após o almoço, dirigi-me à empresa para uma entrevista pessoal com algumas candidatas que iriam ocupar o meu cargo. Sentada à minha mesa, enviei alguns arquivos por e-mail, aguardando a chegada do setor de Recursos Humanos com os currículos selecionados. Enquanto digitava, percebi o Sr. Russell caminhando em direção ao seu escritório. Levantei-me em sinal de cumprimento.
— Boa tarde, Sr. Russell! — sorrio. Ele parou de caminhar e me avaliou de cima a baixo. Pressenti que algo não estava bem. — Está tudo bem? — perguntei, preocupada.
— Não, eu... simplesmente não consegui dormir bem. — ele responde, colocando as mãos nos bolsos. — Você parece bem. — comentou, observando-me atentamente.
— Tive uma boa noite de sono, graças a você! — sorrio. — Vou ligar para o seu médico. — pego o telefone.
— Não, não... — ele gesticula com as mãos, pedindo para que eu esquecesse isso.
— Então vou solicitar a prescrição do seu remédio para dormir, só um segundo. — pego novamente o telefone e disco o número.
— Você está preocupada comigo agora? — Ele pergunta.
— Hã? — parei de digitar o número no teclado do telefone e levantei o olhar.
— Quem está preocupada agora, a secretária Grace ou apenas a Grace? — ficamos nos encarando por alguns segundos. De onde veio isso de repente? Minha boca ficou entreaberta, mas nenhuma palavra saiu enquanto ele me observava.
— Srta. Grace... — saio do transe, piscando algumas vezes. Olhei na direção da pessoa que se aproximava. — Está tudo pronto. — a pessoa coloca uma pasta na minha mesa. Balancei a cabeça em concordância, enquanto ela se afastava. Virei-me novamente para o meu chefe.
— Eu, juntamente com a equipe de RH, escolhi cuidadosamente as candidatas que poderiam se encaixar na vaga de sua assistente. — Estendi a pasta em sua direção. — Aqui estão os currículos das candidatas para hoje. Ele olhou para a pasta e em seguida para mim.
— Muito bem... Você também fará parte da entrevista. — Ele disse, virando-se e caminhando em direção ao seu escritório. Fiquei surpresa. Eu? Por que eu também tenho que fazer isso? Encarei suas costas por alguns segundos. Percebi que não tinha escolha. Nunca dizemos não ao Sr. Russell. Respirei fundo e peguei a pasta, dirigindo-me ao seu escritório.
***
Ao longo das próximas horas, entrevistamos várias candidatas, mas o Sr. Russell parecia entediado e insatisfeito com todas até o momento.
— Senhor...
Chamei sua atenção. Ele saiu de seu devaneio, piscando algumas vezes. Estendi a pasta mais uma vez, para que ele analisasse o currículo da próxima candidata. Com um certo desdém, ele suspirou profundamente ao pegar a pasta. Abriu-a e percorreu as informações com um olhar desinteressado, fechando-a em seguida. Em seguida, ajeitou a lapela do terno. Eu abri a pasta novamente, estudando atentamente o currículo da candidata. Seu nome era Megan Scott, 27 anos, formada em uma prestigiosa escola e universidade, com ampla experiência. Não era diferente de várias outras jovens que passaram por aqui.
— O que você acha de trabalhar para um chefe 100% perfeito como eu? — Alessandro perguntou. Virei minha cabeça lentamente em sua direção. Isso era uma pergunta apropriada para uma entrevista?
— Com certeza, é uma oportunidade única! — A candidata respondeu, sorrindo. Vi um brilho em seus olhos, típico das outras também. O brilho de quem está interessada. Não se engane, querida, na primeira oportunidade ele irá te devorar!
— Srta. Grace. — ele chamou minha atenção. Viro-me para ele. — Você também deveria fazer perguntas. — Ele comentou, cruzando as pernas. Assenti com a cabeça e voltei minha atenção para a moça.
— Certo. — olhei para a candidata novamente. — Você acredita que poderia satisfazer uma pessoa 100% perfeccionista? — sinto o olhar de Alessandro sobre mim.
— Parece ser bastante desafiador. — a moça respondeu, um tanto confusa.
— Desistir com uma desculpa tão vaga por razões pessoais não me agrada. — ele desviou o olhar de mim e focou na moça. — Você seria capaz de assumir a responsabilidade de não fazer isso? — encarei Alessandro de soslaio. Aquilo foi uma indireta?
— Claro, senhor! — a moça concordou, acenando com a cabeça. Voltei meu olhar para ela.
— Você estaria disposta a trabalhar todos os dias da semana, todas as semanas do mês, e todos os meses do ano, incluindo folgas, datas comemorativas e festividades? — pergunto.
— Am... — A moça mal teve tempo de responder quando Alessandro a interrompeu.
— A compensação pelos seus esforços é a melhor que posso oferecer no mercado. Qualquer uma adoraria estar nesse lugar. — Ele comentou.
— Você será definitivamente recompensada, mas sua identidade será apagada. Você será apenas uma assistente de um chefe egocêntrico e narcisista. — Sorrio ironicamente para a moça. Meu chefe se vira para mim.
— Então, o tempo que você tem trabalhado comigo não faz parte da sua vida? — ele me pergunta, franzindo as sobrancelhas. Ficamos nos encarando por alguns segundos. De repente, somos interrompidos pela voz da moça.
— Se você me escolher, farei o meu melhor. E também... — Antes que a moça pudesse continuar, ele a interrompeu.
— Está contratada! — Ele respondeu, ainda me encarando. Fiquei surpresa com sua decisão inesperada. Virei-me para a moça, que também parecia surpresa.
— Sério? — a moça pergunta incrédula. Alessandro olhou para ela.
— Sim. Você começa amanhã. — A moça sorriu e nos levantamos. Alessandro se voltou para mim. — Certifique-se de que ela seja uma cópia exata de você. — eu o encaro seriamente por alguns segundos, antes de forçar um pequeno sorriso.
— Sim, senhor. — respondo. A moça agradeceu, apertando a mão dele, e saiu da sala. Peguei a pasta e me dirijo para fora.
— Grace, espere... — Ouvi sua voz pelas minhas costas. Paro de caminhar, fechei os olhos por um momento e respirei fundo. Virei-me de lado, observando-o enquanto segurava os papéis junto ao peito.
— Quando você disse que precisa se encontrar... O que queria dizer com isso? — ele perguntou. Levei alguns segundos para responder.
— Passei os últimos anos da minha vida cuidando dos outros e agora quero viver para mim. E também... — fiz uma pausa.
— E também? — ele repetiu minhas palavras, encorajando-me a continuar.
— E também... — engoli em seco. — Acredito que seja hora de me casar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]
RomanceEmbarque em uma cativante jornada nas páginas deste livro, mergulhando na história de Helena Grace, uma jovem determinada que almeja construir uma carreira de sucesso em Seattle. Ao conquistar um emprego como assistente pessoal na renomada "Engineer...