Atlanta, cinco anos antes
– Você precisa se esconder! – Beth sussurrou e Mel foi trancar-se no banheiro.
De onde estava ela ouviu seu pai entrar e conversar com Elizabeth.
– Obrigada por ter vindo! Eu e Katherine somos muito gratos!
– Claro que eu viria! Peter queria estar aqui também... – Beth respondeu tentando disfarçar o quanto estava nervosa.
– Ele me ligou. Explicou da cirurgia, nós entendemos!
– Que bom! Ele ficou se sentindo mal por não estar aqui...
– Fala para ele não se preocupar! – ele fez uma pequena pausa antes de continuar – Eu queria agradecer também por estar tomando conta da Melanie em Nova Iorque! – ele agradeceu.
– Imagina... não precisa agradecer – ela falou sem graça.
– Eu me preocupo muito com aquela menina... Ela não é muito boa em tomar decisões sobre a própria vida e nós nos preocupamos.
– Ela está se saindo bem...
– Isso é ótimo! Sabíamos que você seria uma boa influência para ela! – ele falou feliz.
– Ela está bem! Não precisa se preocupar! – ela falou mais uma vez e ele pareceu um pouco mais calmo.
– Se qualquer coisa acontecer com ela, não hesite em nos falar.
– Claro!
– Obrigada!
Eles trocaram mais alguns cumprimentos antes dele se retirar.
– O café da manhã vai ser servido em quinze minutos – ele avisou e despediu-se.
– Essa foi por pouco! – Melanie falou voltando para a sala.
– Muito pouco! – Beth concordou visivelmente nervosa.
As duas olharam bem para garantir que o caminho de volta estava vazio, antes de Melanie sair da casa de hóspedes e quase que correr para a casa pela entrada da cozinha.
– Você não me viu aqui... – pediu para Georgia que fingiu ignorá-la.
Desde que era adolescente ela fingia não ver Melanie aprontando e ela sempre fora incrivelmente grata por tudo.
Correu para seu quarto e arrumou-se rápido. Respirou aliviada quando minutos depois sua irmã entrou no quarto chamando-a para o café da manhã.
A refeição foi feita quase que em silêncio. Era um dia difícil para todos. Melanie parecia ser a pessoa mais triste daquela casa e precisava se segurar a todo momento para não chorar.
Ao chegarem na igreja ela aproximou-se do caixão e chorou copiosamente abraçada à irmã. Ver a avó, totalmente sem vida, foi a constatação de que nada no mundo poderia fazer ela voltar.
Durante o sermão na igreja, ela sentiu o abraço reconfortante da irmã e Elizabeth segurou sua mão tentando lhe passar força. E aquilo continuou enquanto caminhavam para o enterro. Ela pensou que era arriscado, mas parecia que ninguém ao seu redor achava aquilo estranho. A verdade era que imaginar ela e Elizabeth juntas, era algo muito absurdo para qualquer pessoa dali então todos os gestos carinhosos que Elizabeth tinha com ela durante aquele tempo, pareciam apenas carinho maternal.
O enterro foi a pior coisa que Melanie já havia vivenciado. Assim que começaram a descer o caixão, ela sentiu pânico. Não conseguia parar de pensar em sua avó sozinha, dentro daquele caixão, embaixo da terra. Parecia que o seu peito iria explodir e ela quis sair correndo. O que a manteve no lugar foram as mãos nas suas: uma de Jess e uma de Bess. E nenhuma das duas saiu do seu lado durante todo o enterro.
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A única escolha possível
RomanceNo meio de uma série de relacionamentos estritamente sexuais, Melanie Kelce teve dois grandes amores, mas apenas um deles pode ser o amor da sua vida. Leitora Beta: Cecilia Marques