Chicago, presente.
Naquele dia Melanie teve que sair para o happy hour com os colegas de trabalho, mesmo sabendo que nenhum deles gostava dela. Com exceção do Ben, seu assistente. Ela não diria que ele era exatamente um amigo, mas pelo menos ele não se envenenava com todas as histórias que ouvia sobre ela nos corredores da empresa. Não que ele não fosse fofoqueiro. Ben amava uma fofoca! Mas ele se divertia com todos os boatos da vadia da sua chefe. Bom... boato não é exatamente a palavra certa já que todas as histórias eram verdadeiras, talvez um pouco exageradas às vezes, mas bem verdadeiras. De qualquer forma, diferente de todas as pessoas do escritório que viam o comportamento de Melanie Kelce como algo desprezível, Ben a admirava mais ainda.
Ele a considerava uma deusa! Se ele não fosse gay, com certeza teria uma enorme queda por ela, assim como praticamente todos os outros homens que trabalhavam naquela empresa. Sempre que ouviam o barulho de seus saltos altos finos se aproximando, a maioria levantava a cabeça de suas mesas e torcia o pescoço para olharem sua bunda ou seus seios em suas roupas exageradamente decotadas. Ben daria absolutamente tudo para ter aqueles homens babando por ele. E ela desperdiçava todos eles, pois só gostava de mulher. Aliás, "mulheres" no plural define muito melhor. Melanie gostava de qualquer tipo de mulher: bonita, feia, gorda, magra, cis, trans, velha, nova, branca, negra, latina, feminina, masculina, hétero, bi, lésbica, pan e a lista continua... Tudo que ela queria e tudo que ela pensava era em sexo, com mulheres, o tempo todo. O jogo da conquista e do flerte eram muito divertidos, claro, mas a melhor parte era a noite louca que tinha quando terminavam em seu apartamento... ou qualquer lugar público que pudesse aplacar suas necessidades.
O mais interessante é que ela não se importava nem um pouco em esconder seu jeito, o que fazia com que a grande maioria das pessoas que a conheciam a considerassem uma vadia, puta, piranha... E ela não se importava nem um pouco, Ben podia até jurar que ela se divertia ainda mais com tudo aquilo. Ela era, com certeza, a chefe mais divertida que ele já tivera.
Mel aprendeu a gostar da presença dele também, apesar de ter sido bem resistente no inicio. Sua irmã havia obrigado ela a contratar um homem depois de ter dormido com as últimas três assistentes e uma delas ter ameaçado um processo.
– Vou pegar umas bebidas para gente – ele anunciou assim que chegaram no bar perto do trabalho, mas ela o interrompeu.
– Estamos fora do relógio, deixa que eu vou, querido – Mel anunciou olhando sorridente para a bartender.
Enquanto os outros colegas foram procurar uma mesa, Ben, já conhecendo muito bem sua chefe, sussurrou antes que ela saísse.
– A gente mal chegou. Lembra do plano?
Mel revirou os olhos. Que saco. Não acreditava que tinha deixado ele convencê-la daquilo.
– Sua irmã falou para você melhorar a relação com a equipe – ele continuou e ela continuou revirando os olhos – Então deixa eu pegar as bebidas, enquanto você vai se sentar com o pessoal. E tente ser gentil!
– Não prometo nada!
Depois de cinco minutos de conversa, Mel já estava completamente entediada. Passar sua noite de quinta-feira naquele bar horrível com aquela gente chata que a odiava era exatamente o que ela precisava, segundo sua querida irmã.
Jessica não era apenas mais velha que Mel, mas absurdamente mais responsável. Aos 34 anos ela já comandava uma das sedes da empresa de construção de sua família Kelce & Long Construction Group. E além disso ainda tinha que servir de babá para a irmã mais nova.
Melanie era a ovelha negra da família, mesmo que todos tentassem esconder e ignorar suas características... peculiares.
– Blá blá blá blá blá blá – alguma pessoa qualquer falava qualquer coisa enquanto os outros riam e Mel fingia um sorriso.
– Há quanto tempo estamos aqui? – sussurrou para Ben disfarçadamente.
– Uns quinze minutos – ele falou depois de olhar o relógio.
– O que? Não é possível! Tem pelo menos uns 40! – falou bebendo todo o conteúdo restante de seu copo de uma vez.
– Relaxa! – ele falou.
– Preciso de uma bebida, já volto – levantou de forma decisiva antes que ele falasse alguma coisa.
Sentou em um dos bancos do balcão e esperou pacientemente alguns minutos, observando a bartender atender outros clientes. Seu gaydar definitivamente não apitava para ela, o que tornava aquilo ainda mais divertido.
Mesmo sem fazer o pedido, uma bebida apareceu em sua frente.
– Me dando um presente? – perguntou com o seu melhor sorriso.
– É daquele rapaz ali – ela apontou um homem em outra mesa, mas Melanie não se virou, ao invés disso, manteve o olhar firme na bartender gostosa.
– Isso é decepcionante – falou sorrindo, sem desviar o olhar.
– Você nem olhou para ele... Até que é bonitinho.
– Eu não ligo. Prefiro você.
A bartender gostosa riu sem graça e Mel riu internamente. Ela está no papo, só não sabe ainda...
– Eu estou lisonjeada, mas eu tenho namorado e... você é linda, mas não é exatamente meu tipo – Melanie riu com gosto antes de responder confiante:
– Querida, eu sou o tipo de todo mundo – como a bartender não respondeu, ela continuou – Eu não gosto desse. Pode me preparar um martíni?
– Claro.
Enquanto ela colocava a bebida no copo, Melanie firmou novamente o olho na mulher a sua frente e usou sua cantada preferida.
– Quantas vezes o seu namorado te faz gozar em uma noite?
– O que? – ela perguntou surpresa, enquanto tentava fingir que não havia derrubado sem querer um pouco de bebida fora do copo.
– Eu aposto que independente de qual seja o número, eu consigo superar se você for para casa comigo.
– Você está falando sério? – perguntou desacreditada, como se fosse uma piada.
Não foi um não...
Antes de responder, Mel olhou-a de cima abaixo... Na verdade, não apenas olhou, mas devorou... Primeiro com os olhos e daqui a pouco com a língua, pensou.
– Eu não mentiria para uma mulher tão linda – e então chegando um pouco mais perto e debruçando-se sobre o bar, sussurrou de forma sensual – Eu garanto quantos orgasmos você quiser.
– Eu... eu... – ela gaguejou, mas ainda não foi não!
– Seu namoradinho nunca precisa saber...
A bartender ficou extremamente sem graça e saiu sem falar nada. Ela já tinha aceitado, mas estava com vergonha... Isso acontecia muito. Melanie ficou ali por mais alguns minutos observando-a até voltar para a mesa das pessoas chatas, que, com certeza, já estavam fofocando.
Ao invés de ficar ouvindo o que eles falavam, ela ficou trocando olhares sedutores com a bartender gostosa, até que recebeu um pequeno guardanapo quando Ben trouxe a próxima rodada de bebidas.
"Saio em uma hora". Delícia!
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A única escolha possível
Lãng mạnNo meio de uma série de relacionamentos estritamente sexuais, Melanie Kelce teve dois grandes amores, mas apenas um deles pode ser o amor da sua vida. Leitora Beta: Cecilia Marques