Capítulo 08

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Durante a noite, minha irmã Jenny veio à minha casa para jantarmos juntas, alheia ao fato de eu não ter compartilhado ainda sobre minha decisão de demitir-me. Tenho certeza de que ela ficará feliz com a notícia, afinal, nunca foi fã do meu chefe. Terminando de preparar a comida, caminho em direção à mesa com os pratos em mãos.

— Você falou com mamãe e papai? — pergunto, colocando os pratos sobre a mesa.

— Uhum. — ela acena com a cabeça enquanto dá um gole de vinho. Eles estão bem.

— Ahh... é que ela me ligou, mas eu estava ocupada trabalhando. Não pude atendê-la. Prometi a mim mesma que retornaria, mas acabei esquecendo. — digo, sentando-me na cadeira. Olho para Jenny, que me encara com os olhos estreitos e uma expressão de desconfiança. — O que foi? — questiono confusa.

— Estou preocupada com você. — ela diz.

— Comigo? — pergunto confusa.

— Sim, você tem se esforçado muito ultimamente, especialmente em relação às dívidas da nossa família.

— Você também ajudou. — pego os talheres e enrolo um pouco de macarrão no garfo. Levo à boca e começo a mastigar. — Sinto-me aliviada por quitá-las. — sorrio enquanto mastigo.

— De qualquer forma, obrigada por também me ajudar com as despesas da minha faculdade. Não teria conseguido sem você. — ela toca minha mão. Paro de mastigar por alguns segundos e sorrio, acariciando sua mão.

— A propósito, gostei da sua blusa — comenta Jenny, indicando com o queixo em direção à minha roupa, enquanto mastiga o macarrão.

— Hum? — olho para baixo e observo a peça. — Ah, o senhor Russell me deu. Veio de Milão! — comento sorrindo, enquanto Jenny me serve mais um pouco de vinho. — Obrigada! — agradeço e dou um gole na bebida.

— Outro presente? — ela arqueia uma sobrancelha.

— Não é nada de mais.

— Sabe o que eu acho... — Jenny diz enquanto mastiga a comida e aponta o garfo na minha direção. — Acho que ele gosta de você. — quase engasgo com o vinho que estava na boca. Coloco os dedos na frente da boca para engolir o líquido e começo a rir.

— Você está ficando louca! — nego com a cabeça, achando a situação inusitada e muito engraçada. Bato algumas vezes na mesa com a mão, rindo com vontade.

— E por que não? — continua Jenny, enquanto mastiga e aponta o garfo em minha direção. —  Ele te dá um monte de coisas e pelo que você me disse, você é a única pessoa em quem ele confia. Isso é demais para uma simples assistente, você não acha? Que tipo de patrão presenteia tanto sua funcionária? A menos que... — antes que ela possa completar a frase, aponto o dedo em sua direção, imaginando o que ela diria.

— De jeito nenhum, não termine essa frase! — franzo as sobrancelhas. Ela fecha a boca, relaxando os ombros. Faço um carinho na cabeça da minha gatinha, que estava com as patinhas esticadas em minha perna. — Meu chefe gosta tanto a si mesmo que suponho que seja incapaz de gostar de outras pessoas. — volto a olhar para minha irmã. — Ele gosta do meu trabalho. Eu e ele somos apenas patrão e funcionária. — comento como se fosse óbvio, dando outro gole na minha bebida.

— Então você nunca teve nada além disso? — ela pergunta.

— Não. — respondo, revirando os olhos.

— Nunca... quis transar com ele?

— Pare com isso!— Junto as sobrancelhas. Pouso a taça vazia na mesa enquanto ela ri e nega com a cabeça, voltando a comer. — Aproveitando que estamos falando do meu emprego, tomei uma decisão. — nos encaramos por alguns segundos. — Acabei de pedir demissão.— um silêncio toma conta do ambiente.

O Tubarão de Terno [Em breve atualizações]Onde histórias criam vida. Descubra agora