A única escolha possível

Capítulo 30 - A competição de dardos

Chicago, presente.

Abraçadas na cama, enquanto restabeleciam as respirações, as duas ficaram em silêncio por alguns minutos, perdidas em seus próprios pensamentos. Melanie acariciava a barriga de Ashley sentindo o hematoma recente que ali tinha.

– Como foi lá?

Melanie precisou perguntar. Ela ficou horas assistindo a cobertura do local e tudo parecia desesperador.

– Ruim. Muito ruim – respondeu pensativa.

Mel então moveu-se na cama para olhar diretamente nos olhos de Ashley.

– Me conta – pediu.

Ash respirou fundo antes de falar.

– Não é uma boa ideia...

– Eu quero saber! Quero saber o que aconteceu com você lá! Como conseguiu isso? Alguém te examinou? – falou referindo-se ao hematoma da barriga.

– Mel, eu estou bem! E eu não quero te desesperar com detalhes do chamado...

– Mas eu já estou desesperada! – falou alterando-se novamente.

– Hey – falou Ash gentilmente enquanto acariciava seu rosto – Eu estou bem! Sim, foi ruim! Mas você já sabe disso... Chicago inteira sabe disso! Eu estou acostumada com situações assim, é o meu trabalho! Se eu falar para você detalhes do que aconteceu, vai parecer muito pior do que realmente foi e você só vai ficar mais preocupada.

Melanie não se deu por convencida.

– Você não vê que eu já estou muito preocupada? Só me fala alguma coisa... Eu prefiro saber!

Ashley respirou fundo.

– Tudo bem... – escolhendo bem as palavras ela continuou – A situação estava muito ruim. Provavelmente vão tirar corpos de lá por dias... – falou com pesar – Nós fomos uma das primeiras equipes a chegar e acompanhamos tudo que aconteceu. Todos queríamos continuar, mas o Chefe nos obrigou a ir embora porque tivemos um turno muito tenso antes mesmo desse chamado. Ele queria que a gente descansasse e vamos voltar para lá amanhã de manhã.

– Você vai voltar? – perguntou desesperada.

– Sim! – falou com certeza – Eles precisam de toda ajuda possível!

– Não é perigoso?

– Sim, é... mas é meu trabalho – falou firme.

Melanie respirou fundo e perguntou o que estava na sua cabeça há horas.

– Você estava perto da segunda bomba?

– Não... mas estávamos dentro da fábrica quando aconteceu e achamos a terceira antes dela detonar.

– Vocês que acharam? – perguntou chocada – Você esteve do lado da bomba?

– Não foi nada demais... O esquadrão de bombas já estava no local e desativaram.

– Meu Deus! – não conseguiu segurar.

– Por isso eu não queria falar nada!

– Eu estou bem! – Mel falou exaltando-se – Eu só estou preocupada!

– Mel, eu estou bem!

– Hoje você está, mas e se você não der tanta sorte no futuro? – falou sentindo uma lágrima escorrer.

– Eu sei que você está assustada porque o dia foi intenso, mas eu prometo que a maioria dos meus dias não é assim tão extremo! Por mais que eu trabalhe em uma estação agitada e muitas das coisas que eu faço normalmente pareçam muito perigosas para civis, na grande maioria dos meus turnos, eu lido com situações controláveis.