1 mês depois...
Pedro.
Quase um mês e meio depois que minha vida deu um giro de 360 de uma hora pra outra. Tem sido dias difíceis pra mim, apesar de eu tentar ao máximo não expor isso pras pessoas.
Desde que tudo aconteceu eu tenho dormido mal, comido mal e até no futebol que é umas das coisas que eu mais amo fazer na vida meu desempenho não tem sido o mesmo. E eu tenho tentado, juro que tô tentando não parecer tão mal com tudo. Mas até hoje o Roberto ainda não tinha acordado totalmente, ele até acordou um dia, conversou com os médicos, disseram que ele perguntou por mim, pelo Miguel, pela mulher e o Arthur, mas logo tiveram que entubar ele de novo. E é essa angústia que tem me afetado tanto.
Se é que eu posso tirar algo de bom de tudo isso, é o meu relacionamento com o Miguel. Ele é quase que minha versão mais nova, muito mais bagunceiro e muito mais carinhoso, mas a gente se parece muito em muitas coisas inclusive do fato de amar futebol e filmes da Marvel.
Ele e a Maju tem me ajudado, mesmo sem saber, a não me perder de mim mesmo. A não me deixar abater tanto e porra, a moral que a minha mina tá me dando esses dias tem sido fundamental pra mim. Deixar ela entrar na minha vida foi a decisão mais certa que eu tomei na minha vida até hoje.
Hoje um pouco antes de sair pro colégio, meu celular tocou, era do Hospital. Roberto tinha acordado e queria falar comigo e com o Miguel. Viemos o mais rápido possível e conseguimos pegar ele acordado ainda.
(...)
—Você tá chorando papai? —Miguel perguntou do meu colo. Já estavamos no quarto com o Roberto a uns vinte minutos. —Voce disse que chorar é feio papai, não pode chorar.
Meus olhos também ardiam e eu fazia um esforço interno absurdo pra não deixar aquele nó na garganta me vencer.
—O papai não tá chorando não filho, papai tá emocionado... —falou com um pouco de dificuldade e sorriu. — eu sempre quis ver vocês dois juntos, mas eu errei tanto.
—Não pensa nisso agora. — pedi e desviei o olhar pra baixo, respirei fundo tentando controlar um turbilhão de sentimentos.
Ele assentiu da forma que conseguiu.
—Você tá gostando de ficar com seu irmão, filho? —perguntou pro Miguel que assentiu animado.
—Muito papai, o Predo me ensinou jogar futebol papai, eu tô quase melhor que ele. —eu ri do que ele disse e da forma que ele falou meu nome.
—Ih, qual foi?! —olhei pra ele— tem que comer muito arroz com feijão pra me passar ainda, moleque.
Ele deu uma puta gargalhada gostosa.
— Eu te amo, imão! — falou do nada e deitou a cabeça no meu pescoço. Eu travei. O quarto ficou em silêncio por alguns milésimos de segundos, era a primeira vez que ele me falava isso.
—Eu também amo você! — Assumi depois de ser pego de surpresa e fiz um carinho na suas costas.
—Só de ver isso a minha vida já valeu. —Roberto falou mais emocionado. —Me perdoa por ter errado tanto, por ter sido covarde.
Respirei fundo. Tinha dias que eu vinha pensando na possibilidade desse encontro, todos os dias.
—Ta tudo bem, pai. Eu te perdoo! —Segurei sua mão e senti ele apertada-la de levinho.
A Dulce um dia me disse que quando a gente sente paz no coração depois de tomar uma decisão é porque a decisão foi certa. E era isso que eu estava sentindo.
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Minha Melhor Versão
Teen Fiction+14 completa! Por favor, não me encare tão friamente durante esse dois segundos eternos, porque sinto que me desvenda em cada milímetro. Está lendo as minhas entrelinhas, minhas fugas e receios. Você abre as fechaduras que eu tranquei com tanto cui...