Capítulo 66

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Jimmy.

Levei Guto pra casa dele.

-Não quer descer?

-Eu acho que você e sua família tem que conversarem, eu sou um intruso que seu pai quer que eu mantenha distância. . .

-Ah fala sério Jim, desce, vamos, eu ainda to moribundo preciso de você!

-Moribundo? Sério?

-Vamos, minha mãe deve de tá preocupada.

Respirei profundamente, e desci, só porque quero saber que ele vai ficar bem. Sua mãe estava ajudando a empregada a fazer o almoço.

-Oi meus filhos, como estão?

Ela deu um beijo em cada.

-Jimmy tá todo torto, dormiu sentado, eu dormi feito um anjo.

-Você sempre dormiu como um.-riu ela passando a mão no rosto dele e analisando o lábio.

-Estou bem mãe.

-Quais as recomendações do médico?

-Não ficar sozinho pelos próximos três dias, não mastigar coisas que possam me machucar.

-Ainda bem que você tem o Jimmy!-riu ela então segurou meu rosto.-Por que não vai tomar um banho e descansar no quarto de hóspedes?

-Não precisa tia, eu tenho que ir ver a minha mãe e eu volto a tarde pra levar ele no dentista.-Lhe dei um beijo na bochecha.-Fica de olho nele.

-Pode deixar querido e obrigado por cuidar desse cabeça dura!

-Não fiz nada de mais...-meu telefone tocou.-Essa é a minha deixa. -falei saindo.-Oi mãe já estou indo pra casa!

. . . 

Ao chegar em casa tomei um banho e apaguei, por sorte tinha colocado meu telefone pra despertar, levei Guto no dentista, O dentista chapou ele pra poder refazer o dente, Guto ria de tudo, saiu dali arrastado por mim, o coloquei no carro rindo junto com ele.

-Cara eu nunca te vi rir tanto!-falei.-Ainda bem que ta anestesiado se não tava chorando com esse lábio.

-Olha como a minha cara tá kkkkkkkkkk eu to tentando mexer, mas não mexe kkkkkkkkkkk

 -Céus o que eu faço com você?

Ele me olhou sorrindo e lacrimejando de tanto rir.

-Dança comigo?-perguntou.

-Nem fodendo que vou te levar pra escola assim!-liguei o carro e o levei pra minha casa. 

Coloquei um filme de comédia brasileiro, minha mãe é uma peça. Guto ria muito, eu ria mais dele do que do filme. Quando o filme terminou ele começou a sentir dor.

-Aí, isso dói!

-Eu tenho sorvete vai ajudar a desinchar isso aí.

-Boa noite meninos! - disse minha mãe cheia de sacolas de mercado.

-Gutoooo.

-Cuidado Jes! - falei tarde de mais ela já tinha pulado no colo dele.

-O que aconteceu Guto, me diz quem bateu em você pra eu bater!

-Não se preocupe princesa, o cara que me bateu já pediu desculpa.

-O que estavam assistindo? - perguntou minha mãe.

-Minha mãe é uma peça.

-Aí eu já vi, aquele ator brasileiro é maravilhoso.

-Que ator?

-O que faz a mãe.

-É homem?

-Pelo visto tu não prestou atenção.

-Guto tava chapado da anestesia ri mais dele do que do filme.

-Boa noite meus filhos! - disse meu pai beijando minha cabeça e fez o mesmo com Guto.-Hoje temos um convidado pro jantar, seus dindos tem um hóspede.

-Não me diz que é aquele cara.

-Derick é um bom rapaz, quero que seja gentil.

-Quer ver o desenho que eu fiz na escola? - perguntou Jes no colo de Guto.

-Só se você me desenhou!

-Como adivinhou?

Guto riu e a acompanhou até a sala.

...

Meus dindos vieram ajudar minha mãe a cozinhar e Gabi estava enchendo o tal do Derick de perguntas, Jes não Larga Guto até que Luna perguntou pra ela sobre as aulas de dança e ela foi mostrar o que aprendeu.

-Não conta nada pro Ethan que esse cara tá hospedado na casa dos dindos! - sussurrei a Guto que ainda tava sentado.

-Ele vai descobrir mais cedo ou mais tarde! - murmurou ele.

-Ele vai ficar arrasado! - Falei me jogando ao seu lado.

-É... Vai sim.

-Como você está?

-Tô bem, mas senti gosto de sangue, tô achando que os pontos abriram.

-Deixa eu ver! - liguei a lanterna do meu celular e ele puxou o lábio devagar. - Estão os três aí,  olha, seu dente ficou bonito, nem dá pra perceber que quebrou.

-Gostou! - ele sorriu.

-Adorei.

Parei pra pensar enquanto olhava a boca dele, eu acho que tô ficando molenga demais, tô elogiando ele, tô cuidando dele, e sentindo coisas, isso tá errado, o que tá acontecendo comigo, por que ajo como se fossemos namorados eu nem sei o que é ter uma namorada e... Deus por que eu não consigo me afastar dele. Guto se levantou e foi pra cozinha. Eu fiquei sozinho com minha cabeça fervendo, olhei o desenho na mesa de centro o peguei, Jes desenhou nós dois, de mãos com um coração no meio. 

-O que tá acontecendo? - sussurrei.

-Eu que pergunto! - disse Luna sentando no meu colo.

-Oi Lu... Eu tava falando sozinho.

-Eu sei que perdi sua confiança, mas... Eu ainda te amo.

-Eu confio Lu.

-Então me conta o que tá acontecendo.

-Eu acho que o ficando louco! - sussurrei.

-Tá gostando do Augusto? - murmurou.

-Eu acho que tô, mas eu não quero estar.

-Por que não, vocês ficam tão bem juntos...

-Não dá, eu não sou gay.

-Esquece esse lance de ser ou não ser...

-Eis a questão! - disse Derick atrás de nós. - Sei que é difícil, mas é tudo uma questão de costume. - Ele sentou do nosso lado. - Sabe aquele apego que a gente tem por uma coisa, um objeto, digamos até um tênis.

-O quê tem?! - perguntei de cara por ele ter ouvido nossa conversa.

-Aí você usa ele até não dar mais, então o guarda porque não tem mais condições de uso, vai e compra outro parecido ou passa em frente uma loja e encontra um mais bonito ainda e quando começa usá-lo esquece do outro, e quando menos percebe alguém o jogou fora por você e você nem percebeu.

-Tá me dizendo pra usar uma pessoa até...

-Não, estou dizendo que tudo é apego.

-Já aconteceu com você esse "apego" ? - perguntei.

Seus olhos de repente varreram a sala.

-Já... - murmurou. - E se transformou em algo tóxico pra mim que eu tive que fugir...

-Vamos jantar? - perguntou a dinda.

Nos levantamos e fomos pra mesa. Será que minha relação com Guto é tóxica, será que eu tô fazendo mal pra ele, ou pra mim. Minha mente estava cheia de será, será, será, eu vou explodir.

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