A única escolha possível

Capítulo 23 - Os sentimentos com vida própria

New York, cinco anos antes.

Na segunda depois que voltaram para Nova Iorque, Melanie ainda estava irritada. Nem sabia exatamente o porquê de estar com raiva de Elizabeth, mas seu sentimento estava tão evidente, que a empresária passou o dia pisando em ovos ao falar com Mel.

Por conta dos dias que tiraram do trabalho, elas precisaram ficar no escritório até mais tarde correndo contra o tempo perdido. Melanie ficou de cara feia durante todo o tempo.

– Acho que é o suficiente para hoje – Beth anunciou.

– Graças a Deus! – Mel falou claramente sem aguentar mais aquele trabalho.

Ela rapidamente começou a juntar suas coisas e caminhou até a porta.

– Já vai?

– Eu realmente preciso de uma bebida e tem uma garrafa de vinho com meu nome em casa.

Beth aproximou-se dela devagar. Geralmente Melanie tomava a iniciativa, mas naquele momento, ela continuava com a sua feição irritada.

– Posso me juntar a você? – perguntou num sussurro, assim que chegou à sua frente.

Beth não esperou pela resposta e colou os lábios nos de Mel, segurando gentilmente sua cintura para que seus corpos se grudassem.

– Você não precisa voltar para o seu marido? – Melanie falou deixando transparecer sua irritabilidade.

– Alguém está com ciúmes? – Beth riu, fazendo com que Mel ficasse ainda mais irritada.

– Eu não estou com ciúmes! – falou com veemência.

– Então por que você está tão irritada comigo desde Cape May?

Melanie afastou-se de Beth e ficou em silêncio olhando para o nada por alguns segundos. Ela não sabia dizer e definitivamente não queria responder à pergunta. Por isso ela respirou fundo e desconversou da melhor maneira que sabia: com sexo!

– Por que esperar para ir até o meu apartamento se podemos usar aquele sofá confortável? – sorriu de forma sedutora e aproximou-se de Beth.

Aquilo foi conversa suficiente para as duas, que rapidamente tiraram as roupas e aproveitaram o tempo que tinham. Depois do segundo orgasmo, Melanie perdeu a raiva.

Apesar das duas não tocarem de novo naquele assunto, ele afetou a dinâmica do relacionamento e Melanie tinha a impressão que Beth queria recompensá-la pelo que teve que ver na viagem. Ela passou a ficar mais tempo que o normal quando ia ao seu apartamento e mesmo depois do sexo, continuava na cama, sem querer levantar correndo para voltar para casa.

Nesses momentos, ela parecia demonstrar um carinho diferente e não sexual que não costumava fazer parte de seus encontros. Por vezes ficavam abraçadas em silêncio por infinitos minutos. Às vezes conversavam amenidades e ficavam alongando o momento que tinham, como se não quisessem que acabasse.

A verdade é que Melanie realmente não queria o fim daqueles encontros. Apesar de adorar dormir sozinha em sua cama, ela sentia falta do calor do corpo de Bess perto do seu, do seu cheiro. Pegou-se desejando que ela ficasse a noite inteira, que pudesse dormir olhando seus olhos, seu sorriso.

Ela mal sabia que Elizabeth sentia o mesmo. Ela queria poder ficar com Melanie a noite inteira, mesmo depois de passarem o tempo inteiro juntas. Ficava alongando os seus encontros, principalmente nos dias de plantão do marido. Aqueles momentos eram a melhor parte da sua semana. Os encontros sexuais rápidos no escritório, passaram a quase sempre serem substituídos por idas ao apartamento da Melanie. Até quando precisavam de fato trabalhar, elas acabavam levando os documentos necessários para lá, onde podiam ficar mais à vontade.