Capítulo 55 - Uma nova era

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San Francisco, cinco anos antes.

Depois da conversa que Elizabeth teve com Peter ele não mais apareceu e Melanie nem via eles falando pelo telefone também. Naquele segundo mês que passaram em São Francisco, parecia que Elizabeth nem era casada e que era única e exclusivamente sua.

Mel nunca havia morado com ninguém e os obstáculos continuavam. Por mais que ela amassa ter Bess completamente para si, ela sentia falta de momentos em que estivesse completamente sozinha e sentia-se um incomodada com algumas coisas que Beth fazia como usar muito espaço do closet, criticar sua enorme coleção de sapatos, não fechar direito a tampa do shampoo e várias outras pequenas coisas...

Só que a parte boa de estar morando com ela era, com certeza, muito maior que todos os incômodos. Melanie adorava o quanto Bess esforçava-se para passar tempo apenas com ela, sem mencionar trabalho e sem nem tocar no celular. Melanie adorava como Elizabeth a levava para fazer compras e a mimava toda semana. Melanie amava a forma carinhosa como era tratada e principalmente o olhar de Bess. Mesmo elas se vendo todo dia, mesmo quando Melanie não conseguia acordar antes para se arrumar, mesmo que estivesse com a feição cansada, mesmo com tudo isso, Bess olhava para ela como se Mel fosse a mulher mais linda do mundo. Independente de qualquer coisa, o olhar de Bess era tão intenso que Melanie sentia que poderia se perder nele por uma eternidade.

O dia do retorno à Nova Iorque e à realidade se aproximava e Melanie tentava ao máximo não pensar sobre ele e aproveitar cada segundo que tinha com a mulher que amava.

Enquanto isso, o retorno à realidade era absolutamente tudo no que Elizabeth pensava. Ter Melanie ao seu lado todo dia, no trabalho e em casa, era absolutamente maravilhoso.

A cada dia que passava, Beth não conseguia mais imaginar uma vida diferente daquela. Voltar para Nova Iorque e retomar o que tinham antes, parecia não ser mais viável. Ela queria mais! Ela queria tudo! Como ela iria voltar para o marido e dormir na mesma cama que ele toda noite sabendo que poderia estar com Melanie?

Na noite anterior ao retorno das duas, depois de terem feito as malas e arrumado tudo que podiam, elas estavam abraçadas na cama e cada uma estava perdida em seus próprios pensamentos até Mel cortar o silêncio.

– Eu não acredito que já se passaram dois meses. Parece que chegamos aqui ontem... – falou melancólica.

– É... eu vou ficar com muitas saudades dessa casa! – Elizabeth concordou com o olhar perdido.

– Tem certeza que não dá para alongarmos? – ela ainda tentou.

– Eu bem que queria, mas já alongamos... Era para termos voltado há duas semanas – lembrou.

As duas ficaram em silêncio por alguns segundos, sendo tomadas pelo peso que seria o retorno.

– Eu não quero voltar... – Mel pensou alto.

– Eu também não... – Beth concordou – Na verdade o que eu queria era te levar para outro lugar.

– Onde?

– Qualquer lugar! Contanto que estejamos só nós duas! – Bess falou com o olhar perdido, como se sonhasse com uma realidade diferente.

– Nós podemos fugir! – brincou.

– Eu gosto disso! – riu – Para onde você ia querer ir?

– Paris! – Mel falou de prontidão.

Ela sempre quis viajar para França, mas essa não era a única razão por ter escolhido aquela exata cidade. Paris foi o lugar para onde Elizabeth viajou com o marido nas bodas de 25 anos e Melanie queria ter tanto quanto ele, até mais. Muito mais!

– Ótima escolha! Eu amaria ir para Paris com você! – então Elizabeth ficou alguns segundos em silêncio, perdida em seus pensamentos – Eu quero te levar para Paris, Melanie! Eu quero te apresentar a cidade mais romântica do mundo!

– Eu também quero! Que pena que não tem nenhuma obra para fazer lá – brincou – Existe a possibilidade do K&L conquistar a Europa?

– Não, mas podemos ir mesmo assim... – falou com determinação.

– Como?

– A gente dá um jeito! Eu quero te levar para Paris! Eu quero te levar para todos os lugares que você queira ir! Quero te levar para conhecer o mundo! Só você e eu!

– Se é assim, eu também quero conhecer Amsterdã, Inglaterra, Suíça...

– A Europa inteira! A gente pode tirar um pouco mais de um mês e viajamos por quantas cidades quisermos! Eu nunca fui para Amsterdã, mas parece ser a sua cara...

– Ótimo! Então vamos para lá logo depois de Paris! Um lugar que nós duas vamos conhecer ao mesmo tempo! Vai ser só nosso!

– Eu gosto da ideia de termos um lugar só nosso! A gente compra um apartamento ou algo assim. Um lugar que possamos ir com regularidade. Só eu você!

– Acho que Amsterdã é um pouco longe para isso! – riu Melanie.

– Talvez um lugar mais perto, mas tem que ser longe de Nova Iorque – lembrou – Temos que ficar longe de tudo e de todos que conhecemos!

– Tipo aqui?

– Sim! Tipo aqui – Bess sorriu com a possibilidade – Talvez eu consiga comprar essa casa – falou sério, mas Melanie riu como se fosse apenas mais um sonho distante.

– Estaremos só a um voo enorme de distância – riu.

– Você ama a costa oeste! E você merece o esforço!

As duas trocaram um beijo apaixonado e depois Melanie falou em um tom melancólico.

– Que pena que são apenas sonhos...

Aquela frase ficou martelando na cabeça de Elizabeth: "apenas sonhos". Ela não queria que nenhum daqueles planos fossem apenas sonhos. Ela queria tudo aquilo e mais um pouco.

Depois que Melanie dormiu, ela ainda ficou revirando na cama, querendo que o tempo parasse e que a manhã nunca chegasse, para que ela nunca mais precisasse retornar para o marido e para sua antiga vida.

A verdade é que ela já sabia, desde muito tempo, que aquela situação com a Melanie precisava ser resolvida. Ela adiou o máximo que podia, mas não tinha mais para onde fugir.

Ela não queria mais a vida que tinha antes, ela queria Melanie e apenas Melanie. Ela queria dar a ela tudo de si, tudo que merecia e mais ainda.

Ali, em São Francisco, naquela madrugada de maio, deitada na cama ao lado da mulher que amava, Elizabeth tomou uma decisão. Na verdade, aquela decisão já estava tomada, ela só não sabia. Desde a primeira vez que dormira com Melanie, ela já sabia que estava completamente perdida, o que faltava entender era que aquela era a melhor sensação do mundo.

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