Minha Melhor Versão

Capítulo 93

HUGO

Cara, quer me deixar puto é eu fazer de tudo pela pessoa e ela querer me tirar de otário e se fazer de desentendida. Nunca cobro nada de ninguém, mas acho que o mínimo do senso e da consideração não se pede a ninguém. A pessoa tem ou não tem.

A gente tenta fazer nosso corre certo pra não avacalhar com ninguém, mas quando é pra socar no nosso rabo tá tudo certo, ninguém se coça.

Meu lance com a Morgana sempre rolou de forma natural, intensa... coisa de química braba mesmo. Sempre respeitei a liberdade dela. Era o famoso amor de fim de noite e pra nós dois tava tudo certo... Tudo certo pra dar errado.

Vagabundo acha que não se apega, até que a merda acontece. Até que o ciúme aparece, até querer abrir mão de tudo pra tá com a pessoa. O caô começa quando a gente percebe que isso só aconteceu com uma das partes, e a parte foi você. Te falar? Morgana me aplicou o golpe direitinho.

Mas quem pode julgar também né? A filha da mãe é linda de dar raiva, a gente tem uma química que eu nunca troquei com ninguém e depois de quase dez meses nessa furada meu amigo, quem não cairia no golpe também?

Já cheguei a falar pra ela que eu gostava dela mais do que eu queria, mas a maluca não me leva a sério. Sempre ri e responde que também gosta muito do que a gente tem.

Morgana é a pessoa mais foda-se e desapegada que eu já me envolvi. Não cobra nada, não se apega. A coisa mais rara do mundo é ela se abrir de verdade com alguém. Eu fico de cara como que ela consegue separar tão bem sexo vs sentimento. Se eu conseguisse ser assim, a gente seria o PA mais foda.

Mas como diz o Dilsinho: eu achei que eu tinha maturidade pra isso, eu não tenho nenhuma!

A gente briga, se estranha pra caralho e no final estamos um na cama do outro. Digo que vou me preservar, dar um tempo...mas ela chega e eu perco tudo! Bagulho chega dar raiva.

Mas sabe quando a gente cansa de dar murro em ponta de faca? Cansei.

—Aff, você tá muito chato hoje, que saco!— Morgana reclamou e cruzou os braços feito uma criança mimada depois que eu dispensei o "convite" de ir pra casa dela. O pagode já tava pro final e ela já tava altinha de álcool quando chegou com esse papo torto de sempre, depois de ter me ignorado a noite toda.

— Tô suave, Morgana. Sem clima! —Dei um gole na minha cerveja e continuei prestando atenção no palco e no pagode.

— Eu poderia até acreditar se eu não te conhecesse o suficiente pra saber que você tá mentindo pra mim. —Ela falava parada na minha frente.— Se você estiver afim de pegar outra pessoa, de boa, mas não precisa mentir pra mim. Você sabe que eu tenho ciúmes.

Soltei um riso nasal e desviei meu olhar do palco pra ela.

— Porra, não é possível que você tá metendo essa pra cima de mim hoje, cara. —Neguei com a cabeça— Tu se faz muito, Morgana. Na moral.

— Eu me faço? — franziu a testa — So tô falando a verdade , Hugo.

— Sabe qual é a verdade, Morgana? —Perguntei e ela continuou prestando atenção em mim. — A verdade é que eu viro o mundo de ponta a cabeça pra ficar contigo, eu paro tudo, dispenso tudo pra estar contigo na hora que você bem entende. E sabe o que tu faz por mim? Tu caga na minha cara e me tira de otário, por que sabe que quando tu precisar ou quiser, eu nunca vou te negar. Mas na moral?! Eu cansei de bater cabeça numa parada que só flui pra um lado da estória, e já que tu me mandou sair do teu pé... Tá aí, tô saindo fora mesmo! — Bati de leve no ombro dela e caminhei na direção da saída do bar.